Elas construíram uma startup de networking de US$ 1 bilhão em plena pandemia

Elas construíram uma startup de networking de US$ 1 bilhão em plena pandemia

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É fácil olhar para uma startup que acabou de levantar US$ 100 milhões (R$ 471 milhões) em capital de risco e dizer que é um sucesso. A Chief foi lançada em 2019 e, depois de três anos, é avaliada em mais de US$ 1 bilhão (R$ 4,7 bilhões), tornando-se um unicórnio tecnológico. A rodada de investimentos série B, quando a empresa já está pronta para se desenvolver em maior escala, foi liderada pelo CapitalG, fundo de investimento independente da controladora do Google, a Alphabet.

As fundadoras, Carolyn Childers e Lindsay Kaplan, como muitas outras mulheres nesta posição, sofreram rejeição, obstáculos para ganhar credibilidade e a pandemia de Covid-19 causou uma mudança significativa no modelo de negócios da startup.

A ideia da Chief nasceu das experiências pessoais das fundadoras. As duas estavam subindo em suas carreiras, gastavam tempo gerenciando equipes, mas não estavam mais investindo em suas próprias trajetórias – ou nos recursos que as manteriam em ascensão. E nenhuma das duas tinha uma comunidade para ajudar a resolver esses problemas.

“É como diz o ditado ‘é solitário no topo’”, diz Childers. “E, para as mulheres, fica solitário muito mais cedo.”

A dupla queria construir uma comunidade de executivas sêniores para fortalecer suas habilidades de liderança, ampliar influência e fornecer apoio para ajudá-las a preparar o caminho para a próxima geração de mulheres líderes. Elas fariam isso com grupos de conversa, eventos inspiradores e workshops.

Antes do lançamento da startup, quando Childers procurou um escritório de advocacia para representar a empresa, que iria levantar sua rodada seed  (a que busca captar recursos para um estágio mais avançado do negócio) , os advogados torceram o nariz. Eles não acreditavam no modelo de negócio da Chief. Agora, os escritórios de advocacia pagam para filiar suas advogadas na empresa construída por elas.

Essa rejeição causou uma crise existencial. Se as pessoas contratadas pelas fundadoras não acreditavam na ideia, o mercado acreditaria? “Outras comunidades profissionais nos deram muita inspiração do que funcionou bem para eles”, disse Childers. 

Elas sabiam o que não funcionava bem, incluindo o evento em que se conheceram – crachás, vinho branco quente, palestrantes sem inspiração e networking sem objetivo. Durante a experiência ruim, criaram um laço e mantiveram contato.

“Quando comecei a pensar na Chief, ela [Kaplan] era alguém que eu tinha em mente”, diz Childers. “Sempre soube que queria ter uma parceira nesta jornada. Tive muita sorte em ter a Lindsay.”

As empreendedoras acreditam que têm visão e valores compartilhados, bem como habilidades complementares. Childers tem as capacidades operacionais e, Kaplan, as de marketing e criatividade.

As diferentes perspectivas permitiam discussões. Elas analisavam um problema de ângulos diferentes e, muitas vezes, chegavam no mesmo lugar. Mas às vezes não era bem assim.

No começo, procuraram a melhor maneira de debater as coisas quando discordavam. Nesses casos, davam um passo para trás e pensavam: “o que é melhor para a Chief?” 

Sem essa parceria, o caminho poderia ter sido mais solitário para essas empreendedoras de primeira viagem.

Chief na pandemia
A pandemia forçou uma grande mudança para a startup, de grupos que se reuniam pessoalmente para uma experiência de encontros virtuais. “Provavelmente estávamos no topo da lista de preocupações dos nossos investidores sobre o que aconteceria com a empresa em meio ao isolamento”, diz Childers. Mas a transição para o digital permitiu que a Chief fornecesse apoio a mulheres líderes nacionalmente em um momento em que não havia manual sobre como enfrentar um conjunto único de desafios durante a Covid-19.

“As pessoas se envolveram mais do que nunca”, diz Childers. “Você não precisava mais atravessar a cidade para poder aproveitar o valor dessa associação. Ela estava no seu bolso e você podia simplesmente acessar sempre que precisasse, de onde quer que estivesse. Foi um divisor de águas.”

O serviço de assinatura da Chief envolve grupos focais com curadoria de 10 mulheres que se reúnem mensalmente. Também inclui conversas inspiradoras com ícones da indústria, como a diretora executiva da PepsiCo, Indra Nooyi, a diretora executiva da Xerox, Ursula Burns, a fundadora da Spanx, Sara Blakely, e a política Stacey Abrams, além de workshops relevantes para mulheres executivas. O Chief Plus inclui acesso a clubes de Nova York, Los Angeles e Chicago, e muitas mulheres usam esses locais como destinos quando viajam.

Childers e Kaplan querem mudar a aparência da gestão executiva e, ao mesmo tempo, ter retorno sobre o investimento. As mudanças sociais durante a pandemia fez com que as empresas investissem em iniciativas de diversidade e inclusão. Quase três quartos das taxas dos 12 mil membros da Chief são pagas por 8.500 empresas, entre elas Apple, Ford, Fidelity, HBO e Johnson & Johnson. Há 60 mil mulheres na lista de espera.

A Chief usará o investimento de US$ 100 milhões (R$ 471 milhões) que acabou de levantar para oferecer uma experiência mais personalizada, que conecta melhor os membros e fornece insights personalizados específicos para suas necessidades. A startup também está dobrando seu programa de subsídios para apoiar executivas sub-representadas e destinando US$ 1 milhão (R$ 4,7 milhões) anualmente para organizações sem fins lucrativos alinhadas com a missão de mudar a face da liderança.

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