Países como Brasil, Canadá e Estados Unidos já trabalham em leis para redução de riscos com a expansão da tecnologia
A implementação da inteligência artificial (IA) tem sido um dos maiores avanços tecnológicos nas últimas décadas, impulsionando inovações e transformações em vários setores. De acordo com um estudo do Gartner, líder mundial em pesquisa e aconselhamento para empresas, estima-se que até 2026, mais de 80% das empresas utilizarão modelos ou interfaces de programação de aplicações de inteligência artificial generativa (IA GenAI), e/ou irão implementar aplicações habilitadas para essa tecnologia em seus ambientes de produção. Os números mostram um aumento significativo em relação à porcentagem de apenas 5%, estimada para 2023.
Essa ascensão da tecnologia como uma força transformadora em diversos segmentos traz consigo uma série de desafios legais que demanda uma abordagem cuidadosa e adaptativa. Enquanto a IA abre novas fronteiras de inovação, surgem desafios legais significativos que exigem atenção e resolução.
Um desafio a ser transposto na esfera legal da IA é a discrepância entre a velocidade com que a tecnologia evolui e a lentidão na adaptação da legislação. As leis atuais muitas vezes não acompanham as rápidas mudanças na IA, resultando em lacunas e ambiguidades legais. Manter regulamentações atualizadas e flexíveis é crucial para garantir uma abordagem eficaz e ética para a implementação da IA.
No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) representa uma consideração relevante para as organizações que adotam a IA. A LGPD estabelece diretrizes rigorosas para a coleta, armazenamento e processamento de dados pessoais, tornando-se essencial para garantir a privacidade e a segurança dos indivíduos. A conformidade com a LGPD é vital para evitar sanções legais e proteger a reputação das empresas que utilizam IA.
Para a IA não existe fronteiras, e as diferenças nas abordagens regulatórias entre as potências globais, como China, Europa e Estados Unidos, criam desafios adicionais. Cada região tem suas próprias perspectivas e prioridades legais em relação à IA. Coordenar esforços internacionais para estabelecer padrões comuns pode ajudar a evitar conflitos e facilitar uma abordagem mundial coesa.
Recentemente, nos Estados Unidos, a questão da propriedade intelectual ganhou destaque com casos emblemáticos, o mais conhecido é o processo movido pelo New York Times contra a OpenAI. O embate entre o direito à informação e a proteção dos algoritmos de IA levanta questões sobre quem detém os direitos sobre as saídas geradas por esses sistemas. Esclarecer e estabelecer regulamentações sólidas sobre a propriedade intelectual na IA torna-se essencial para evitar litígios e promover um ambiente inovador.
A implementação da inteligência artificial está ligada aos desafios legais que ela apresenta. Abordar questões de privacidade, responsabilidade, viés algorítmico e regulamentações globais desiguais exige uma colaboração contínua entre formuladores de políticas, empresas, pesquisadores e a sociedade em geral. Ao navegar nas águas jurídicas da inovação tecnológica, é extremamente importante encontrar um equilíbrio que permita o progresso, mas não às custas da ética e da justiça.
Marcelo Ciasca é CEO da Stefanini Brasil.
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Fonte: Forbes