Durante muito tempo, disseram que a única forma de ter sucesso era sendo especialista. Escolher um nicho, cavar fundo e virar referência em uma coisa só. Quem era bom em mais de uma área era chamado de perdido, sem foco, “bom em tudo, mestre em nada”.
E eu confesso: por muito tempo, acreditei nisso também.
Eu tentava me encaixar. Assistia palestras, lia livros, fazia cursos… e a palavra de ordem era sempre a mesma: especialize-se! Mas aquilo não fazia sentido pra mim. Na verdade, me deixava triste, frustrado e até desesperado.
Nunca consegui ser aquela pessoa que foca em uma coisa só — e não é por falta de esforço. É que, pra mim, pensar numa única coisa por muito tempo é quase um martírio. Eu me sinto muito mais vivo quando estou criando conexões, resolvendo problemas complexos, misturando ideias, tecnologias, negócios e pessoas. Me sinto útil. Me sinto inteiro.
Por muito tempo, achei que isso era um defeito. Hoje vejo que sempre foi meu maior diferencial.
Com a chegada da inteligência artificial e a complexidade crescente do mundo, ficou claro que o tal “perfil ideal” mudou. O especialista pode até ser muito bom no que faz — mas a IA está aprendendo a fazer melhor, mais rápido e por menos. E quem só sabe executar, corre o risco real de ser substituído.
Já os generalistas… esses estão prosperando.
A própria Forbes já destacou isso: especialistas técnicos e com tarefas repetitivas são os mais vulneráveis à automação. Enquanto isso, o mercado busca gente com visão ampla e pensamento estratégico. Não à toa, segundo a Burning Glass Technologies, as vagas que exigem habilidades cruzadas e múltiplas áreas de conhecimento estão crescendo 21% mais rápido do que as funções tradicionais.
E o World Economic Forum vem reforçando: o futuro do trabalho pertence a quem desenvolve pensamento analítico, criatividade e capacidade de resolver problemas complexos — exatamente o que generalistas fazem com naturalidade.
Na Universidade de Stanford, uma pesquisa mostrou que times compostos por pessoas com múltiplas formações têm performance até 40% superior em ambientes de inovação. Porque é isso: quanto mais bagagem, mais pontos de vista, mais resultado.
E o próprio mercado de RH está se reposicionando. O LinkedIn, no relatório Global Talent Trends, revelou que 76% dos líderes contratariam alguém com habilidades transferíveis e pensamento crítico, mesmo sem experiência direta na função. O valor está na capacidade de adaptação — e não apenas na especialização profunda. No livro Range, David Epstein crava: em ambientes imprevisíveis, generalistas vencem. E eu sinto isso na pele.
Hoje, com o mundo reconhecendo o valor da pluralidade de saberes, eu me sinto livre e confortável por não caber em uma caixinha só. Me sinto no meu lugar. Se você também já foi subestimado por ser bom em muitas coisas, saiba: o jogo virou.
E agora é a nossa vez de dizer, em alto e bom som: TENHO ORGULHO DE SER GENERALISTA!