quarta-feira,01 maio, 2024

Por que a inteligência artificial nos aproxima da cura do câncer

Décadas atrás, como médicos novatos no pavilhão de câncer em um hospital universitário alemão, muitas vezes tivemos que dar uma triste notícia aos nossos pacientes: “Não temos mais opções de tratamento para oferecer”. Naquela época, as principais armas contra o câncer avançado eram a quimioterapia e a radioterapia. Às vezes eram eficazes, mas com frequência não eram a cura que muitos esperavam.

Hoje, o panorama do tratamento do câncer mudou drasticamenteTemos presenciado o surgimento de novos medicamentos que atacam o crescimento dos tumores com alta precisão. Alguns cânceres antes intratáveis hoje se tornaram controláveis, mesmo em estágios avançados. No entanto, para a maioria dos pacientes com câncer metastático, a promessa de uma terapia altamente eficaz continua distante.

Por que, apesar dos bilhões de dólares investidos anualmente na pesquisa do câncer, a cura para pacientes em estágio avançado ainda é uma exceção e não um padrão?

resposta está na própria natureza do câncer. A doença surge de alterações genéticas aleatórias, chamadas mutações, que ocorrem ao longo do tempo dentro de células saudáveis. As mutações podem ser desencadeadas por hábitos de vida insalubres, predisposições familiares, condições de saúde existentes há muito tempo ou mesmo exposição a produtos químicos perigosos. Conforme se acumulam, as células que sofreram mutações transformam-se em entidades cancerígenas.

Duas implicações surgem dessa aleatoriedade. Em primeiro lugar, cada câncer é tão único quanto a pessoa que ele afeta, o que significa que mesmo os pacientes diagnosticados com o mesmo tipo de câncer têm apenas uma parcela de mutações em comum. Em segundo lugar, cada tumor é uma intricada tapeçaria de bilhões de células distintas, aprendendo constantemente a se adaptar, a escapar do sistema imunológico e a resistir às estratégias terapêuticas utilizadas pelos médicos.

Mas e se, para superar esses adversários esquivos, conseguíssemos aproveitar o poder de outra força extremamente pessoal e que aprende constantemente – o nosso próprio sistema imunológico?

O mecanismo de defesa do corpo consiste em bilhões de células com capacidades surpreendentes. Entre elas, as células T se destacam como sentinelas vigilantes da natureza, patrulhando incessantemente o nosso corpo. O problema é que o sistema está evolutivamente programado para enfrentar ameaças externas, como vírus e bactérias, e não mutações internas. Consequentemente, apenas uma pequena fração das mutações atrai a atenção de nossas defesas imunológicas.

Por: Ugur Sahin  e Özlem Türeci

360 News
360 Newshttp://www.360news.com.br
1º Hub de notícias sobre inovação e tendências da região Centro-Oeste e Norte do Brasil.

LEIA MAIS

Recomendados