Com redesenho e novo app de matemática, Duolingo mira novos usuários e engajamento

Em entrevista exclusiva ao CNN Brasil Business, o CEO da plataforma comenta a trajetória nos dez anos do aplicativo

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O co-fundador e CEO do Duolingo, Luis Von Ahn, classifica como “fantástico” o fato de o Brasil ser o segundo maior mercado do aplicativo (atrás apenas dos Estados Unidos), além de ser o país que mais estuda o idioma inglês no mundo.

Von Ahn falou com exclusividade ao CNN Brasil Business sobre a trajetória do aplicativo, que completa 10 anos em 2022, e antecipou que a plataforma planeja uma nova interface e um novo aplicativo para o ensino de matemática.

A empresa planeja lançar a atualização de interface gradualmente para os alunos da plataforma nas próximas semanas.

Segundo a plataforma, entre as novidades, o aplicativo terá instruções mais diretas para orientar melhor os alunos, na forma de guias úteis e oferecerá uma experiência mais simplificada para que o Duolingo avalie melhor sua própria eficácia e melhore o nível de aprendizado dos usuários no aplicativo.

Contabilizando mais de 500 milhões de downloads no mundo, o aplicativo oferece mais de 100 cursos para 40 idiomas. Von Ahn contou que entre os “alunos” do app está o bilionário fundados da Microsoft Bill Gates.

Gates utilizou o aplicativo para aprender o idioma francês “por um tempo”, como disse em uma publicação do Reddit. A informação foi confirmada ao CNN Brasil Business por meio do escritório pessoal do empresário.

No Brasil, o Duolingo alcançou os 30 milhões de downloads, sendo os idiomas mais estudados no país o inglês, espanhol, francês, italiano e português.

O aplicativo é em grande parte gratuito, mas também oferece o serviço pago, chamado Duolingo Plus, com mensalidade de R$ 14,99 ao mês. A versão paga já conta com 2.5 milhões de assinantes. No Brasil, 11% dos usuários utilizam essa versão.

Para o público brasileiro, o Duolingo lançou, em março, a segunda temporada do podcast “Histórias em Inglês”, programa exclusivo para o país. De acordo com a empresa, a primeira teve uma boa recepção, permanecendo semanas no primeiro lugar no ranking dos podcasts mais ouvidos do Spotify, sendo o mais ouvido do Brasil na categoria educação.

Em julho do ano passado, a empresa estreou na Nasdaq, bolsa americana que reúne ações das empresas de tecnologia. No lançamento de seu IPO, foi avaliada em US$ 6,5 bilhões após suas ações dispararem quase 40%. A empresa captou US$ 521 milhões com a venda de cerca de 5,1 milhões de ações.

Von Ahn desta ainda o impacto da Guerra na Ucrânia no aplicativo. Desde o início do conflito entre Ucrânia e Rússia, o número de alunos estudando ucraniano no Duolingo cresceu 577%. O idioma saltou mais de 10 posições no ranking mundial de cursos do aplicativo, sendo o 21º mais popular da plataforma.

De acordo com informações do Duolingo, o russo também teve ascensão de uma posição na plataforma, indo para o 8º lugar. Os Estados Unidos lideram o número de alunos estudando ucraniano no app, seguido pela Polônia, que passou da quinta para a segunda posição, crescendo 2.677%.

No Brasil, antes do início do conflito o ucraniano era o 31º idioma mais estudado na plataforma, e agora está na 14º posição.

Veja a seguir os principais pontos da entrevista:

Um balanço da empresa durante os dez anos

Luis Von Ahn: realizamos um grande progresso nos primeiros 10 anos da companhia. Nos tornamos o mais popular aplicativo de línguas no mundo. Atingimos um grande número de usuários e temos presença em todos os países.

Gosto que colocamos línguas menores, como o irlandês. Existem mais pessoas aprendendo irlandês através do Duolinguo (1,25 milhões), na comparação com o número de falantes do sistema de ensino do país – 558.608 em 2016, segundo o Escritório Estatístico Central (CSO, na sigla em inglês), escritório nacional de estatística da Irlanda.

Algo que chama muito a atenção nestes dez anos foi que, em 2017, descobri que o Duolingo estava sendo usado pelos refugiados sírios. E, nesse mesmo período, descobri que Bill Gates estava utilizando o app para aprender francês.

Isso é interessante, porque bilionários possuem muito mais recursos, mais educação, mais de tudo. Mas o caso é a mesma ferramenta sendo utilizada por esses dois extremos. Esse foi o momento de mais orgulho com o Duolingo.

Próximos passos

Luis Von Ahn: Para os próximos anos, pretendemos, primeiro, continuar expandindo as línguas oferecidas, particularmente o inglês, que é a mais procurada pelos brasileiros e a mais desejada pelas pessoas de se aprender. Queremos ensinar literatura básica para crianças, esses objetivos ainda estão sendo planejados, mas estamos muito empolgados.

Para este ano, uma das grandes mudanças, é que vai haver um completo redesenho da tela inicial, ela vai parecer inteiramente. Vamos começar a distribuir por agora, ainda no primeiro semestre.

Eu espero que isso traga coragem e novos usuários para o aplicativo. Trabalhamos para fazer com que as pessoas passem mais tempo aprendendo. Para este ano, é a maior coisa que vamos trazer. Outra coisa que planejamos é o ensino de matemática, provavelmente no mesmo prazo.

Mercado brasileiro

O Brasil é o segundo maior consumidor de todos de nossa plataforma, isso é fantástico e amamos. No ranking de países com mais usuários diários, o Brasil está atrás dos Estados Unidos e seguido por Reino Unido, Alemanha e Índia.

Dobramos o número de pessoas que utilizam o aplicativo por mais de uma hora no Brasil. Dobramos o número de usuários altamente engajados. Queremos continuar entregando esse crescimento para o mercado brasileiro.

O Brasil é um dos mercados-chave que nós focamos. Temos usuários em todos os países, mas temos cinco mercados que mais focamos, e o Brasil é um deles.

Ainda não sei dizer se teremos mais produtos exclusivos para o país, mas, com certeza, todos os lançamentos serão disponibilizados o mais rápido, dada a importância do mercado.

Tecnologia na educação

Nos últimos dez anos, eu diria que a inteligência artificial cresceu bastante e fizemos um bom uso dela.

Outro ponto foi a personalização da estrutura. Quando começamos, todos tinham as mesmas lições. Agora, cada usuário tem algo diferente. Temos uma completa personalização.

Estreia na Nasdaq

Acho que estamos operando de uma maneira muito melhor do que estávamos antes. Temos mais disciplina e mais capital, por conta de que quando fomos para a Nasdaq.

Em termos dos produtos, alguns dizem que só por agora sermos uma empresa de capital aberto, faremos as coisas de maneira diferente. Esse não é o caso, vamos continuar operando a companhias da mesma forma, ou seja, continuar com a maior parte dos usuários aprendendo de maneira 100% gratuita.

Impactos da pandemia

Globalmente, por conta da pandemia, com as pessoas em lockdown, identificamos um crescimento no número de usuários.

Durante a pandemia, o número de alunos altamente ativos aumentou 60%. Depois diminuiu 20% e agora é 15% maior do que era durante a pandemia. Com a melhora do cenário da Covid-19, caímos um pouco, mas continuamos em um patamar muito alto.

Isso também o ocorreu com o número de usuários. Observamos um crescimento, depois uma leve queda e mantivemos em níveis pré-pandêmicos. Não apenas no Brasil, mas em todos os demais países.

Fonte: CNN Brasil

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