Sete em cada dez indústrias brasileiras de médio ou grande porte realizaram algum tipo de inovação em 2021. Os dados são da Pesquisa de Inovação Semestral 2021: Indicadores Básicos (Pintec Semestral), divulgados nesta quinta-feira, 15, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de inovação – que mede a proporção de empresas que implementaram inovações de produto ou processo de negócios em relação ao total de empresas investigadas – mostra que, das 9.400 empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas existentes no País em 2021, 70,5% introduziram algum produto novo ou substancialmente aprimorado e/ou incorporaram algum processo de negócios novo ou aprimorado para uma ou mais funções de negócios da empresa.
O levantamento, que inclui apenas indústrias extrativas e de transformação, acrescenta que 37,8% das empresas inovaram tanto em produto quanto em processo de negócios. O segundo tipo de inovação mais frequente foi investimento apenas em processo de negócios (20,0%), seguido por inovação apenas em produto (12,7%).
Das empresas industriais que adotaram alguma inovação em processo de negócios, as modalidades mais frequentes foram referentes aos métodos de organização do trabalho, de tomada de decisão ou de gestão de recursos humanos (40,6%), práticas de gestão para organizar procedimentos organizativos ou relações externas (37,5%), métodos de marketing para promoção, embalagem, preços, colocação de produtos e serviços pós-venda (33,5%) e métodos para processamento de informação e comunicação (32,5%).
Ramos industriais mais inovadores
Entre os setores mais inovadores em produto e/ou processo de negócios, os destaques foram produtos químicos (com 87,0% das empresas fazendo algum tipo de inovação), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (86,5%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (84,7%).
Na direção oposta, as taxas de inovação mais baixas foram observadas nos setores de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (54,6%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (51,6%) e produtos de madeira (42,6%).
Quanto maior o porte da empresa, maior a taxa de inovação, apontou o estudo. No grupo de empresas com 100 a 249 pessoas ocupadas, a taxa de inovação foi de 66,6%, subindo a 75,3% na faixa de 250 a 499 trabalhadores, e alcançando 76,7% entre as empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas.
Os setores que mais se destacaram nas inovações de produto foram produtos químicos (76,0%), produtos diversos (74,4%) e máquinas e equipamentos (71,9%), enquanto apresentaram menores taxas nesse tipo de inovação os de produtos de madeira (19,5%), extrativas (18,6%) e coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (17,6%).
Já os setores mais inovadores em processo de negócios foram equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (79,2%), produtos químicos (73,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (70,9%) e produtos diversos (70,8%). Os menos inovadores nessa categoria foram manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (42,8%), produtos de madeira (42,6%) e extrativas (41,2%).
“Levando-se em consideração que estes mesmos setores registraram as menores taxas de inovação de produto, pode-se sugerir que se trataram de atividades com menor capacidade relativa de difusão de inovações em 2021”, frisou o estudo do IBGE.
Pesquisa e Desenvolvimento
O levantamento mostrou que 33,9% das médias e grandes empresas industriais realizaram dispêndios em atividades internas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em 2021. Os setores com maior proporção de empresas investidoras em P&D foram equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (66,6%), produtos químicos (65,3%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (63,0%) e máquinas e equipamentos (51,1%). Por outro lado, os setores com menor proporção de indústrias com investimentos em P&D foram metalurgia (16,0%), artigos do vestuário e acessórios (2,8%), produtos de madeira (2,2%) e manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (1,2%).
Entre as empresas inovadoras, 37,0% pretendiam aumentar os dispêndios em P&D em 2022 em relação ao realizado em 2021. Para 2023, 58,4% esperavam aumentar esses investimentos.
Obstáculos à Inovação
Em 2021, 59,1% das empresas inovadoras relataram alguma dificuldade para realizar suas atividades inovadoras. Os empecilhos mais citados foram Instabilidade econômica (57,1%), Acirramento da concorrência (53,0%), Capacidade limitada dos recursos internos (50,5%), Escassez de recursos públicos (47,7%) e Mudanças nas prioridades estratégicas (47,5%).
Sustentabilidade
A Pintec Semestral apontou que 12,0% das indústrias publicaram relatórios de sustentabilidade em 2021. Deste conjunto de empresas, 81,8% eram inovadoras em produto e/ou processo de negócios.
“As práticas ambientais sustentáveis tendem a estar cada vez mais presentes nas empresas industriais, que são progressivamente encorajadas a transformar seus procedimentos, produtos e processos no sentido de melhorar sua produtividade e desempenho ambiental por meio de atividades e ações compatíveis com o desenvolvimento sustentável”, diz o estudo do IBGE.
“Uma prática cada vez mais comum é a publicação de relatórios de sustentabilidade, onde as empresas apresentam para a sociedade não apenas as principais medidas voltadas à diminuição dos efeitos negativos sobre o meio ambiente como também permitem conhecer algumas das motivações que as levaram a adotar determinados procedimentos. Além disso, a publicação dos relatórios de sustentabilidade é um dos indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, relacionado ao Consumo e Produção Responsáveis – Assegurar padrões de produção e consumo sustentáveis (ODS 12)”, acrescentou o instituto.
As atividades com maior proporção de empresas que publicaram relatório de sustentabilidade foram bebidas (30,1%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (24,8%), produtos de madeira (22,4%) e metalurgia (22,4%).
“Cumpre realçar que a maior incidência em tais setores pode estar relacionada a práticas obrigatórias específicas, como as impostas pela legislação, por exemplo, as quais são voltadas para o tratamento de águas e efluentes, resíduos sólidos, entre outras. Podem, ainda, estar associadas a práticas complementares que se desenvolvem sem uma obrigação específica, mas que são implementadas para compor o sistema de gestão ambiental da empresa que, por sua vez, auxilia na obtenção de certificados referentes ao cumprimento de normas ambientais específicas, além das boas práticas e melhorar a imagem da empresa”, ponderou o levantamento.
Os setores com menores proporções de empresas com relatório de sustentabilidade foram veículos automotores, reboques e carrocerias (6,9%), têxteis (6,1%), outros equipamentos de transportes (5,7%), artigos do vestuário e acessórios (5,2%), coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (4,0%), preparação de couros (1,5%) e móveis (0,5%).
Impactos da Pandemia
O estudo mostra que 52,7% das empresas inovadoras não tiveram suas atividades inovadoras afetadas pela pandemia de covid-19. Esse porcentual foi ainda maior nas atividades de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (85,7%), produtos de minerais não metálicos (72,8%) e produtos do fumo (68,6%).
No entanto, para 32,6% das empresas, as atividades inovadoras foram desaceleradas por conta da crise sanitária, particularmente nas atividades de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (72,8%), produtos diversos (57,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (52,9%).
Apenas 4,4% das empresas tiveram suas atividades inovadoras descontinuadas por conta da pandemia de covid-19. Os setores mais afetados foram os de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (21,0%), artigos do vestuário e acessórios (15,1%) e produtos diversos (9,6%).
Por Daniela Amorim