quinta-feira,28 novembro, 2024

Quase 100 genes foram perdidos durante a evolução do mamute-lanoso, diz estudo

Um estudo publicado na revista científica iScience por uma equipe de cientistas suecos verificou que 87 genes foram afetados por deleção ou inserção curta durante a evolução dos mamutes. O achado, segundo os pesquisadores, tem implicações importantes para os esforços de “ressurreição” de espécies extintas, como o mamute-lanoso (Mammuthus primigenius).

Entre as técnicas propostas para trazer animais extintos de volta à vida, está o CRISPR-Cas9, que edita o genoma para inserir variantes genéticas chave de espécies antigas com base no genoma de parentes vivos. Os resultados da nova pesquisa indicam que também será necessários remover alguns genes nesse esforço, garantindo que características biológicas importantes sejam preservadas na reconstrução de genomas ancestrais.

O mamute-lanoso tem característica muito únicas, providenciadas por genes inativados em seus parentes elefantes, mas que também possuem genes que os mamutes não tinham. Retirá-los é importante (Imagem: Superemelka/Pixabay)
O mamute-lanoso tem característica muito únicas, providenciadas por genes inativados em seus parentes elefantes, mas que também possuem genes que os mamutes não tinham. Retirá-los é importante (Imagem: Superemelka/Pixabay)

Dificuldades na edição genética

Segundo os cientistas, já se sabia que a edição genômica com o objetivo de imitar parentes extintos de uma espécie específica seria difícil, e os resultados da pesquisa ilustram muito bem a complexidade e as dificuldades que temos pela frente nesse processo. Os responsáveis já sequenciaram dois genomas de mamutes siberianos da última era do gelo, os comparando com 33 genomas anteriores de mamutes, elefantes asiáticos e africanos.

Retirar parte de um gene — o que se chama deleção genômica — afeta sua função, bem como inserções curtas. Esses processos causam mutações por mudança de matriz de leitura, o que pode deixar os genes ilegíveis. Resumidamente, isso quer dizer que mudanças em genes irão impactar a forma como o resto do genoma é lido, ou seja, mudanças significativas que afetam toda a cadeia.

Os resultados da pesquisa mostraram que há muitos milhares de deleções e inserções curtas pelo genoma dos mamutes, englobando mais de 3 milhões de letras do código genético. Os pesquisadores notaram que a maioria dessas modificações não aconteceram dentro dos genes, indicando que, no geral, elas tiveram um impacto negativo na viabilidade dos mamutes.

A edição CRISPR é uma arma muito importante na edição genética, mas deve ser utilizada com cuidado (Imagem: Reprodução/Meletios Verras)
A edição CRISPR é uma arma muito importante na edição genética, mas deve ser utilizada com cuidado (Imagem: Reprodução/Meletios Verras)

Das 87 modificações genéticas notadas, 84 genes foram afetados por deleções genômicas, e 3 por inserções curtas. Essas mudanças estruturais provavelmente tiveram um impacto significativo na função desses genes, podendo ter contribuído para algumas das adaptações únicas do mamute-lanoso, como o seu tamanho e tolerância ao frio, regulados e afetados por diversos genes.

Para completar, vários dos genes afetados são relacionados a características clássicas do mamute-lanoso, como o crescimento de pelos, o formato deles, a deposição de gordura, a morfologia esqueletal e o formato das orelhas. Perder alguns desses genes pode afetar os caminhos funcionais que moldam o desenvolvimento desses traços adaptativos.

Embora o achado pareça um complicador, ele é um importante passo para que entendamos o processo de edição genética e seu impacto nas edições genéticas por vir, melhorando nossa compreensão e nos levando a possibilidades cada vez mais palpáveis de recuperar espécies já extintas — apesar, é claro, das controvérsias levantadas por tais ideias.

Fonte: iScience

Redação
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