Ainda no início da pandemia, a empresária Gabrielle Carvalho abriu um brechó para vender peças do seu guarda-roupa. Ao inaugurar o espaço digital, chamado “Vende, Amiga!”, agregou duas amigas (ou sócias) para desapegar de peças antigas e recuperar alguns valores.

O foco, contudo, é o varejo de luxo, com vendas de peças de grife de ticket mais alto na prateleira do brechó.

Com o negócio ganhando tração, o que começou como um grupo de WhatsApp, agora, se prepara para inaugurar um ponto físico de vendas de itens de segunda mão.

“Nossos principais clientes são os jovens que gostam de moda e querem consumir itens de luxo, mas com um preço acessível.” Enquanto não encontra um endereço, a empresária usa o próprio apartamento como “showroom” das peças.

Assim como Gabrielle, outros empreendedores viram no aumento da procura por itens usados uma oportunidade de negócio.

Desde o começo de 2021, 6,7 mil lojas que comercializam esses itens foram abertas no País, segundo aponta um levantamento do Sebrae, que considera o pequeno varejo de diversos produtos de segunda mão – dos brechós aos sebos, além de antiquários -, sem a subtração das lojas desse ramo que fecharam as portas em igual período.

Mesmo com todo o segundo semestre de 2022 a ser contabilizado, o número novas lojas neste modelo de negócio é quase igual às aberturas dos dois anos completos anteriores (2019 e 2020): 7,1 mil unidades, uma diferença de só 6%.

Um dos motivos para a expansão de lojas de itens de segunda mão – conhecidas como brechó – é o aumento dos preços no País, o que reduziu o poder de compra dos brasileiros.

Com o orçamento das famílias apertado por dois anos de inflação elevada, o comércio desses produtos segue aquecido no Brasil.

Brechó de luxo mostra mudança no padrão de consumo

Conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o acumulado de 12 meses da inflação foi de 9,6%, apesar da deflação dos últimos dois meses mostrar uma melhora do cenário.

Em julho deste ano – dado mais recente disponível -, a variação acumulada da inflação para as roupas chegou a 18,16%, quase o dobro do índice geral para o período.

Ao mesmo tempo que a alta dos preços tornou menos acessíveis muitos produtos e serviços, levando as pessoas a rever o padrão de consumo, os brasileiros, que na média perderam renda no último ano, viram nos produtos sem uso em casa uma forma de levantar dinheiro extra.

“Nós começamos entre amigas, vendendo para arrecadar dinheiro e comprar outras peças, mas acabou se transformando em um negócio”, afirma Gabrielle.

“Como as marcas de luxo têm feito reajustes altos nos preços, comprar um item no brechó é a única forma de consumir esse tipo de produto para muitas pessoas”, completa.

Com Estadão Conteúdo

Fonte: Suno

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