O segundo dia do Web Summit Rio, realizado nesta semana na capital fluminense, teve de tudo um pouco: superlotação em algumas salas, problemas de som em outras e muito conteúdo de qualidade também.
Assim como foi no SXSW, que aconteceu em março, em Austin, Texas, a Inteligência Artificial teve lugar de destaque na programação. Um painel de debates discutiu, sem chegar a uma conclusão final, a questão dos direitos autorais, em imagens e textos, em tempos de IA. Participaram Daniela Braga, da Defined.ai, e Fernando Machado, da NotCo, com mediação de Brad Haynes, da Reuters.
Fernando destacou ainda que antes a IA servia para proporcionar curadoria de conteúdo, recomendando livros na Amazon ou músicas no Spotify, por exemplo. Hoje ela é ferramenta de produção de conteúdo. Daniela pontuou que mais de US$ 93,5 bilhões já foram investidos em IA, um valor sem precedentes em tecnologia, o que garante que não se trata de uma moda passageira e sim algo que veio para ficar.
Outro assunto bastante abordado nessa terça-feira no Web Summit Rio foram as redes sociais. Influenciadores famosos, como Fiorella Mattheis, Bianca Andrade, a Boca Rosa, e a portuguesa Cristina Ferreira, discutiram os limites entre suas vidas pessoais e profissionais. E Graham McDonnell listou 10 erros que as marcas cometem frequentemente nas suas estratégias nas redes sociais. Entre elas, destacam-se tornar a marca, e não a audiência, a heroína; esquecer-se de contar histórias; tratar o post como anúncio; e começar a criar sem definir os objetivos.
Gail Heimann, CEO da Weber Shandwick, apresentou um resumo do interessante estudo produzido pela sua agência, que mostra que as marcas precisam cuidar das pessoas para merecer sua reciprocidade. Gail fez uma retrospectiva histórica, que começou com a Lei de Talião (“olho por olho”) e terminou com uma citação à serie “The Last of Us”, da HBO, para explicar que o conceito da reciprocidade está enraizado na sociedade. Assim, as marcas que quiserem obter a preferência dos consumidores precisarão dar algo em troca que seja mais do que simplesmente um bom produto por um preço justo. Na mesma linha, Nancy Villanueva, da Interbrand, defendeu a ideia de que as marcas desfrutam de alta credibilidade com os consumidores e devem assumir com responsabilidade o papel de contribuir para um mundo melhor.
O tema da omnicanalidade foi abordado por Neil Patel, que usou frases de impacto para provocar a plateia. “As pessoas mudaram a maneira como compram. Vocês mudaram a maneira como vendem?”, desafiou ele. Patel disse ainda que a omnicanalidade não é opcional.
Quem também trouxe um pensamento provocador foi Alain Sylvain, que afirmou que criatividade não é mais importante do que o timing. Porque, segundo Sylvain, mesmo as melhores ideias, se forem lançadas antes ou depois do momento certo, dificilmente terão sucesso. Para Sylvain, são três os fatores que definem o momento certo para uma ideia: o contexto cultural, o desejo dos indivíduos por aquele produto ou serviço e a infraestrutura tecnológica para viabilizá-los.
Criatividade também foi o tema abordado pelo publicitário David Droga, que garantiu que, se tivesse que começar uma nova agência de publicidade hoje, provavelmente o faria utilizando intensamente novas tecnologias, como a Inteligência Artificial. Nesse ponto os dois assuntos principais do dia se reencontram: criatividade e IA parecem caminhar de mãos dadas na formação de uma nova dinâmica de marketing para as marcas.
Fonte: Mercado & Consumo