quarta-feira,27 novembro, 2024

Agricultura global precisa de uma revolução verde permanente

A agricultura sempre foi uma corrida contra o tempo. Todos os anos, a população mundial cresce e os agricultores do mundo se esforçam para alimentar mais 83 milhões de bocas. Embora a sociedade tenha normalizado isso, é um feito incrível: passar 1,6 bilhão de pessoas alimentadas em 1900 para 8 bilhões nos dias atuais, ao mesmo tempo em que os produtores rurais aumentaram o total de terras cultivadas em apenas 30%.

Mas há um problema: a degradação ambiental, a resistência química e as alterações climáticas significam que os avanços que mantiveram os agricultores um passo à frente da fome estão perdendo força e intensidade. Para continuar a alimentar a crescente população global, é preciso adotar inovações em máquinas, química e genética, que permitam aos agricultores ampliar as operações e gerir milhares de hectares ao mesmo tempo, tornando-os verdadeiramente sustentáveis ao trazer de volta para o cotidiano das lavouras o cuidado com cada planta individualmente.

À beira de uma nova revolução agrícola
Ao longo do último século, o mundo assistiu a três revoluções agrícolas distintas, cada uma delas proporcionando enormes ganhos de produtividade.

  • A revolução das máquinas reduziu a mão-de-obra necessária para cultivar um hectare de terra. Em 1900, 41% da força de trabalho dos EUA estava empregada na agricultura; hoje, é inferior a 2%, com muito mais alimentos produzidos por muito menos pessoas. (Para comparação, no Brasil, até 1960, a agricultura era rudimentar, prevalecendo o trabalho braçal na produção. Hoje, é o maior exportador global de café verde, carne bovina, frango in natura, celulose, soja em grão, açúcar e milho).
  • A Revolução Química permitiu extrair o azoto do ar para criar fertilizantes sintéticos e cultivar alimentos numa escala sem precedentes. Simultaneamente, os pesticidas químicos deram aos agricultores uma vantagem sobre os agentes patogênicos, os insetos e as ervas daninhas.
  • A Revolução Verde, ou Green Revolution, levou os pesquisadores a decifrarem os genomas de plantas, levando a cultivos mais resistentes e de maior rendimento. Os agricultores triplicaram a sua produção e países como México, Índia e Paquistão, por exemplo, passaram de escassez de alimentos para excedentes em apenas alguns anos.
    Estas revoluções permitiram aos agricultores alimentar milhões de pessoas e pouparam dezenas de milhões de hectares de terra da desflorestação. No Brasil, a produção aumentou cerca de 400% entre 1980 e 2021, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Nos EUA, a produção de milho explodiu, aumentando em cerca de seis vezes entre 1930 e 2022. Mas o progresso teve um custo.

É do conhecimento da ciência, agora, que os fertilizantes liberam óxido nitroso, que é um gás com efeito de estufa 300 vezes mais potente que o CO2. E que a produção agrícola é responsável por até 37% das emissões climáticas globais anuais. Apenas os fertilizantes, por si só, causam mais danos do que a aviação e o transporte marítimo juntos.

Shely Aronov, Forbes EUA

Redação
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