sexta-feira,22 novembro, 2024

Veja imagens inéditas do computador que ajudou a desvendar código nazista na 2ª Guerra

Primeiro Colossus começou a operar no Reino Unido, no início de 1944

O Escritório de Comunicação de Governo do Reino Unido (GCHQ, na sigla em inglês) divulgou imagens nunca antes vistas do Colossus, o computador secreto que decifrava códigos e ajudou os Aliados a vencer a Segunda Guerra Mundial.

A agência de inteligência britânica publicou as fotos, compartilhadas com a permissão do diretor do GCHQ, para marcar o 80º aniversário da invenção do dispositivo. Segundo um comunicado divulgado pelo órgão, as fotografias “lançam uma nova luz” sobre “a gênese e o funcionamento do Colossus”, que é considerado por muitos como o primeiro computador digital.

A existência da tecnologia foi mantida praticamente em completo sigilo até o início dos anos 2000. Anne Keast-Butler, diretora do GCHQ, disse que as fotos são um lembrete “da criatividade e da engenhosidade” que foram necessárias para manter o país seguro.

“A inovação tecnológica sempre esteve no centro do nosso trabalho aqui no GCHQ, e o Colossus é um exemplo perfeito de como a nossa equipe nos mantém na vanguarda das novas tecnologias — mesmo quando não podemos falar sobre isso”, complementou ela.

No fim da guerra, 10 computadores do tipo ajudavam a decifrar mensagens nazistas — Foto: Coroa do Reino Unido

O primeiro Colossus começou a operar em Bletchley Park, o lar dos decifradores de códigos do Reino Unido, no início de 1944. No final da guerra, 10 computadores do tipo ajudavam a decifrar as mensagens nazistas.

Equipado com 2,5 mil válvulas e com mais de 2 metros de altura, o Colossus exigia uma equipe de operadores e técnicos qualificados para mantê-lo em funcionamento. Frequentemente, essas pessoas faziam parte do Serviço Naval Real Feminino (Wrens) — uma das novas imagens mostra essas mulheres trabalhando com a máquina.

Os diagramas do funcionamento interno do Colossus também foram divulgadas pela primeira vez, juntamente com uma carta interceptada que menciona as “instruções alemãs bastante alarmantes”, bem como um áudio da máquina em funcionamento.

No final da guerra, 63 milhões de caracteres de mensagens alemãs tinham sido desencriptados pelas 550 pessoas que trabalhavam nos computadores.

Um dos sucessos notáveis desse trabalho foi o de ajudar os Aliados a saber que Hitler tinha caído na armadilha e esperava que os desembarques do Dia D em Junho de 1944 aconteceriam na cidade de Calais, e não na Normandia.

Os historiadores acreditam que os computadores encurtaram a guerra e ajudaram a salvar muitas vidas.

Após a guerra, oito dos 10 computadores foram destruídos. — Foto: Coroa do Reino Unido

No escuro

Apesar do enorme impacto, os engenheiros e decifradores de códigos que trabalharam no programa Colossus juraram segredo — e a existência desta peça vital foi mantida fora dos livros de História durante quase seis décadas.

O Colossus não foi formalmente divulgado como uma ferramenta dos serviços de inteligência do Reino Unido até a década de 2000. Após a guerra, oito dos 10 computadores foram destruídos.

Tommy Flowers, o engenheiro que os projetou, recebeu ordem de entregar toda a documentação do maquinário ao GCHQ. As tentativas de manter o projeto em segredo foram tão bem-sucedidas que Bill Marshall, um ex-engenheiro do GCHQ que trabalhou no Colossus na década de 1960, disse que não tinha ideia do papel dessa tecnologia durante a guerra.

Marshall declarou que agora está “muito orgulhoso de ter se envolvido com o Colossus, mesmo que de forma pequena”.

Andrew Herbert, presidente do conselho de administração do Museu Nacional de Computação, com sede em Bletchley Park, disse que a divulgação das imagens foi outra oportunidade para celebrar o impacto duradouro que esse computador teve.

“Do ponto de vista técnico, o Colossus foi um importante precursor do computador eletrônico digital moderno”, disse ele.

“Muitos daqueles que usaram o Colossus em Bletchley Park se tornaram importantes pioneiros e líderes da computação britânica nas décadas que se seguiram à guerra, e muitas vezes lideram o mundo nesse campo”, concluiu ele.

Fonte: Época Negócios

Redação
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