Quem trabalha com tecnologia precisa estar diariamente atento às novas tendências. O surgimento cada vez mais rápido de ferramentas que prometem promover transformações digitais exige que os profissionais desenvolvam novas habilidades e adquiram mais conhecimento. Pensando nisso, a empresa de softwares BairesDev elencou algumas das principais tendências para trabalhadores da indústria de tecnologia.
O mapamento foi baseado nas candidaturas recebidas pela empresa em seus processos de recrutamento. Ao todo, são mais de um milhão de candidatos por ano, sendo 35% do Brasil. Além de levar em consideração os perfis dos processos seletivos, a companhia também considerou as características de sua própria equipe, composta por mais de 4 mil profissionais em 50 países e sua experiência de trabalho com outras companhias do meio.
1) Inteligência artificial (IA) e linguagens de programação JavaScript e Python
O surgimento de ferramentas como o ChatGPT, uma espécie de “robô” com capacidade não só de responder a perguntas, mas também de elaborar textos, resolver cálculos e escrever algoritmos, colocou em evidência a importância do desenvolvimento de plataformas de inteligência artificial (IA).
Segundo a BairesDev, o crescimento de ferramentas baseadas em IA e também em grandes bancos de dados fez com que a linguagem de programação Python ganhasse destaque. Não à toa, houve um aumento de 179% em candidaturas nas vagas que exigem essa tecnologia. Só no Brasil, a BairesDev contratou mais de 170 profissionais com essa especialização.
Segundo Justice Erolin, executivo da companhia, essa linguagem Phyton é a que oferece uma das melhores estruturas para projetos de IA. Além disso, o executivo afirma que ela oferece uma plataforma mais fácil para lidar com dados, um dos princípios mais importantes da IA.
Além a Phyton, a linguagem JavaScript também segue em evidência, com 250% de alta no número de candidatos às vagas que exigem esse conhecimento.
2) Dispersão geográfica
Se antes o mundo discutia qual seria o “novo Vale do Silício”, hoje a dispersão geográfica é quase uma regra. E, segundo a BairesDev, esse é um dos segredos para atrair talentos.
Justice Erolin, executivo da companhia, afirma que não só os profissionais têm buscado por vagas remotas e em diferentes lugares do globo, como as próprias companhias têm conseguido encontrar bons profissionais ao procurar fora dos grandes centros.
De acordo com a companhia, mais de 30% da força de trabalho da própria BairesDev reside fora das capitais, sendo 90% localizada na América Latina (e 1.200 profissionais no Brasil).
3) “Boring tech”: ajudando empresas e projetos menores
Outra tendência, segundo o executivo, é o que ele apelidou de “boring tech” (ou “tecnologia chata”, em tradução livre). Isso nada mais é do que ajudar empresas e projetos menores em processos de digitalização.
Erolin explica que, com o cenário econômico mais adverso (com inflação e juros altos ao redor do mundo todo), muitas empresas precisam se digitalizar a fim de se tornarem mais eficientes e até mesmo de cortarem custos. E é justamente aí que existem muitas oportunidades para profissionais.
“Estamos vendo companhias e projetos que têm muitos usuários que estão demitindo, como a Meta, o Google. Mas você tem muitas companhias pequenas que precisam de tecnologia para se desenvolverem”, afirma o especialista.
Ele ainda afirma que, nesses casos, os profissionais precisam desenvolver as chamadas habilidades comportamentais (também chamadas de “soft skills”) e entender os processos dessas companhias, analisar como os negócios acontecem, quais são os potenciais problemas e se antecipar para resolvê-los e tornar a empresa mais eficiente.
4) Flexibilidade e desafios
A dispersão geográfica também mostra outra tendência na área de tecnologia: a da flexibilidade. Os profissionais têm buscado cada vez mais empregos remotos, com contratos mais maleáveis em critérios como horários e regime de trabalho.
Um estudo recente feito pela BairesDev sobre como atrair e reter talentos na indústria de tecnologia mostrou que 100% dos candidatos que participaram gostariam de um trabalho remoto.
Além da flexibilidade, a BairesDev destacou que os profissionais também buscam desafios. O mesmo estudo que mostrou o interesse dos candidatos por vagas remotas, também mostrou que 80% dos candidatos trocariam de emprego por projetos mais desafiadores e 86% por opções que impulsionassem seu crescimento profissional.
5) Mulheres na área
O estudo Women in Tech 2022, feito pela BairesDev, analisou mais de um milhão de candidaturas por ano nos últimos seis anos. Ele identificou que houve um aumento de 11% para 41% na partcipação de candidatas a cargos técnicos e não técnicos na área de tecnologia.
Segundo Erolin, esse aumento não foi visto apenas nas candidaturas, mas também nas vagas. Ele admite, no entanto, que os cargos de desenvolvedores e engenheiros ainda são ocupados, em sua grande maioria, por homens, mas a tendência é que isso se torne cada vez mais equilibrado, especialmente a medida que os sistemas educacionais e as novas gerações vão se desenvolvendo. Ele, inclusive, dá o exemplo de que suas duas filhas, de nove e seis anos, já se interessam por tecnologia e programação.
“Ainda não temos total igualdade, mas estamos vendo um bom mix de engenheiros homens e mulheres”, afirma.
Fonte: Valor Investe
