Levantamentos, escavações, prospecção geofísica 3D e imagens de satélite da região sul da Europa Central revelaram informações importantes

Um novo estudo liderado por cientistas da Universidade College de Dublin, na Irlanda, desafia as teorias sobre o colapso das sociedades no fim da Idade do Bronze na Europa Central e Oriental. 

Enquanto muitas civilizações ao redor do Mediterrâneo enfrentavam crises devastadoras, a equipe encontrou indícios de prosperidade em comunidades pré-históricas na Bacia dos Cárpatos. Atualmente, esta região é uma cadeia montanhosa da Europa Oriental disposta em arco, que atravessa a República Checa, a Eslováquia, a Polônia e a Romênia. 

A investigação, iniciada com levantamentos, escavações e prospecção geofísica 3D, teve um ponto crucial quando a equipe uniu fotografias aéreas e imagens de satélite da região sul da Europa Central, onde se encontram os esconderijos de fortes pré-históricos. Essa abordagem permitiu revelar uma rede densa de comunidades interligadas.

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Destacam-se megafortalezas como Corneşti Iarcuri, cujas imponentes muralhas e valas se estendem por 33 km, indicando a presença de uma sociedade de dezenas de milhares de pessoas, todas intimamente conectadas. 

Visão sem precedentes da vida cotidiana das comunidades da Idade do Bronze

Contrariando a ideia de colapso absoluto, o estudo descobriu que, por volta de 3,6 mil anos atrás, surgiram pequenos estados políticos na região sul da Panônia, com mais de 100 assentamentos próximos, ligados por cursos d’água e áreas úmidas.

A dependência desses recursos naturais pode ter atenuado os impactos climáticos que arruinaram outras comunidades no fim da Idade do Bronze. No entanto, por volta de 1250 a.C., a escassez de chuvas começou a afetar essas sociedades, sinalizando um período de dificuldades. Evidências arqueológicas apontam que, até 50 anos mais tarde, a maioria desses locais foi abandonada em massa, indicando um desfecho significativo.

Essas descobertas desafiam a visão convencional da pré-história europeia, revelando uma rede intrincada de comunidades inovadoras e politicamente estruturadas entre 1500-1200 a.C. Dotadas de instituições sociais complexas, essas sociedades gerenciavam interações, cooperação e até competição de maneira organizada.

Publicado este mês na revista PLOS ONE, o estudo detalhado, que mapeia a disposição e o tamanho dos assentamentos, oferece uma visão sem precedentes da vida cotidiana dessas comunidades durante a Idade do Bronze, ao revelar suas interações, as estruturas sociais complexas e dinâmicas, fornecendo um entendimento mais amplo dessas sociedades do passado.

Os autores acreditam que sua pesquisa representa um marco na compreensão dessas sociedades mutuamente dependentes e entrelaçadas, destacando-as como centros de inovação, política e comércio em um período crucial da história antiga.

Texto: Flavia Correia