Pesquisa realiza mapeamento do ciclo do carbono orgânico dissolvido em Mato Grosso

Entender causas e efeitos da ciclagem do carbono em diferentes usos e ocupação dos solos é de interesse dos pesquisadores devido à dependência do bioma amazônico sobre este processo.

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Uma pesquisa coordenada pelo pós-doutor em Agricultura Tropical pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) , Higo José Dalmagro, realizou o mapeamento do ciclo contínuo da qualidade do Carbono Orgânico Dissolvido (COD) em Mato Grosso. O projeto intitulado ‘Avaliação da qualidade do carbono orgânico dissolvido (COD), em riachos com diferentes usos do solo na região sul da Amazônia’, buscou entender como as mudanças no uso da terra de floresta para pastagem, após o desmatamento no sul da Amazônia, pode resultar em mudanças na qualidade do carbono presentes na água do riacho. 

No entanto, alguns riachos de pastagem têm mata ciliar, enquanto outros são represados para bebedouros de gado. A gestão de matas ciliares de riachos pode ter efeitos diferenciais na hidrologia e nas características da matéria orgânica dissolvida (MOD).

Esta pesquisa permitiu melhorar o entendimento do equilíbrio de carbono nos diferentes sistemas estudados, fornecendo um valor de referência para subsidiar uma avaliação dos potenciais impactos do uso da terra, com isso entender os processos que descrevem a composição funcional de carbono transportado do sistema terrestre para dentro dos sistemas aquáticos tropicais.

“O aumento da temperatura dos corpos d’agua está ligado a práticas do uso da terra e de gestão de bacia hidrográfica, incluindo o desmatamento, a falta de conservação de mata ciliar e represamentos dos riachos. Este trabalho ajudou a responder como a mudança da cobertura do solo pode influenciar a temperatura dos riachos e por consequência a biodisponibilidade do Carbono Orgânico Dissolvido (COD) que alteram a qualidade do carbono em riachos com diferentes coberturas. Esses resultados demonstram para os pecuaristas que a manutenção das matas ciliares nos riachos funciona como uma rede de proteção da qualidade da água em longo prazo”, ressalta o pesquisador.

Todos os resultados podem ser usados institucionalmente para equipar o setor público, como a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), contribuindo na gestão dos recursos naturais do estado, e criação de mecanismos que visem estabilizar o carbono nos solos em áreas agrícolas, a fim de preservar a capacidade de produção reduzindo os impactos nas cadeias produtivas.

Os resultados da pesquisa ainda foram utilizados na publicação de artigo científico na revista Nature Geoscience, contribuindo para a pesquisa global de carbono. O artigo, em que o pesquisador é co-autor, conclui que restrições na disponibilidade de luz devido ao sombreamento do dossel ou cor da água são os principais controles na variação observada do fluxo diário de CO2 (24 horas), e que deixar de levar em conta as diferenças de emissão entre o dia e a noite repercute em uma subestimação das emissões globais de CO2 dos rios.

Parceria internacional

A pesquisa, fomentada pelo Governo do Estado através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), fortaleceu uma parceria internacional com especialistas em hidrologia nos programas de mestrado e doutorado em Ciências Ambientais da Universidade de Cuiabá (UNIC), em Física Ambiental e Agricultura Tropical, ambos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a University of British Columbia (UBC do Canadá).

Fonte: portalamazonia.com

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