Durante um sobrevoo próximo de Ganimedes em 2021, a sonda Juno, da NASA, captou imagens sem precedentes da maior lua de Júpiter
A missão Juno, da NASA, identificou sais e substâncias orgânicas em Ganimedes, a maior lua de Júpiter, pela primeira vez. Esta descoberta pode ajudar os pesquisadores a compreender melhor a formação do satélite e a composição do seu oceano profundo.
Maior até mesmo que o planeta Mercúrio, Ganimedes tem sido de grande interesse científico devido ao vasto oceano interno de água escondido sob sua crosta gelada. Dados coletados pela sonda Juno em um sobrevoo próximo ao objeto, em 7 de junho de 2021, serviram de base para o novo estudo, publicado esta semana na revista Nature Astronmy.
Observações feitas pelo espectrômetro Jovian InfraRed Auroral Mapper (JIRAM) revelaram a existência de substâncias como cloreto de sódio hidratado, cloreto de amônio, bicarbonato de sódio e, possivelmente, aldeídos alifáticos.
A presença de sais amoníacos sugere que Ganimedes pode ter acumulado materiais suficientemente frios para condensar o amoníaco durante a sua formação. Os sais carbonáticos podem ser restos de gelos ricos em dióxido de carbono.
FEDERICO TOSI, COINVESTIGADOR DO INSTITUTO NACIONAL DE ASTROFÍSICA DA ITÁLIA E AUTOR PRINCIPAL DO ARTIGO
Examinar as luas de Júpiter de perto faz toda a diferença
A existência desses sais e substâncias orgânicas no oceano de Ganimedes já havia sido sugerida por observações anteriores feitas pela sonda Galileu, também da NASA, pelo Telescópio Espacial Hubble e pelo Observatório Europeu do Sul.
No entanto, a resolução dessas imagens era baixa demais para se ter certeza. Como a sonda Juno chegou bem mais perto do alvo, a cerca de mil quilômetros de altitude, ela foi capaz de captar imagens com uma resolução espacial sem precedentes e espectros infravermelhos com qualidade de um quilômetro por pixel.
A região de Ganimedes observada pela espaçonave compreende uma estreita faixa latitudinal (entre 10 graus norte e 30 graus norte) e uma faixa longitudinal mais ampla (menos 35 graus leste a 40 graus leste) no lado voltado para Júpiter. Essa região é protegida do bombardeio energético de elétrons e íons pesados criado pelo campo magnético infernal do planeta, o que facilitou a detecção dos elementos recém-descobertos.
Texto: Mateus Dias