sábado,27 abril, 2024

Laís Gulin fala sobre Potência Feminina e inovação na carreira

Laís Gulin é Terapeuta Holística em Bioneuroemoção, uma abordagem que busca entender como as emoções e os pensamentos influenciam na saúde física e nos processos biológicos do corpo. A curitibana teve sua carreira variada, tendo trabalhado em diversos campos antes de se encontrar em sua profissão e carreira atual. Ela morou por 12 anos na Espanha, onde enfrentou um período de depressão. Ela relata que nessa fase, encontrou-se em um momento crítico ao perceber-se sem um grupo de amigas.

Tendo vivido na Espanha sem um círculo de mulheres para compartilhar e conviver, ela prometeu a si mesma que buscaria essa rede. Nesse processo Laís encontrou em Ibiza um grupo de brasileiras estudando bioneuroemoção, foi aí que ela encontrou sua vocação.

Laís adota a filosofia de que 99% dos eventos da vida partem do interior do indivíduo, enfatizando que, embora não se controle tudo, é possível comandar a própria resposta às circunstâncias.

A percepção da importância de estar em uma rede de mulheres que se apoiam e sua influência materna em casa a levaram a atuar fortemente na área social. Ela exerceu por mais de 2 anos o papel de Coordenadora do Comitê de Capacitação e Business Net da BPW Curitiba (Business Professional Women), uma das redes de mulheres mais influentes do mundo, que abrange mais de 100 países. O voluntariado recebeu influência direta de sua mãe, que já atua há anos na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).

Já em Cuiabá, ela buscou um projeto que a permitisse fazer diferença e foi assim que ela conheceu a CUFA (Central única das Favelas) através da Expo Favela e acabou aceitando o desafio de atuar como embaixadora de um dos projetos da CUFA, o Amarra Cabelo, que visa qualificar e preparar pessoas para o mercado de trabalho.

O projeto social oferece suporte principalmente às mulheres e as impulsiona a serem mais potentes e independentes. O 360 News entrevistou Laís Gulin sobre potência feminina e inovação. Confira:

Jornalista: Como você define o conceito de “potência feminina” e qual a importância desse poder na sociedade atual?

Laís: A potência feminina é um equilíbrio entre o masculino e o feminino. É importante a gente dar o espaço dentro de nós para esse feminino estar. Então a potência feminina é a mulher dar o freio no fazer e reconhecer o ser, quem eu sou como essência e respeitar esses dois lados, porque todo ser tem um masculino e feminino. A gente está falando de energia, não estamos falando de sexo ou gênero. A gente está falando de frequência energética. O masculino é o trabalho, é a ação, o feminino é o acolhimento, é o aconchego, é a nutrição. E quando a mulher entra muito no masculino, acaba entrando  deixando o ser feminino de lado. Então acredito que a potência feminina é acolher as duas frequências, é o permitir entender que eu posso, sim, e devo, realizar e fazer o meu trabalho, mas mais do que isso, acolher esse silêncio, essa leveza, esse divertido, que é ser feminino.

Jornalista: Como você vê o papel das mulheres na inovação ao longo da história e em contextos contemporâneos?

Laís: Fundamental. Até pela parte do questionamento. Geralmente o masculino não questiona. É daí que vem a busca pela inovação. O papel da mulher no planeta é fundamental. Veja o parto humanizado, inovação, o que deveria ser natural. Comunicação não violenta, inovação na criação. Isso tudo são mulheres que desenvolveram vendo a necessidade desse acolhimento, dessa facilidade para que a pessoa possa crescer com essa fortaleza. E é interessante quando a gente fala em inovação a gente pensa em tecnologia. E  quando a gente pensa nisso, vem um videozinho na cabeça: Quem criou o teste do Covid foi uma mulher, quem trouxe a limpeza dos oceanos foi uma mulher. Tem mulheres que conseguem trazer essa inovação na tecnologia […]. A mulher é inovadora, sempre buscando destaque nas empresas, buscando até tentar ser um pouco mais masculina para poder entregar, para poder entrar no mercado de trabalho.

Jornalista: Quais são os principais desafios que as mulheres enfrentam ao buscar carreiras e oportunidades na área da inovação?

Laís: Comparação com os homens. Esse é maior desafio. Elas mesmas buscam fazer as mesmas coisas, ser iguais e entregarem os mesmos resultados. E até mesmo a indústria. Outro dia saiu uma reportagem na Forbes comparando a carreira de uma mulher na gravidez. Ou seja, o que acontece com a carreira da mulher quando ela tem uma gravidez e tem a criação do filho, e o que acontece na carreira do homem quando isso acontece. Nem isso é comparável. Somos seres completamente diferentes. Por exemplo, vamos dizer que um casal trabalha na mesma empresa. Se vai haver um happy hour da empresa, qual dos dois vai se predispor a estar em casa cuidando das crianças? A mãe. E, obviamente, esse pai vai ao happy hour e gera conexões e a Forbes diz, “conexões interpessoais são mais fáceis com os homens”. É claro que são!

Jornalista: De que maneira a diversidade de gênero contribui para a inovação em ambientes profissionais?

Laís: Acolhimento, né? Primeiro porque hoje a maior dificuldade que eu vejo em educação de crianças é como que o pai e a mãe acolhe uma criança diferente dentro de casa. Pai e mãe que têm esse arraizamento lá atrás não conseguem acolher, então acredito que dentro das empresas isso primordialmente é acolhimento. E outra, diversidade é riqueza porque ali você tem diversas possibilidades. Imagina uma empresa de inovação você ter 20 funcionários idênticos. Não vai inovar, não vai disruptir, não vai trazer novas ideias. A diversidade é fundamental. Por quê? Porque a gente também tem que ter consciência do nosso eu dentro do planeta que a gente vive. Isso é quem sou eu aqui e aonde que o meu eu me encaixo.

Jornalista: Que conselhos você daria a mulheres que estão interessadas em seguir carreiras inovadoras?

Laís: Vá. E peça ajuda, compartilhe, chame outras mulheres para estar junto porque quando a gente potencializa […]. Nós duas juntas descobrimos coisas que nem sozinha a gente sabia que podia. Para mulher que quer inovador, busque parcerias, busque associações de mulheres, busque sentar em roda. Peça ajuda. Não pense e nem queira fazer sozinha. Isso é uma frequência masculina.

Jornalista: Como encorajar meninas desde cedo a buscar a independência financeira e afetiva?

Laís: Se enxerguem. Se olhem no espelho. Se amem diante do espelho. Se enxergue como você é. Cuide do teu corpo, cuide do teu cabelo, cuide da tua emoção e se reconheça. Só assim você vai conseguir entrar num relacionamento, cuidar do teu dinheiro. Porque o dinheiro pode muito bem vir e se eu não tenho esse respeito por mim, eu não vou ter respeito pelo dinheiro também. Só vá se você se ama. Só vá se você se reconhece. Porque o ser humano precisa de duas coisas, reconhecimento e recompensa. Se eu me reconheço, a recompensa vem a mim. Olha para as mulheres, não se compare com homens. Pegue mulheres que estão acima de você, que você admira, que você quer trazer qualidades para você.

Milena Vilar
Milena Vilarhttp://www.360news.com.br
Milena Vilar é jornalista de Inovação no 360 News apaixonada pela escrita criativa. Escreve colunas de opinião sobre Inovação, Cidades Inteligentes, Cultura, Sociedade eMulheres. Produz matérias dos mais diversos temas, promovendo transformação de ideias e informando com seriedade.

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