No último dia 29 de fevereiro, Marty Kedian fez história ao ser o primeiro paciente com câncer a receber um transplante de laringe e recuperar a voz. O centro médico Mayo Clinic, nos EUA, removeu um câncer raro de laringe do paciente de 59 anos, realizando um transplante com o órgão doado.
O procedimento foi o primeiro da história a ocorrer em um paciente com câncer ativo, de acordo com um comunicado da Mayo Clinic, na terça-feira (9). Aliás, transplantes de laringes são extremamente raros e, normalmente, não são uma opção para pessoas que possuem um câncer ainda em atividade. Por isso, Kedian é apenas a terceira pessoa nos EUA a receber um transplante total de laringe e um dos poucos em todo o mundo.
As outras duas pessoas que receberam esse tipo de transplante perderam suas vozes devido a acidentes que deixaram lesões na laringe. Desse modo, o transplante de laringe ao paciente com câncer é parte de um novo teste clínico para ampliar o potencial da operação.
Como foi o transplante de laringe
O transplante durou 21 horas e contou com uma equipe cirúrgica de seis pessoas. Após remover a laringe com câncer de Kedian, os médicos realizaram o transplante com o órgão doado e os tecidos adjacentes necessários – glândulas de tireoide, paratireoide, faringe e a parte superior da traqueia – além de minúsculos vasos sanguíneos para supri-los.
Em seguida, com novas técnicas de microcirurgia, os médicos conectaram nervos essenciais para que o paciente saiba diferenciar quando precisar engolir ou mover as cordas vocais. “A laringe é parte de uma unidade, ou, como gosto de dizer, uma verdadeira estrutura biomecânica com vida própria”, diz David Lott, diretor do Departamento de Otorrinolaringologia da Mayo Clinic.
Segundo o médico, os problemas na laringe desencadeiam problemas em toda a garganta por “tudo ser tão entrelaçado de maneira complexa para funcionar em conjunto”.
Desde o transplante que removeu o câncer, o paciente recuperou 60% de sua voz. Esse resultado é algo impressionante segundo os médicos, pois eles estimavam essa recuperação em, pelo menos, um ano. Além disso, de acordo com David Lott, o paciente não apenas recuperou sua voz após o transplante, mas também manteve o seu sotaque.
