A empresa destaca ainda que nos últimos três anos o deslocamento com bicicletas elétricas na América Latina saltou de 56 mil para mais de 11 milhões
O deslocamento com bicicletas elétricas compartilhadas no Brasil cresceu 66% em 2023, segundo dados da Tembici, startup de mobilidade que opera as conhecidas bicicletas do Itaú, na comparação com 2022. A empresa destaca ainda que nos últimos três anos o deslocamento com bicicletas elétricas na América Latina saltou de 56 mil para mais de 11 milhões. Até o fim de 2023 a empresa planeja disponibilizar os modais elétricos em oito cidades do país. Em 2022, três capitais contavam com as estações.
O levantamento da empresa, ao qual EXAME teve acesso, estima que, em trajetos mais longos, de 9 a 10 quilômetros, por exemplo, um carro leva em média 21 minutos. Já a bicicleta elétrica realiza o mesmo percurso em apenas 7 minutos, uma redução de 66% no tempo. “Além de expandirem as oportunidades de uso, considerando distâncias e diferentes relevos, as e-bikes são a resposta ideal para um problema em todas as grandes cidades: o trânsito”, diz Martins.
Em meio ao aumento da utilização das e-bikes, a Tembici afirma que fechará 2023 com um aumento de 220% em número de bicicletas, com 10 mil elétricas nas ruas, em comparação com o ano anterior. Para 2024, a startup planeja que a capacidade de produção chegue a mais 10 mil bikes elétricas somadas à frota.
A ideia é que o Tembici Labs, um centro de inovação e tecnologia lançado recentemente, acelere a produção de bicicletas elétricas compartilhadas. “Nossa e-bike, totalmente desenvolvida no Brasil, conta com tecnologia 100% nacional, pedal assistido e uma bateria que oferece 100 km de autonomia”, afirma Tomás Martins, CEO da Tembici.
A empresa tem fábricas na Zona Franca de Manaus e na cidade de Extrema, em Minas Gerais.
Em fevereiro deste ano, a startup fechou um acordo de financiamento de 160 milhões de reais com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O financiamento faz parte de um plano de investimento mais robusto que prevê até R$ 274 milhões, concedidos nos próximos três anos. Metade deste primeiro montante (algo como R$ 80 milhões) vem do Fundo Clima, programa vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e parte da Política Nacional sobre Mudança do Clima — que promete taxas de juro reduzidas para projetos voltados para a mitigação das mudanças climáticas.
Uso de carros particulares deve cair
A estratégia da Tembici tem como base pesquisas que indicam que a mobilidade urbana sofrerá mudanças nos próximos dez anos. Segundo uma pesquisa do Ibope Media, o uso de carros particulares nas maiores cidades do mundo deve cair 10%. Com isso, 49% das viagens serão por meio de transporte público, bicicletas e caminhadas. A projeção é de que, somente no ciclismo, o crescimento seja de 18%. Em São Paulo, por exemplo, o levantamento projeta um aumento de 10% no transporte público, 25% na caminhada, 47% no uso de bicicleta — e uma queda de 28% no uso de carros entre seus usuários.
Martins, da Tembici, explica que o cenário favorece o uso dos modais elétricos na mobilidade das cidades. “Nossa intenção é liderar esta revolução para a micromobilidade sustentável, por isso anunciamos recentemente nosso novo centro de inovação e tecnologia e continuaremos com foco em destacar a utilização da bicicleta elétrica em nossos sistemas. Com isso, manteremos nosso objetivo de impactar positivamente a mobilidade urbana e revolucionar essa cultura. E estamos nos preparando para esta nova realidade, comparando 2022 com 2023, aumentamos nossa frota de bicicletas compartilhadas em 50%, fecharemos o ano com 30 mil bikes”, diz o CEO da Tembici.
Texto:André Martins