Uma das diversas maneiras de contar a história de uma cidade é
por meio do desenvolvimento urbano e arquitetônico. As casas, prédios e demais construções antigas resgatam a memória dos municípios e, em Cuiabá, isso não seria diferente. Os famosos casarões já tombados como patrimônio estadual trazem características históricas que compõem a paisagem urbana da capital.
Características históricas
O arquiteto, professor e coordenadordo curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Ricardo Silveira Castor, relata que há vários estilos arquitetônicos presentes nas
edificações históricas de Cuiabá, dentre elas estão: construções coloniais, neoclássicas, ecléticas, neocoloniais, art déco, barroco ou rococó presente nos retábulos das igrejas.
Ricardo também aponta que a geodiversidade da capital afeta
diretamente a arquitetura da cidade. Segundo ele, as construções antigas de Cuiabá têm relação estreita com a paisagem natural que a cerca. O chamado centro histórico, por exemplo, tem seus limites e arruamento definidos pelo córrego da prainha e pelo relevo que acompanha suas margens. A ligação com o Rio Cuiabá e seu porto fluvial foi igualmente crucial na definição da malha urbana, suavemente acomodada aos contornos da paisagem, as praças, monumentos políticos e religiosos estão estrategicamente posicionados nas elevações do terreno.
De acordo com o professor, a manutenção desses espaços é
responsabilidade dos proprietários. Nos casos de obras tombadas,
reconhecidas pelo poder público como patrimônio cultural e protegidas
como tal, os proprietários devem zelar pela manutenção das características originais das obras, sob a supervisão e o apoio institucional dos órgãos responsáveis pelo tombamento, estejam eles em nível federal, com supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), estadual ou municipal.
É possível valorizar as singularidades regionais de uma cidade que busca se tornar mais inovadora e tecnológica? Bom, segundo Ricardo, é possível sim. Essa valorização se faz necessária, em locais dotados de riquezas históricas e naturais, como Cuiabá e o estado de Mato Grosso de forma geral. É preciso superar a noção equivocada de que investimentos em patrimônio histórico visam apenas a preservação, a manutenção do que já existe.
Sabe-se hoje que a preservação só é viável quando gera riqueza, emprego e desenvolvimento. A cultura patrimonial não pode ser apenas contemplativa, mas produtiva, no sentido de gerar benefícios à sociedade que a detém, elevar a qualidade dos serviços urbanos, o turismo, a inclusão e a justiça social, afirma o coordenador.
Referente à importância do fomento da educação patrimonial, Ricardo
comenta:
“Recuperar a qualidade urbana e ambiental do centro da cidade, pensado como um todo e não como um somatório de monumentos
isolados, deveria ser a primeira e mais poderosa lição de educação
patrimonial. Sem ações concretas nesse sentido, toda estratégia
de conscientização e educação patrimonial torna-se limitada, senão
completamente inócua”
Por: Victória Oliveira