Nas próximas décadas os agricultores brasileiros terão o desafio de aumentar a produtividade de suas lavouras nas mesmas áreas, garantindo a produção de alimentos com sustentabilidade para atender à crescente demanda mundial. A tarefa pode até não ser fácil, mas a solução pode estar muito mais próxima do que se imagina, embaixo dos nossos pés, ou seja, no solo.

Os solos são a reserva da maioria dos nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas e a forma como estes são geridos terá um grande impacto no crescimento das lavouras. Por isso, cada vez mais aumenta a necessidade de redesenho do sistema de plantio direto aliado à aplicação de fertilizantes a taxas variáveis nas linhas de semeadura.

Segundo Evandro Martins, presidente da diretoria executiva do Parque Tecnológico do Agro – Tecnoagro e presidente da FertiSystem, empresa brasileira que visa revolucionar a forma de plantar com soluções inteligentes para o plantio, essa nova modelagem ajudará a responder perguntas importantes, tais como: Precisa ou não de fertilizantes na área analisada? Qual quantidade? Está em excesso? “Temos que pensar da mesma maneira que funciona com os seres humanos. É preciso também fazer o ‘exame de sangue’ no solo para saber sua condição e se está saudável ou não”, diz.

A variabilidade existente no solo é resultado da interação de diversos fatores, tais como: relevo, material de origem e da relação/ação do homem nestas áreas, principalmente através da prática agrícola. O uso excessivo de fertilizantes, sem levar em consideração o que está disponível no solo e o que a cultura realmente necessita, tem se tornado um problema recorrente e danoso em cultivos. Assim causam impactos sociais, econômicos ao comprometer a produtividade e também o elevado custo dos fertilizantes e ao meio ambiente por contaminar o solo, as águas superficiais e subterrâneas.

De acordo com Martins, desde 2016 a empresa vem desenvolvendo projetos de disseminação da tecnologia embarcada em máquinas agrícolas. O objetivo sempre foi, por meio de ferramentas tecnológicas, automatizar os processos, com foco no plantio e no controle eletrônico da plantabilidade, buscando o uso racional na aplicação e dosagem de sementes e fertilizantes a taxas variáveis, rastreabilidade dos processos de campo, maior rentabilidade, redução de custos.

O dosador FertiSystem é uma dessas soluções eficientes e sustentáveis. Atualmente, o equipamento está presente em 95% das máquinas plantadeiras e semeadoras do Brasil. Ou seja, das 25 milhões de toneladas de fertilizantes aplicados na linha de semeadura para cultivo de grãos, cerca de 20,7 milhões, são utilizados nas máquinas, e passam pelo dosador da FertiSystem, nas culturas de soja, milho, arroz, algodão e trigo. “Esse dado expressivo nos remeteu a fazer um estudo que é o projeto de trabalharmos a aplicação em taxa variável na linha de semeadura do fertilizante. Em parceria com o Instituto Senai de São Leopoldo/RS, colocamos um sistema de sensores e servo motores com o objetivo de reduzir o percentual aplicado e aumentar a eficiência”, disse Martins.

Resultados


O projeto envolveu o desenvolvimento do sensor, do hardware de controle e do dispositivo, prevendo a melhor forma de acoplagem em maquinários mais antigos.

Nos testes, a quantidade de fertilizante aplicado com o uso da tecnologia por taxa variável foi de 11% a 18% menor que o da taxa fixa. Em média, a redução foi de 14,5% no fertilizante, sem perda de produtividade. Conseguiu-se produzir mais com menos insumos. Vale lembrar que nesses últimos dois anos os fertilizantes aumentaram 300%.

Tal feito rendeu, inclusive, o reconhecimento no Prêmio Estratégia ODS Brasil 2022 como prêmio Top 10 à FertiSystem. Essa premiação mostra que a aplicação de fertilizantes a taxas variáveis nas linhas de semeadura determinará um alto impacto na produção agrícola sustentável. “Estamos criando dentro do nosso laboratório de inovação disruptiva um cenário fantástico de uma solução que está vindo num momento muito importante para o Brasil”, disse o executivo.

Esses dados mostram que essa nova metodologia do redesenho do plantio direto é economicamente importante ao produtor, pois usará muito menos fertilizante associado a uma análise correta de solo. Outro ponto importante é da produtividade vinculada a um solo saudável e a presença maior da água.

Fonte: Ruralpress