sábado,18 maio, 2024

Centros de pesquisa impulsionam expansão de bioinsumos no Brasil

Os estudos sobre defensivos e fertilizantes bioógicos têm se multiplicado no Brasil. Hoje, mais de 90 centros de pesquisa de todo o país dedicam-se a pesquisas sobre bioinsumos. Neles, mais de 300 cientistas trabalham para que essas soluções saiam dos laboratórios e cheguem diretamente ao campo. Com a ajuda dos produtores, as experiências têm dado certo.

Em 2020, o governo federal formalizou o Plano Nacional de Bioinsumos, que deu origem a políticas estaduais e estratégias de incentivo ao uso de insumos biológicos no controle de pragas e doenças e na melhoria da nutrição das plantas.

Mas, a despeito dos avanços, esse mercado ainda tem de superar alguns desafios. Um dos principais é a própria definição do conceito de bioinsumo: esclarecer aos produtores os benefícios que esses produtos trazem a médio e longo prazos poderá fazer com que eles levem esses produtos para dentro da porteira.

A pandemia de Covid-19, que desorganizou a estrutura de comércio de vários produtos ligados ao agro, como os fertilizantes, o aumento do dólar e a guerra na Ucrânia fizeram disparar os preços de defensivos e adubos no mercado internacional.

Esses choques de oferta obrigaram o agronegócio brasileiro a buscar alternativas para ganhos de produtividade nas lavouras, e o país se estabeleceu de vez como referência internacional em bioinsumos.

Em 2005, havia um único produto biológico registrado no Ministério da Agricultura, lembra Fábio Bueno, presidente do portfólio de bioinsumos da Embrapa. “Neste ano, já existem 526 registros de ativos nacionais”, diz.

“As lavouras brasileiras já não são lugar de experimentos, mas de efetiva adoção de produtos de alta performance. Melhorar a sustentabilidade do agronegócio e a própria conscientização do mercado consumidor passa a ser consequência desse movimento”

— Fábio Bueno, presidente do portfólio de bioinsumos da Embrapa

A Embrapa investiu R$ 26 milhões em pesquisas sobre bioinsumos no último triênio.

Goiás é um dos mais importantes polos de estudos sobre os insumos biológicos do país. A partir de uma lei de 2021, o estado instituiu o Programa de Bioinsumos do Estado de Goiás. Esse movimento permitiu à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) criar, no ano passa do, o Centro de Excelência em Bioinsumos (Cebio), que assessora produtores de pequeno, médio e grande portes na aplicação dos produtos ou na instalação de biofábricas. O Cebio recebeu investimento de R$ 8,5 milhões.

No polo agrícola de Rio Verde, lavouras de soja, sorgo, milho e abóbora são também campos de experiência com bioinsumos liderados pelo Instituto Federal Goiano (IFG), que registra ganhos de produtividade que vão de 30% a 90% nas plantações que recebem biológicos. “As fazendas são também campos de aplicação de bioinsumos. Mudamos o manejo e a mentalidade dos produtores”, contou à GLOBO RURAL o pró-reitor da IFG, Alan de Freitas.

Rede biológica

Confira cinco iniciativas que saíram dos laboratórios e já estão em testes no campo:

De norte à sul, expansão de pesquisa sobre bioinsumos no Brasil não para — Foto: Globo Rural / Felipe Yatabe

De norte à sul, expansão de pesquisa sobre bioinsumos no Brasil não para — Foto: Globo Rural / Felipe Yatabe

MANAUS (AM)

No Amazonas, babaçu, cupuaçu e açaí são algumas das espécies usadas na formulação de bioinsumos. O Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), responsável pela criação de bioprodutos amazônicos, desenvolve um projeto de identificação de matérias primas para criar modelos de negócio de transferência tecnológica. Com mais conhecimento científico, o produtor pode aumentar sua renda.

RIO VERDE (GO)

O Instituto Federal Goiano (IFG) conduz trabalhos em fazendas em que os donos assumem o risco de testar novas formulações. Pesquisadores e engenheiros agrônomos vão a esses locais para aplicar bioinsumos, avaliam o desempenho e, em caso de bom resultado, levam a prática a outras áreas. Os especialistas dizem que o interesse dos produtores por bioinsumos cresceu nos últimos três anos.

JOÃO PESSOA (PB)

A startup YBY Inovações Biotecnológicas, ligada à Universidade Federal da Paraíba (UFPB), produz um inoculante à base de bactérias usado para estimular o crescimento de plantas nativas do Nordeste. Em testes em fazendas de cana-de açúcar, os microrganismos melhoraram a capacidade de fixação de nitrogênio e dos minerais do solo e reduziram a necessidade de aplicação de fertilizantes químicos.

SÃO PAULO (SP)

Fundada em 1970, a Unidade Laboratorial de Referência em Controle Biológico atua no controle biológico de doenças e fitonematoides e desenvolve biocontroladores que ajudam a melhorar a produtividade de commodities. Os pesquisadores da instituição, um centro de testes de bioinsumos para os agricultores paulistas, também prestam assessoria para a implantação de biofábricas.

SANTA MARIA (RS)

A incubadora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em parceria com a Solubio, empresa gaúcha instalada em Gurupi (TO), desenvolve estratégias para eliminar o uso de pesticidas químicos nas lavouras e substituí-los por bioinsumos. Nos locais que receberam a iniciativa, os custos dos produtores de culturas como soja, milho, trigo, algodão, cana, café e hortifrútis caíram até 40%.

Por Isadora Camargo

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