Nunca se falou tanto em Inteligência Artificial (IA) desde o surgimento do ChatGPT, ferramenta capaz de responder perguntas complexas de forma criativa, que foi lançada em 30 de novembro de 2022 e, em apenas dois meses, superou 100 milhões de usuários e 13 milhões de visitantes diários. É o crescimento mais vertiginoso da história da internet para um aplicativo de grande público.
É importante destacar que a Inteligência Artificial já está entre nós, nos mais diversos segmentos de nosso cotidiano, há algum tempo. Só para dar uma ideia de sua utilização, os softwares de IA são usados em uma ampla variedade de aplicações, desde sistemas de recomendação de produtos até carros autônomos. Eles podem ajudar as empresas a tomar melhores decisões, automatizar tarefas repetitivas e melhorar a experiência do cliente.
Antes do ChatGPT, a adoção da IA nas organizações mantinha-se razoavelmente estável, segundo a pesquisa The State of AI da McKinsey. Em 2022, 50% dos respondentes a adotavam em pelo menos uma área de negócio, pouco mais que os 47% de 2018. Em compensação, outro estudo do IDC Worldwide Artificial Intelligence Spending Guide indica que os investimentos globais em tecnologia de inteligência artificial, incluindo gastos em software, hardware e serviços para sistemas baseados em IA, alcançaram quase US$ 118 bilhões em 2022 e deverão ultrapassar US$ 300 bilhões em 2026.
Ao mesmo tempo em que a adoção de tecnologias de IA pelas organizações tem dominado desde as rodas de conversa até as manchetes dos veículos de imprensa, surge a preocupação com o impacto que ela traz ao mercado de trabalho.
De acordo com Gilberto Reis, diretor de operação da Runtalent, a Inteligência Artificial impacta significativamente o mercado de trabalho, trazendo tanto desafios quanto oportunidades. “Sempre que tem algo novo relacionado ao desenvolvimento socioeconômico, criam-se posições de empregos que nem eram imaginadas antes, ao mesmo tempo em que algumas acabam sumindo por conta do desuso, da falta de necessidade. E é isso que acontecerá com a entrada cada vez mais frequente de ferramentas de IA”, argumenta Reis.
Ele destaca que os profissionais precisam entender que cada vez mais serão criadas formas de trabalho que permitem que as pessoas realizem tarefas mais pensantes, estratégicas, complexas e desafiadoras. “Por exemplo, a IA pode ajudar na detecção precoce de doenças, auxiliar na tomada de decisões em áreas como Finanças e Investimentos com base em dados, entre tantos outros. Mas é preciso reforçar que quem definirá o protocolo médico e quem tomará a decisão final na empresa serão as pessoas”.
Se, por um lado, a automação de tarefas repetitivas e previsíveis pode levar à redução de empregos em algumas áreas, especialmente em trabalhos de baixa qualificação, por outro, a IA também tem criado novas oportunidades. No setor de Tecnologia da Informação (TI), especificamente, ela tem trazido mudanças significativas na forma como as empresas operam e, consequentemente, nos empregos disponíveis.
De acordo com Reis, no setor de TI as áreas em que se executam tarefas rotineiras como testes de software, correção automática de bugs, suporte técnico e processamento de dados serão as mais impactadas. Olhando de forma mais positiva, isso significa que a IA tem permitido às empresas automatizar tarefas repetitivas e de baixo valor agregado, liberando os profissionais de TI para se concentrar em atividades mais estratégicas e de maior complexidade. “O que os profissionais precisam assimilar o mais rápido possível é que a IA não tem como objetivo principal roubar o emprego de ninguém, mas sim auxiliar para que ele possa atuar de forma mais eficaz e complexa. Para isso, cada vez mais será exigido habilidades técnicas e sociais. Por isso, a regra é se manter atualizado e se adaptar às novas tendências tecnológicas”, adverte.
O executivo da Runtalent, empresa especializada em soluções de alocação de profissionais de TI, squads ágeis e suporte à gestão de times e projetos, que atende quase 100 clientes em mais de 12 segmentos, destaca que o desenvolvimento de ferramentas de IA contribui para a criação de novas oportunidades de emprego em segmentos que antes eram pouco explorados. A demanda por profissionais que possuem habilidades em áreas como Ciência de Dados, Análise de Dados, Aprendizado de Máquina e Robótica está em alta, já que eles são necessários para desenvolver, implantar e gerenciar sistemas de IA.
Além de tudo disso, a IA também está impulsionando a criação de novas empresas e startups em áreas como assistentes virtuais, chatbots, automação de processos e reconhecimento de voz, criando assim novas oportunidades de emprego.
Embora a Inteligência Artificial possa levar a uma reestruturação no mercado de trabalho de Tecnologia, ela também pode criar novas oportunidades e tornar o trabalho desses profissionais mais estratégico e significativo. E para aproveitar ao máximo os seus benefícios, é necessário investir em educação e treinamento.
“Uma dica que posso dar para o profissional que deseja se manter significativo na área é tentar adquirir novas habilidades para complementar as que já possui. Sejam hards, como conhecimentos em IA, Machine Learning, BI, desenvolvimento, programação, entre outras, ou soft skills, como comunicação, liderança, resolução de conflitos, colaboração. O fato é que não há mais espaço para deixar para obter conhecimento amanhã. As mudanças estão acontecendo cada vez mais rapidamente e é necessário se adaptar na mesma velocidade. Quem não conseguir ter esse mindset, provavelmente não terá mais espaço no mercado de TI”, sentencia o diretor de operações da Runtalent.
Fonte: Infor Channel