O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) divulgado nesta terça-feira, 7, mostra que as pequenas e médias empresas brasileiras cresceram 1,9% em 2022. Mas quais são as expectativas para 2023?
De modo geral, o mercado espera uma desaceleração da atividade econômica brasileira em 2023, o que já vem sendo apontado pelos indicadores nos últimos meses. O IODE-PMEs tem indicado uma relevante perda de fôlego no último trimestre de 2022. Segundo o boletim Focus do Banco Central, a mediana das estimativas do mercado indica crescimento de 0,8% do PIB brasileiro em 2023, após expectativa de 3% em 2022.
O principal componente do cenário são as incertezas relacionadas com a condução da política fiscal no país.
“Diante da posse da nova equipe econômica, o mercado assiste com cautela os detalhes do plano de equilíbrio fiscal do governo, em meio ao anúncio de expansão de gastos. Apesar de se tratar de uma questão macroeconômica que, muitas vezes, parece distante de um pequeno empreendedor, os efeitos de uma política não responsável podem ter reflexos rápidos sobre toda a economia”, diz Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie.
O efeito mais imediato deste contexto é o aumento das expectativas de inflação dos agentes e, consequentemente, a postergação da inversão da taxa básica de juros, instrumento do Banco Central para controle da inflação. Encargos mais elevados encarecem a tomada de crédito, penalizando a evolução do consumo e dos investimentos, com reflexos diretos sobre os negócios das PMEs.
Mesmo que em desaceleração, a atividade econômica brasileira deve manter a expansão no curto prazo, reflexo do impulso fiscal, como manutenção do pagamento dos auxílios de renda, e da recuperação da massa de renda real do trabalho – combinação da melhora do mercado de trabalho com as pressões inflacionárias um pouco mais contidas nos últimos meses, mesmo com o cenário econômico global conturbado.
Expectativa para PMEs
O IODE-PMEs indica um crescimento de 1,5% em 2023, com perspectivas positivas, especialmente para as atividades dos setores Agropecuário, Comércio e Serviços.
Por outro lado, as taxas de juros elevadas devem impedir um crescimento mais substancial do consumo das famílias, com reflexos diretos sobre o Comércio e os Serviços.
Assim, a tendência de desaceleração já observada no IODE-Serviços nos últimos meses tende a se consolidar no curto prazo, enquanto o IODE-Comércio também deve passar a mostrar taxas de crescimento mais modestas a partir do primeiro trimestre de 2023.
“Diante do cenário econômico desafiador em todo o mundo no contexto ‘pós-pandemia’, é de suma importância que a nova equipe econômica apresente um plano de equilíbrio fiscal com regras claras, que aumentem a estabilidade e a previsibilidade nos campos político e econômico. Além disso, a aprovação de uma reforma tributária eficiente, que simplifique e distribua a carga de modo justo, também tem potencial para acelerar o crescimento econômico do país nos próximos anos”, diz o especialista.
Por Isabela Rovaroto