Laís Gulin é Terapeuta Holística em Bioneuroemoção, uma abordagem que busca entender como as emoções e os pensamentos influenciam na saúde física e nos processos biológicos do corpo. A curitibana teve sua carreira variada, tendo trabalhado em diversos campos antes de se encontrar em sua profissão e carreira atual. Ela morou por 12 anos na Espanha, onde enfrentou um período de depressão. Ela relata que nessa fase, encontrou-se em um momento crítico ao perceber-se sem um grupo de amigas.
Tendo vivido na Espanha sem um círculo de mulheres para compartilhar e conviver, ela prometeu a si mesma que buscaria essa rede. Nesse processo Laís encontrou em Ibiza um grupo de brasileiras estudando bioneuroemoção, foi aí que ela encontrou sua vocação.
Laís adota a filosofia de que 99% dos eventos da vida partem do interior do indivíduo, enfatizando que, embora não se controle tudo, é possível comandar a própria resposta às circunstâncias.
A percepção da importância de estar em uma rede de mulheres que se apoiam e sua influência materna em casa a levaram a atuar fortemente na área social. Ela exerceu por mais de 2 anos o papel de Coordenadora do Comitê de Capacitação e Business Net da BPW Curitiba (Business Professional Women), uma das redes de mulheres mais influentes do mundo, que abrange mais de 100 países. O voluntariado recebeu influência direta de sua mãe, que já atua há anos na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).
Já em Cuiabá, ela buscou um projeto que a permitisse fazer diferença e foi assim que ela conheceu a CUFA (Central única das Favelas) através da Expo Favela e acabou aceitando o desafio de atuar como embaixadora de um dos projetos da CUFA, o Amarra Cabelo, que visa qualificar e preparar pessoas para o mercado de trabalho.
O projeto social oferece suporte principalmente às mulheres e as impulsiona a serem mais potentes e independentes. O 360 News entrevistou Laís Gulin sobre potência feminina e inovação. Confira:
Jornalista: Como você define o conceito de “potência feminina” e qual a importância desse poder na sociedade atual?
Laís: A potência feminina é um equilíbrio entre o masculino e o feminino. É importante a gente dar o espaço dentro de nós para esse feminino estar. Então a potência feminina é a mulher dar o freio no fazer e reconhecer o ser, quem eu sou como essência e respeitar esses dois lados, porque todo ser tem um masculino e feminino. A gente está falando de energia, não estamos falando de sexo ou gênero. A gente está falando de frequência energética. O masculino é o trabalho, é a ação, o feminino é o acolhimento, é o aconchego, é a nutrição. E quando a mulher entra muito no masculino, acaba entrando deixando o ser feminino de lado. Então acredito que a potência feminina é acolher as duas frequências, é o permitir entender que eu posso, sim, e devo, realizar e fazer o meu trabalho, mas mais do que isso, acolher esse silêncio, essa leveza, esse divertido, que é ser feminino.
Jornalista: Como você vê o papel das mulheres na inovação ao longo da história e em contextos contemporâneos?
Laís: Fundamental. Até pela parte do questionamento. Geralmente o masculino não questiona. É daí que vem a busca pela inovação. O papel da mulher no planeta é fundamental. Veja o parto humanizado, inovação, o que deveria ser natural. Comunicação não violenta, inovação na criação. Isso tudo são mulheres que desenvolveram vendo a necessidade desse acolhimento, dessa facilidade para que a pessoa possa crescer com essa fortaleza. E é interessante quando a gente fala em inovação a gente pensa em tecnologia. E quando a gente pensa nisso, vem um videozinho na cabeça: Quem criou o teste do Covid foi uma mulher, quem trouxe a limpeza dos oceanos foi uma mulher. Tem mulheres que conseguem trazer essa inovação na tecnologia […]. A mulher é inovadora, sempre buscando destaque nas empresas, buscando até tentar ser um pouco mais masculina para poder entregar, para poder entrar no mercado de trabalho.
Jornalista: Quais são os principais desafios que as mulheres enfrentam ao buscar carreiras e oportunidades na área da inovação?
Laís: Comparação com os homens. Esse é maior desafio. Elas mesmas buscam fazer as mesmas coisas, ser iguais e entregarem os mesmos resultados. E até mesmo a indústria. Outro dia saiu uma reportagem na Forbes comparando a carreira de uma mulher na gravidez. Ou seja, o que acontece com a carreira da mulher quando ela tem uma gravidez e tem a criação do filho, e o que acontece na carreira do homem quando isso acontece. Nem isso é comparável. Somos seres completamente diferentes. Por exemplo, vamos dizer que um casal trabalha na mesma empresa. Se vai haver um happy hour da empresa, qual dos dois vai se predispor a estar em casa cuidando das crianças? A mãe. E, obviamente, esse pai vai ao happy hour e gera conexões e a Forbes diz, “conexões interpessoais são mais fáceis com os homens”. É claro que são!
Jornalista: De que maneira a diversidade de gênero contribui para a inovação em ambientes profissionais?
Laís: Acolhimento, né? Primeiro porque hoje a maior dificuldade que eu vejo em educação de crianças é como que o pai e a mãe acolhe uma criança diferente dentro de casa. Pai e mãe que têm esse arraizamento lá atrás não conseguem acolher, então acredito que dentro das empresas isso primordialmente é acolhimento. E outra, diversidade é riqueza porque ali você tem diversas possibilidades. Imagina uma empresa de inovação você ter 20 funcionários idênticos. Não vai inovar, não vai disruptir, não vai trazer novas ideias. A diversidade é fundamental. Por quê? Porque a gente também tem que ter consciência do nosso eu dentro do planeta que a gente vive. Isso é quem sou eu aqui e aonde que o meu eu me encaixo.
Jornalista: Que conselhos você daria a mulheres que estão interessadas em seguir carreiras inovadoras?
Laís: Vá. E peça ajuda, compartilhe, chame outras mulheres para estar junto porque quando a gente potencializa […]. Nós duas juntas descobrimos coisas que nem sozinha a gente sabia que podia. Para mulher que quer inovador, busque parcerias, busque associações de mulheres, busque sentar em roda. Peça ajuda. Não pense e nem queira fazer sozinha. Isso é uma frequência masculina.
Jornalista: Como encorajar meninas desde cedo a buscar a independência financeira e afetiva?
Laís: Se enxerguem. Se olhem no espelho. Se amem diante do espelho. Se enxergue como você é. Cuide do teu corpo, cuide do teu cabelo, cuide da tua emoção e se reconheça. Só assim você vai conseguir entrar num relacionamento, cuidar do teu dinheiro. Porque o dinheiro pode muito bem vir e se eu não tenho esse respeito por mim, eu não vou ter respeito pelo dinheiro também. Só vá se você se ama. Só vá se você se reconhece. Porque o ser humano precisa de duas coisas, reconhecimento e recompensa. Se eu me reconheço, a recompensa vem a mim. Olha para as mulheres, não se compare com homens. Pegue mulheres que estão acima de você, que você admira, que você quer trazer qualidades para você.