domingo,24 novembro, 2024

Diesel de etanol: conheça tecnologia brasileira cotada para substituir combustível fóssil

Ao contrário do convencional, que tem origem fóssil e é utilizado em veículos de transporte de carga ou passageiros, geradores elétricos e indústrias de todos os segmentos, o novo combustível, produzido com tecnologia nacional, é visto como opção para diminuir a emissão de gases do efeito estufa, que provocam o aquecimento global, nos próximos anos.

O diesel da cana tem sido usado de forma experimental por empresas e em ônibus do transporte coletivo de São Paulo. O combustível foi um dos principais temas abordados durante a abertura da 28ª edição da Fenasucro & Agrocana, principal feira de bioenergia do planeta, na terça-feira (16) em Sertãozinho (SP).

Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro, explica que o combustível é formado a partir de um processo químico de alongamento da molécula do etanol até virar uma molécula de diesel e, se adotado, deve fomentar a economia nacional.

“O Brasil ainda importa mais de 14 bilhões de litros de diesel por ano. A produção do diesel de fontes renováveis, como esse, a partir do alongamento da molécula do etanol, é uma rota extremamente promissora e deve ser incorporada não só para transporte terrestres, mas também para os marítimos”.

Para Paulo Montabone, diretor da Fenasucro, o uso do novo combustível não está longe de se tornar realidade. Ele acredita que o diesel de etanol deverá gerar uma onda de investimento do setor da cana, para substituir, inclusive, o diesel usado em suas máquinas que operam nas plantações. Isso poderá fazer com que a certificação das usinas viva um novo momento, de maior eficiência energética e menor impacto negativo no meio ambiente.

De acordo com Montabone, o diesel produzido a partir do etanol é uma tecnologia brasileira que está “guardada a sete chaves”. Além das vantagens ambientais, ele cita os ganhos econômicos, graças às possibilidades de exportação.

“É a grande tecnologia do momento. E ganha a indústria do interior de São Paulo, que vai se desenvolver para atender essa nova demanda da construção das biorrefinarias.”

Pesquisas

Se existe otimismo para que essa fonte de energia se consolide, as pesquisas têm um papel importantíssimo.

A tecnologia, em fase experimental, ainda não tem autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para ser comercializada. Enquanto a liberação não acontece, estudiosos trabalham, em universidades, institutos de pesquisa e empresas, para aprimorar seu funcionamento.

O diretor técnico Marcos Daniel de Lima, da Duo Automation, uma das expositoras da Fenasucro, explica que a companhia, inicialmente voltada para o setor automotivo e que, agora, atua também no mercado agronômico, passou a desenvolver estudos relacionados ao diesel “verde”.

“Houve uma demanda interna e, como somos uma empresa que busca inovação e estamos ligados às universidades, demos início a esses trabalhos para resolver o que, em um primeiro momento, era um problema de usinas. Só que a gente sabe que isso vai se estender.”

Segundo Lima, a Fenasucro tem sido encarada como um “start” para a empresa, que pretende divulgar os resultados já obtidos para atrair industriais para o combustível.

“A tecnologia pode ser implantada em qualquer usina. Ela pode inclusive gerar lucro, já que as usinas gastam em média cerca de 10% de seu faturamento bruto com diesel fóssil para frotas e máquinas.”

Potencial das energias limpas

A Fenasucro vai até a próxima sexta-feira (19). No primeiro dia do evento, que espera movimentar R$ 5 bilhões, o potencial canavieiro para o desenvolvimento de energias limpas e renováveis se destacou.

Além do diesel de etanol, o etanol de segunda geração, o biogás e o hidrogênio verde foram debatidos pelo setor sucroenergético.

Para Evandro Gussi, presidente da União da Indústria Canavieira (Unica), a feira é um momento em que toda a cadeia de valores do setor se conecta.

“Estão aqui produtores independentes, plantadores de cana-de-açúcar, fornecedores e industriais do ramo de etanol, açúcar, bioeletricidade, biogás e biometano, além de indústrias do ramo de bens de capitais. É o grande encontro do setor, que se reúne mostrando o Brasil como a grande potência agroindustrial que é.”

Fonte: G1

Redação
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