sexta-feira,22 novembro, 2024

Novo dispositivo tornará possível dar ordens ao corpo com pulsos de eletricidade

Um novo estudo desenvolvido por pesquisadores da universidade pública ETH Zürich, na Suíça, indica que genes humanos podem ser controlados com eletricidade. Para chegar ao resultado, os pesquisadores desenvolveram uma tecnologia experimental chamada de interface “eletrogenética”, que usou pequenos pulsos de eletricidade para desencadear a produção de insulina em ratos com tecidos pancreáticos humanos, projetados especialmente para o experimento.

“Dispositivos eletrônicos vestíveis [wearables] estão desempenhando um papel em rápida expansão na aquisição de dados de saúde de indivíduos para intervenções médicas personalizadas. No entanto, os wearables ainda não podem programar diretamente as terapias baseadas em genes devido à falta de uma interface eletrogenética direta. Aqui nós fornecemos o elo perdido”, escrevem os pesquisadores em artigo publicado na revista científica Nature Metabolism.

A equipe diz que a nova ferramenta, que se chama DART – sigla em inglês para regulação acionada por corrente contínua – combina a tecnologia digital dos gadgets com a tecnologia analógica de nossos corpos biológicos.

Como a tecnologia DART funciona
Os seres humanos nascem com um certo conjunto de genes e, embora esse código genético permaneça praticamente inalterado durante nossas vidas, a maneira como os genes são expressos (ou ativados) pode mudar à medida que envelhecemos e mudamos nossos hábitos, lembra o Science Alert. A nova tecnologia pode fornecer um meio de desfazer algumas dessas alterações.

Incentivar a produção de insulina diretamente pode ajudar alguém com diabetes, por exemplo. Neste estudo, células pancreáticas humanas foram implantadas em camundongos com diabetes tipo 1, que foram então estimuladas usando uma corrente contínua de agulhas de acupuntura.

A eletricidade gerou níveis não tóxicos de espécies reativas de oxigênio, moléculas energéticas que – quando adequadamente gerenciadas – podem iniciar um processo que ativa células projetadas para responder à mudança na química dos genes. Mudar a forma como o DNA da célula é regulado, mexendo com suas moléculas ‘liga/desliga’, pode potencialmente ajudar com uma variedade de condições afetadas pela genética.

Os pesquisadores foram capazes de estimular os níveis de açúcar no sangue dos ratos diabéticos a voltarem ao normal por meio desse método.

Intervenções no metabolismo serão possíveis, dizem pesquisadores
Um dos muitos desafios pela frente será fazer isso funcionar em pequenos dispositivos. A boa notícia é que o DART requer pouquíssima energia: três pilhas AA seriam suficientes para mantê-lo funcionando por cinco anos, por exemplo, com sinais elétricos aplicados uma vez por dia.

A equipe está confiante de que a tecnologia pode ser desenvolvida e expandida para desencadear mais do que apenas a produção de insulina. Nos próximos anos, os dispositivos vestíveis de saúde poderão fazer muito mais do que apenas relatar estatísticas.

“Acreditamos que esta tecnologia permitirá que dispositivos eletrônicos vestíveis programem diretamente intervenções metabólicas”, escrevem os pesquisadores.

Fonte: Época Negócios

Redação
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