Ontem, 29 de janeiro, comemora-se o Dia da Visibilidade Trans. A data tem como objetivo trazer conscientização e visibilidade positiva sobre as pessoas transexuais, travestis e transgêneros. Para isto, é necessário que haja a mobilização da sociedade civil, mas também de governos e empresas.

Isto porque o cenário brasileiro é desafiador para as pessoas trans. De acordo com o relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, 133 trans foram assassinadas em 2022, fato torna o Brasil o país com maior número de homicídios de pessoas trans pelo 14º ano consecutivo. A violência é ainda maior quando contra mulheres, pretas e pardas. De todos os assassinados, apenas um era homem trans, e 76% negras.

Para mudar essa realidade, o novo governo Lula estabeleceu a secretária de Direitos da População LGBTQIA+, comandada pela travesti Symmy Larrat. Além disto, o setor privado tem importante participação quando pode capacitar e contratar pessoas trans para gerar renda, perspectivas e expectativa de vida para além dos 35 anos, a atual média nacional.

Alpargatas

Desde 2021, a companhia conta com o programa Alpa Transforma. A iniciativa se localiza na Paraíba, onde estão a maioria das fábricas da empresa. Ali, foram abertas 40 vagas para pessoas trans na primeira turma, 34 se formaram e 25 foram contratadas pela empresa. A parceria com o Alicerce se iniciou a partir de uma demanda da Alpargatas de ampliar a diversidade e inclusão em sua maior fábrica, e da dificuldade de  encontrar pessoas candidatas para as vagas.

Foi então que surgiu o projeto para reforçar e desenvolver a educação de base de transexuais como estratégia para mudar este cenário. Após três meses de estudos, todas as pessoas participantes do curso receberam os certificados de conclusão. Além disso, há outra medidas para o público, como os nomes nos crachás e a comunicação visual de vestiários, por exemplo.

Ambev

Segundo a empresa, existem mais de 100 funcionários trans ocupando diferentes cargos. Uma das iniciativas é o programa Me Chame Pelo Meu Nome, na qual a companhia apoia pessoas funcionárias trans e travestis em buscam da retificação do nome. Ainda levando em consideração as vivências trans e travestis, a companhia apoia a Casa Neon Cunha no mesmo processo de retificação.

Em 2022, a cantora, compositora, atriz e ativista social Linn da Quebrada assumiu o cargo de consultora de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) na Ambev, e apoiou a ampliação das práticas de inclusão e visibilidade de pessoas LGBTI+.

Além disso, em parceria com a marca BEATS, a companhia passou a olhar para comunidade trans e reforçar a luta por mais inclusão, visibilidade e oportunidade. Então, veio a ideia do Palco Beats: que colabora com a visibilidade trans em palcos de diferentes casas de shows espalhadas pelo Brasil, assumindo cachês de artistas travestis, pessoas trans bináries e não bináries. Além dessa parceria, a Ambev e a BEATS apoiaram a Marcha Trans.

A Ambev também participou da segunda edição do Brewing Love, projeto que uniu cervejarias e destinou parte do lucro obtido com a venda de cervejas especiais a instituições de acolhimento, proteção e inclusão da população LGBTI+;

E, por fim, promoveu o curso TFORMA junto com a Academia da Cerveja, que ofereceu oportunidade de formação e inclusão de pessoas trans ao mercado cervejeiro. E, em parceria com a ONG TODXS, ofereceu mentoria para impulsionar projetos de empreendedorismo de pessoas trans e travestis, além de apoiar a última edição da Feira de Empregabilidade de Pessoas Trans.

Carrefour

O Grupo Carrefour tem o Dia D de Contratação, que são edições de contratação específicas para grupos minorizados. Desde 2016, a empresa também conta com projetos de capacitação profissional exclusivos, como o TRANSforma, que, em parceria com a Alicerce e a Casa Neon, formou mais de 250 pessoas trans.

Em 2022, o Carrefour empregava mais de 160 pessoas trans em todo o Brasil. O grupo também auxilia os funcionários trans com questões jurídicas, como retificação do nome, apoio psicológico, encaminhamento a atendimento médico.

Heineken

O Grupo Heineken além de oferecer a retificação de nome, oferece também apoio psicológico para pessoas transgêneros como benefício fixo. Os funcionários trans também optam por utilizar o nome social nos crachás, e-mails e assinaturas. Outra iniciativa é o apoio a funcionários trans com ajuda de custo para cirurgias, convênio médico e benefícios estendidos em caso de união estável, sem distinção.

Em 2022, a marca Amstel, do Grupo Heineken, levou o cartório às ruas de São Paulo na Feira Cultural da Diversidade da Parada LGBTI+, em que a marca custeou mais de 800 pessoas transgêneros a fazerem a retificação de nome, mais de 4 vezes mais do que havíamos planejado, afirma a empresa.

Ainda em 2022, a marca renovou a parceria com o movimento Feito Orgulho do META, na qual apoia a aceleração de empreendedores LGBTI+. Para ampliar ainda mais a visibilidade, a iniciativa levou empreendedores da plataforma para participar de uma edição temática do Shark Tank Brasil.

Há também o SpeakUp, canal de denúncias que garante investigação e confidencialidade e que pode ser utilizado por qualquer funcionário de maneira anônima para relatar qualquer violação ao Código de Conduta da companhia ou situações de preconceito, discriminação e assédio físico e moral.

Microsoft

A Microsoft vem aplicando algumas iniciativas de diversidade e inclusão ao longo dos anos. Entre elas, todos os funcionários brasileiros tem direito a um plano de saúde complementar, que contempla o tratamento para redesignação de gênero. A comapanhia também adota os banheiros sem gênero. 

Starbucks

A Starbucks oferece suporte psicológico e jurídico gratuito para os funcionários trans e travestis que buscam alterar nome e gênero nas certidões de nascimento. Além disto, membros da ONG Casa Florescer, em São Paulo, poderão receber assessoria jurídica para iniciar o processo de retificação de nome.

Outra ação, intitulada “I Am Working”, incluiu entrevistas de emprego e um programa de capacitação desenvolvido exclusivamente para pessoas trans e travesti interessadas em vagas disponíveis na Starbucks e nas outras marcas operadas pela SouthRock no Brasil.

Desde 2018, a Starbucks no Brasil trabalha com trabalha com ONGs que oferecem suporte e locais seguros, como a Casa 1 (SP) e o Grupo Arco-Íris (RJ), para apoiar os esforços de inclusão LGBTQIAP+ por meio de diversas ações.  Exemplo disso é a doação do lucro líquido da venda de produtos Starbucks, como o Pride Frappuccino e camisetas durante o Mês do Orgulho, comemorado em junho anualmente, para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade devido à sua orientação sexual e identidade de gênero.

Por Marina Filippe, Fernanda Bastos