A empresa JuCarepa surgiu como uma confeitaria, em 2021, mas pivotou para focar no varejo e food service
Nascida em Belém (PA), Juliana Carepa diz que carrega suas origens em todo lugar. Ela tem uma tatuagem do mapa do Pará em seu braço, e seu cachorro se chamava Jambu, fruta típica da região norte. O nome também virou inspiração para a sua empresa, JuCarepa, que vende produtos inspirados na Amazônia, como o caramelo de cumaru, uma planta típica local. O negócio surgiu como uma confeitaria, em 2021, mas pivotou no ano passado para focar no varejo e no food service.
Segundo a empreendedora, o objetivo do negócio é mostrar a importância da preservação da Amazônia. “A extração do cumaru só existe com a floresta em pé”, diz Carepa, acrescentando que a floresta também é fundamental para as famílias que dependem da extração do fruto para se sustentar.
O empreendedorismo não era a primeira opção de profissão de Carepa. Ela se mudou para a cidade do Rio de Janeiro para cursar direito em 2011 e seguiu carreira na área. Em seu tempo livre, costumava fazer doces — muitos deles recheados com cupuaçu. “Durante a pandemia, passei mais tempo em casa e comecei a fazer cursos de confeitaria”, afirma, contando que testava as receitas e oferecia para seus vizinhos experimentarem.
“Vi que estava aproveitando mais meu tempo com isso do que com o meu trabalho”, diz a empreendedora, que também começou a vender os produtos para seus amigos e familiares. Carepa divulgava seus produtos nas redes sociais e fazia parceria com influenciadores digitais. “Criei cestas de doces para datas comemorativas, como a Páscoa, e também confeitos para alguns casamentos.”
Entretanto, Carepa enfrentou desafios ao transformar o hobby em negócio. “Tive dificuldade de dividir o espaço em casa, e tive de transformar um quarto em espaço para confeitaria”, afirma. “Trazer os insumos dos pequenos produtores da Amazônia também era um desafio, e eu precisava garantir que eles chegassem todos os meses.”
Pensando em formas de escalar o negócio, a empreendedora percebeu que a confeitaria tinha algumas limitações. “Os produtos são perecíveis e seria complicado vender para todo o Brasil. Além disso, minha ideia era comprar em quantidades maiores dos pequenos produtores para fortalecer essas cadeias extrativistas”, afirma.
Em julho de 2022, a empreendedora voltou para Belém para ficar mais perto dos fornecedores. Também decidiu se inscrever em um edital da UFPA para que seu negócio fosse incubado dentro da universidade — e foi aprovada. O programa tem duração de 30 meses e pode ser estendido por mais dois anos e meio.
Carepa aproveitou o momento para mudar o modelo de seu negócio e adaptou algumas receitas que já utilizava em seus doces, como caramelo e pó de cumaru, para aumentar a sua durabilidade. Também começou a se aproximar de outros negócios focados na Amazônia para fornecer os novos produtos.
A marca hoje fornece os produtos para varejo e estabelecimentos de alimentação, chegando a 10 pontos de venda atualmente. Um deles é a loja Ver-o-Pesinho, que vende diversos produtos amazônicos e inseriu os produtos da JuCarepa em seu portfólio em junho deste ano. A empreendedora diz ter faturado cerca de R$ 100 mil entre março e setembro, já com a nova operação.
Agora, a meta Carepa é expandir a gama de produtos. “Dentro da universidade, consigo desenvolver novas formas de trabalhar com os insumos amazônicos, especialmente com o cumaru, que é meu foco no momento”, afirma.
Texto: Carina Brito