Apesar da relevância reconhecida da incorporação de práticas ESG no setor agrícola, nem todas as empresas têm olhado para o pilar ambiental com atenção. Uma pesquisa feita pela HR Tech Mereo, plataforma integrada de gestão de pessoas responsável por atender 10% das 500 maiores empresas do Brasil, mostrou que, apesar de 100% das companhias do estudo contarem com métricas ESG, apenas 50% voltam-se para os três pilares da agenda. O pilar mais considerado é o social (100%), seguido de governança (83%) e ambiental (50%).
A tecnologia é uma grande aliada no cumprimento de ações sustentáveis para o meio ambiente no agronegócio. Soluções que auxiliam em processos como rastreabilidade de alimentos e monitoramento das máquinas no campo ajudam a aprimorar as iniciativas na área. Confira abaixo alguns exemplos:PauseUnmute
Segundo dados da Embrapa, o país exportou US$ 3 bilhões de dólares de frutas em 2020 e US$ 60 bilhões entre 2000 e 2020. As grandes cifras revelam que o mercado internacional pode ser ainda mais explorado pelo segmento de frutas, legumes e verduras brasileiro. A rastreabilidade de alimentos é uma estratégia nos processos de ESG na cadeia agroalimentar, haja vista que a tecnologia impacta positivamente na qualidade dos alimentos que chegam ao mercado e na validação de processos de qualidade exigidos pelos países exportadores.
“Investidores estão de olho em negócios que têm esse pensamento, dando preferência para mercados que já os possuem. Ou seja, esse investimento apresenta menor risco para realização de aportes”, aponta Pietro Schenardi, engenheiro agrônomo e Costumer Manager da PariPassu.
A tecnologia de rastreamento de alimentos contempla os três pilares do ESG, fornecendo dados para controle em todo o processo, desde o campo até a indústria e varejo. No pilar Ambiental, é possível comprovar que o alimento passou por um percurso livre de qualquer prejuízo ao meio ambiente, como uso abusivo de agrotóxicos, cultivo em área de desmatamento, e desperdício de recursos naturais. No pilar Social, o rastreamento identifica e certifica todos os profissionais da cadeia de alimentos, sendo um instrumento para detectar qualquer irregularidade relacionada à força de trabalho. Em Governança, a rastreabilidade contribui para a transparência, responsabilidade fiscal, combate a posturas antiéticas.
“A rastreabilidade é uma ferramenta necessária para legitimar todas as práticas ESG da cadeia produtiva e torná-las conhecidas”, destaca Pietro.
Tecnologias para o setor florestal ajudam na preservação do meio ambiente
A tecnologia tem ajudado cada vez mais os produtores e gestores florestais no respeito às normas e na preservação do meio ambiente. Soluções de monitoramento das atividades e de rastreabilidade das máquinas, por exemplo, auxiliam com uma visão detalhada do que acontece nas fazendas. “Com uso de sensores e softwares avançados, é possível registrar a posição da máquina e o processo que está sendo realizado de segundo a segundo, obtendo relatórios detalhados sobre área trabalhada, distância percorrida, velocidade, produtividade, entre outros fatores relevantes”, comenta Claudia Garcia, Gerente de Contratos Florestais da divisão de Agricultura da Hexagon — empresa que desenvolve soluções digitais para operações agrícolas e florestais.
No âmbito ecológico, esse tipo de tecnologia é capaz de ajudar, sobretudo, na diminuição dos riscos de invasão a espaços protegidos, como as áreas de preservação permanente (APP) — detalhadas no Código Florestal pela sua importância para a preservação de recursos hídricos e da biodiversidade. Faixas marginais de cursos d’água, topos de morros e manguezais, por exemplo, estão entre elas. “Temos muita procura de empresas que trabalham com silvicultura preocupadas em preservar o meio ambiente e atender a legislação para que não ocorra invasões em áreas de APP nos seus processos. Com esse tipo de solução, os operadores conseguem visualizar os limites de atuação na tela do display embarcado na máquina e evitam qualquer ultrapassagem”, reforça Claudia.
Além disso, há outros ganhos associados ao monitoramento das práticas operacionais, como verificação e conhecimento dos gestores sobre possíveis impactos ocorridos. Desta forma, é possível realizar intervenções imediatas quando necessário, bem como elaborar um planejamento mais assertivo, incluindo ações mitigatórias. Sem contar que, com informações detalhadas em mãos, fica mais fácil contribuir nas auditorias ambientais, confirmando e validando boas práticas na execução das atividades.
Fonte: Dialetto