sexta-feira,22 novembro, 2024

MASP sedia “Histórias Indígenas” e 1ª mostra de Melissa Cody na América Latina

As exposições oferecem novas narrativas visuais sobre diversos povos indígenas de quatro continentes, que ficarão expostas até o começo de 2024

Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), em colaboração com o Kode Bergen Art Museum, apresenta, de 20 de outubro de 2023 a 25 de fevereiro de 2024, a mostra coletiva Histórias indígenas, que ocupa as galerias do 1º andar e 2º subsolo do museu.

Após sua estadia no Brasil, a exposição parte para Bergen, na Noruega, e fica em cartaz na instituição de 26 de abril a 25 de agosto de 2024.

A mostra tem curadoria de Edson Kayapó, Kássia Borges Karajá e Renata Tupinambá, curadores-adjuntos de arte indígena do MASP, e dos curadores internacionais convidados Abraham Cruzvillegas da Cidade do México; Alexandra Kahsenni:io NahwegahbowJocelyn PiirainenMichelle LaVallee e Wahsontiio Cross do National Gallery of Canada, em Ottawa; Bruce Johnson-McLean do National Gallery of Australia, em Camberra; Irene Snarby de Tromsø, na Noruega; Nigel Borell de Auckland, na Nova Zelândia e Sandra Gamarra de Lima, no Peru.

Pintura "Kapewë pukeni" [Jacaré-ponte] de Acelino Tuin Huni Kuin, Movimento dos Artistas Huni Kuin — Foto: Daniel Cabrel / Divulgação
Pintura “Kapewë pukeni” [Jacaré-ponte] de Acelino Tuin Huni Kuin, Movimento dos Artistas Huni Kuin — Foto: Daniel Cabrel / Divulgação

A exposição coletiva apresenta, por meio da arte e das culturas visuais, diferentes perspectivas das histórias indígenas da América do Sul e do Norte, Oceania e Escandinávia, dando continuidade às mostras dedicadas às Histórias no MASP, que acontecem desde 2016. Esta curadoria possui cerca de 285 obras de 170 artistas.

A coletiva compreende oito núcleos: sete dedicados a diferentes regiões do mundo, sendo eles: Relações que nutrem: família, comunidade e terra, do Canadá; A construção do “eu”, do México; Histórias de pintura no deserto, da Austrália; Pachakuti: o mundo de cabeça para baixo, do Peru; Rompendo a representação, dos Maori, da Nova Zelândia; Tempo não tempo, do Brasil; Várveš: escondidos do dia, dos Sami, da Noruega; e um núcleo temático organizado por todos os curadores da mostra, intitulado Ativismos.

Para compreender a exposição Histórias Indígenas, é importante considerar o significado particular do termo “história”. É uma palavra que abrange tanto uma forma narrativa ficcional quanto a não ficção. Ela é formada por relatos históricos e pessoais, de natureza pública e privada, possuindo, assim, um caráter mais especulativo, aberto, incompleto, processual e fragmentado do que é a noção tradicional de História.

Além disso, em 20 de outubro, o museu também recebe a exposição individual Melissa Cody: céus tramados, que ocupará a galeria localizada no 1º subsolo do museu até 21 de janeiro de 2024. A exposição integra a programação dedicada às Histórias indígenas. Com curadoria de Isabella Rjeille e Ruba Katrib, a mostra reúne 26 obras têxteis da artista navajo, povo indígena do sudoeste dos Estados Unidos, produzidas a partir de um tradicional tear navajo (diné).

Melissa Cody cresceu entre a reserva indígena Nação Navajo, no estado do Arizona, e o sul da Califórnia, onde vive atualmente. Na cultura diné/navajo, a tecelagem é uma tecnologia transmitida às mulheres pela figura sagrada de Na’ashjéii Asdzáá, a Mulher-Aranha, o que as torna centrais para a manutenção de suas comunidades. Herdeira deste conhecimento ancestral, Cody faz parte da quarta geração de artistas de sua família.

Tecelagem de Melissa Cody, Under Cover of Webbed Skies [Sob o manto de céus tramados], de 2021 — Foto: Cortesia da artista e Garth Greenan Gallery, Long Beach,  Califórnia e Nova York, Estados Unidos
Tecelagem de Melissa Cody, Under Cover of Webbed Skies [Sob o manto de céus tramados], de 2021 — Foto: Cortesia da artista e Garth Greenan Gallery, Long Beach, Califórnia e Nova York, Estados Unidos

Em suas obras, Melissa mescla símbolos e padrões históricos da tapeçaria navajo, com referências que vão das paisagens de seu território de origem no estado do Arizona, Estados Unidos, ao universo pop do videogame e da música.

Em uma vitrine, também serão exibidas ferramentas usadas pela artista na confecção de seus trabalhos têxteis, assim como registros de seu processo, ampliando, então, o conhecimento acerca dessa prática milenar e seus significados na cosmovisão diné. Organizada pelo MASP e Museu de Arte Moderna PS1, a exposição também será exibida no MoMA PS1, em Nova York, entre 4 de abril e 2 de setembro de 2024.

Na tapeçaria navajo, a cor, os padrões, os símbolos e os materiais carregam significados com os quais Cody trabalha para tecer novas narrativas diante do tear. Como indica a tradição, cada tapeçaria é concebida diretamente na ferramenta, sem nenhum desenho prévio. Através de um habilidoso uso das cores, formas e combinações, Cody cria obras de pequenas, médias e grandes dimensões, desafiando a própria mídia e criando ilusões óticas de tridimensionalidade.

A curadora Ruba Katrib confirma “a enorme habilidade necessária para conferir simetria e variação à peça finalizada não pode ser subestimada. A confiança na memória e nas combinações matemáticas é fundamental para essa prática, destacando que a tecelagem é uma tecnologia que também levou à criação de nossa era digital à qual Cody reage nos temas de sua obra”.

Serviço “Histórias indígenas”

Quando: de 20 de outubro de 2023 a 25 de fevereiro de 2024. Terça-feira, das 10h às 20h (entrada até às 19h); quarta-feira a domingo, das 10h às 18h (entrada até às 17h).
Onde: MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, 1º andar e 2º subsolo. Avenida Paulista, 1578 — Bela Vista.
Quanto: R$ 60 (entrada); R$ 30 (meia-entrada). Grátis as terças-feiras.

Serviço “Melissa Cody: céus tramados”

Quando: de 20 de outubro de 2023 a 21 de janeiro de 2024. Terça-feira, das 10h às 20h (entrada até às 19h); quarta-feira a domingo, das 10h às 18h (entrada até às 17h).
Onde: MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, 1º subsolo. Avenida Paulista, 1578 — Bela Vista.
Quanto: R$ 60 (entrada); R$ 30 (meia-entrada). Grátis as terças-feiras.

Texto: Isabella Valentim

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