sábado,23 novembro, 2024

IBGE muda a denominação de Aglomerados Subnormais para Favelas e Comunidades Urbanas

Após a parceria “Favela no Mapa” com CUFA e Data Favela, a alteração da nomenclatura é um mais um passo em direção à inclusão destes territórios

Após a parceria “Favela no Mapa” com Central Única das Favelas (Cufa) e Data Favela para a conclusão do censo, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anuncia a alteração de nomenclatura de Aglomerado Subnormal, usado desde o final da década de 1980, para Favelas e Comunidades urbanas, para se referir às favelas brasileiras.

Para o presidente da Cufa-MT, Anderson Zanovello, o anúncio da nova nomenclatura se trata de um grande reconhecimento desses territórios, muitas das vezes invisibilizados e marginalizados pela sociedade, sem a devida importância da grande potência que são.

“A favela movimenta a economia e o que buscamos é o nosso espaço. Assim como precisamos que as políticas públicas de fato cheguem a esses territórios, também precisamos que a perspectiva de empresas, autoridades e população em geral seja sob outra óptica, enxergando as favelas como territórios de grandes oportunidades pela potência que são e invistam em mais projetos”, declarou Zanovello.

No projeto “Favela no Mapa”, as entidades ajudaram a abrir portas para o trabalho de recenseadores em diferentes regiões do país, com o objetivo de reduzir o percentual de domicílios que não tinham respondido à operação censitária em comunidades. Nesses locais, além de ausência e recusa, havia outros problemas como omissão de domicílios (de fundos ou na laje) e dificuldades de acesso.

A mudança de denominação é um marco histórico para a sociedade e, principalmente para as pessoas que vivem nestes territórios por ajudar a derrubar os estigmas negativos associados ao termo favela, facilitando a mobilidade social e diminuindo os preconceitos ao redor da palavra.

A necessidade de olhar para as favelas, coloca-la no mapa e no radar do poder público e, acima de tudo entender a complexidade das suas carências, mas também toda a resiliência, diversidade e potências, motivou a Cufa e o Data Favela a proporem a parceria com o IBGE, para que esses territórios saíssem da invisibilidade. A partir desta parceria, no projeto chamado Favela no Mapa, foi possível compreender que a denominação de aglomerados subnormais posicionava esses locais e, por consequência, os seus moradores, em condição de inferioridade e desvantagem social.

“O Favela no Mapa contribuiu com a apuração de dados para balizar políticas públicas com base nas demandas específicas do território. Dados estes que são fundamentais para que essas políticas sejam eficientes e duradouras. A alteração da nomenclatura é mais um passo em direção ao fim da invisibilidade destes territórios” explica Preto Zezé, conselheiro da Cufa.

A Cufa, criada há mais de 25 anos e presente em mais de 5 mil favelas em todos o território nacional, trabalha incessantemente desde o início em projetos que oportunizem ao máximo o potencial das favelas. Seja por meio de projetos focados em esporte e cultura, como os que capacitam, desenvolvem e dão protagonismo para todo o potencial de realização, empreendedorismo e de consumo de seus moradores.

“Sempre falei que “favela não é carência, favela é potência”, essa afirmação é para desconstruir a visão estereotipada das favelas como lugares de pobreza, violência e criminalidade. As favelas são, na verdade, espaços de resistência, cultura e criatividade. O reconhecimento das favelas pelo IBGE é um passo importante para a afirmação dessa visão. Visão essa que a Cufa já vem trazendo em todas as comunicações há mais de 20 anos. Somos os pioneiros em promover o maior campeonato de futebol do mundo entre as favelas, com a Taça das Favelas, saímos na frente e criamos o Dia da Favela, criamos a primeira feira de negócios do mundo com a Expo Favela. Com esse passo, o IBGE está contribuindo para que as favelas sejam vistas como parte integrante da sociedade brasileira” diz Celso Athayde, fundador da Cufa, Favela Holding e co-idealizador do movimento Favela no Mapa.

“A parceria que colocou os números da favela no Mapa, agora coloca o nome favela nas estatísticas nacionais. É a favela no mapa do Brasil e do IBGE”, diz Renato Meirelles, fundador do Data Favela e co-idealizador do movimento Favela no Mapa.

Assessoria

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