Submarinos são veículos que exploram as profundezas dos oceanos. Usados por expedições científicas e também para o turismo, esses equipamentos estão longe de serem seguros: muitos são os perigos que ameaçam tripulantes de embarcações do tipo. Um deles é o risco de implosão, desfecho trágico quando não se consegue salvar os tripulantes em tempo.
Foi o que aconteceu aconteceu com o submersível Titan da OceanGate em 2023. O objetivo da expedição em questão era levar cinco pagantes para perto dos destroços do Titanic, a 3,8 km de profundidade. Só que, quanto mais profundo se está, maior é a pressão exercida pela água acima e ao seu redor. E é justamente esse um dos maiores perigos de um passeio como este.
O que é pressão?
Para entender por quê, vale relembrar o que é a pressão. “O efeito da pressão sobre um corpo é resultado do peso do fluido no qual ele está inserido. Isso acontece tanto com o ar e com a água”, explicou Demilson Quintão, técnico do Instituto de Pesquisas Meteorológicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), ao Canaltech.
Tudo na superfície da Terra está exposto a algum nível de pressão, vinda do peso do ar. É a tal da pressão atmosférica, que varia de acordo com a altitude em que se está — quanto mais elevado, menor será a pressão, já que uma massa menor de gases exercerá uma força acima de si em comparação com quando se está erm altitudes mais baixas.
Essa lógica é a mesma da pressão exercida em um objeto debaixo d’água — só que ao contrário. Conforme desce, essa pressão fica cada vez maior, já que uma massa maior de líquido te “pressionará” para o centro da gravidade da Terra. “Para sentirmos um aumento de 1 atm ao mergulharmos, basta descermos até 10 m de profundidade”, acrescentou Quintão.
E isso vale para qualquer objeto debaixo do mar — inclusive para submarinos. “Ao mergulharem, a pressão externa ao submarino será tão maior quanto a sua profundidade, com um aumento de 1 atm a cada 10 metros que descer”, explicou o especialista.
Para alcançar o Titanic, um submarino teria que descer por quase 4 quilômetros, chegando a uma profundidade onde a pressão é quase 80 vezes maior do que na superfície. Se o submarino estiver nas profundezas do oceano e por qualquer razão que seja (problemas técnicos, incidentes, etc), houver diferença de pressão na parte interna e externa dele, pode acontecer uma implosão. Neste caso, o submarino “colapsa” sobre si mesmo, esmagando instantaneamente qualquer coisa em seu interior.
Para entender como isso ocorre, confira o experimento no vídeo abaixo:
A parte interna do submarino mantém a pressão que existiria no nível do mar, mas se o veículo mergulhar mais fundo do que sua estrutura suporta, ele pode implodir. É o que acontece se você apertar uma bexiga cheia: o material não tem força suficiente para suportar o aumento da pressão interna nela e estoura.
Qual é a diferença entre explosão e implosão?
De forma resumida, podemos dizer que a implosão é o contrário de uma explosão. “Chamamos de implosão porque a pressão interna era menor que a externa”, ressaltou o técnico da Unesp. Demilson propôs o seguinte cenário: o submarino foi fechado na superfície do mar com pressão interna de 1 atm e, a 3,8 km de profundidade, encontrou pressão de 380 atm. Mas, por algum motivo estrutural, o Titan não suportou a pressão externa.
Neste caso, o submarino colapsa. “É como se ele tivesse sido, de certa forma, esmagado”, completou. Ao implodir, a estrutura dele é esmagada em questão de milissegundos. Como grande parte do Titan era feita de fibra de carbono, o material provavelmente foi fraturado e se desintegrou assim que sua integridade foi comprometida.
O vídeo abaixo mostra uma simulação do que provavelmente aconteceu com o Titan:
Ao contrário do que costuma aparecer nos filmes, a implosão dificilmente iria começar com uma rachadura pequena, se espalhando e aumentando de tamanho pela estrutura do submarino. Na verdade, o processo é extremamente rápido, causando morte quase que instantânea em qualquer pessoa a bordo — algo tão rápido que seus cérebros nem conseguem acompanhar na mesma velocidade, a ponto de processar qualquer informação. Ou seja: os tripulantes do Titan não sentiram dor nesse fim para lá de trágico.
Por: Danielle Cassita