Os biofertilizantes podem impulsionar as margens do agronegócio, reduzindo o consumo de insumos e elevando a produtividade. O Brasil consome 40 milhões de toneladas de fertilizantes por ano, sendo que 85% do volume são importados. Boa parte do produto vem da Rússia, que está envolvida em um conflito que se alonga.
Desde a década de 1960, os cientistas brasileiros desenvolvem técnicas como a introdução de bactérias diazotróficas vivas para converter o nitrogênio do ambiente em amônia. Cerca de 80% das lavouras de soja são cultivados com biofertilizantes, criados com esses insumos especiais.
Pesquisadores brasileiros e espanhóis desenvolveram uma solução que utiliza biocarvão para gerar fertilizantes orgânicos e que pode substituir materiais como a areia na mistura do adubo com o solo. Confira quatro benefícios dos biofertilizantes.
1. Sequestro de carbono
O agronegócio brasileiro com o uso de técnicas biológicas consegue resultados substanciais para limitar o aquecimento global. A inoculação da soja com microrganismos do solo reduz 430 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono (CO2) por ano, segundo os pesquisadores.
Por seu alto teor de carbono, o biocarvão tem potencial para sequestrar o gás de efeito estufa (GEE) da atmosfera, contribuindo para alcançar as metas de limitação do aquecimento global do Acordo de Paris.
2. Mais eficiência na nutrição
Quando misturados com areia, todos os nutrientes dos fertilizantes ficam disponíveis de forma imediata. No entanto, o vegetal não consegue absorver todo o material de forma imediata, o excedente acaba sendo degradado por outros processos bioquímicos.
Já o biocarvão libera os nutrientes de forma gradual, aumentando a absorção pelas plantas. Com isso, os nutrientes do fertilizante são mais bem aproveitados, uma vez que nutrem os vegetais de forma contínua.
3. Redução de custos
O custo para fertilizar 1 hectare de terras agrícolas com os meios tradicionais é de, aproximadamente, US$ 190. Os biofertilizantes custam menos de US$ 10 por hectare. Nas lavouras de soja, a substituição dos compostos sintéticos por organominerais economizou mais de US$ 10 bilhões.
Isso pode impactar, principalmente, a balança comercial brasileira. O uso do biocarvão pode reduzir em até 25% o consumo anual por adubo, de acordo o pesquisador Paulo Wadt, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A adoção do biofertilizante pode reduzir a importação de 10 milhões de toneladas de fertilizantes, equivalente a US$ 7 bilhões.
4. Qualidade do solo
O biocarvão passou por uma série de análises químicas e físicas em Pernambuco e na Espanha. “Temos um composto organomineral complexo, quimicamente rico e com novas propriedades físicas, o que nos coloca na fronteira do conhecimento nessa área”, pontuou o professor Valdomiro Souza Junior, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
O desenvolvimento da solução foi inspirado na Terra Preta de Índio, cultivada pelas civilizações pré-colombianas a partir da combustão parcial de resíduos orgânicos misturados ao solo. Essa terra apresenta mais nutrientes, além de características físicas, como aeração, retenção de água e carbono orgânico.
Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ciência Florestal
Por: Estadão Canal Agro