sexta-feira,22 novembro, 2024

Vai trocar a geladeira e não sabe o que fazer com o eletrodoméstico velho? Whirlpool lança sistema que coleta linha branca em casa em todo o Brasil

“Se for necessário, vamos buscar o aparelho até na margem de rio na Amazônia”, garante Douglas Reis, diretor de Assuntos Regulatórios e ESG da Whirlpool. Programa de logística reversa também disponibiliza pontos de descarte para resíduos eletroeletrônicos menores

O mundo descarta anualmente mais de 53 milhões de toneladas de equipamentos eletroeletrônicos. A lista da “sucata pós-moderna” inclui desde pilhas e eletroeletrônicos de pequeno porte, como celulares, até os grandes, como fogões, geladeiras e máquinas de lavar. Quinto maior gerador desse tipo de resíduo, o Brasil descarta mais de 2 milhões de toneladas de eletrônicos por ano, sendo que menos de 3% são reciclados.

Atenta ao problema – que, por lei, também é de responsabilidade dos fabricantes desses produtos – a Whirlpool, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, lança nesta quarta (27) um sistema próprio e individual para descarte ambientalmente adequado de eletroeletrônicos. O programa é gratuito e válido para todo o país. Além de não estar atrelado à compra de um novo aparelho, o sistema também recolhe equipamentos de outras marcas.

Em iniciativa inédita no segmento de linha branca, os consumidores poderão agendar a coleta dos equipamentos acima de 30kg em casa, o que inclui geladeiras, máquinas de lavar e secar roupa, refrigeradores de ar e alguns modelos de fogões e ares-condicionados. Vale checar sempre a descrição técnica para saber o peso correto. Para aparelhos que pesam menos, a empresa disponibiliza pontos de coleta para o consumidor levar o produto que está no final de sua vida útil.

O agendamento para a coleta domiciliar pode ser feito por um site específico. Basta seguir as orientações necessárias para agendar a coleta ou levar a um ponto de descarte para produtos menores (após preencher o formulário sobre o item a ser descartado, é indicado o ponto de coleta mais próximo).

A empresa parceira que faz a operacionalização do programa é a Circulare, que coletou mais de 4 mil toneladas de resíduos eletrônicos em 2022. A startup cuida de todo o processo, desde a coleta, passando pela triagem e desmonte dos aparelhos para separação do conteúdo reciclável — e de alto valor agregado como o aço, uma das principais matérias-primas dos produtos da linha branca, e o plástico — que pode ser reinserido na cadeia produtiva. A Whirlpool usa plástico reciclado nos cestos das máquinas de lavar roupa, por exemplo.

“Na América Latina há uma questão cultural a ser endereçada. É comum que o refrigerador que está próximo do fim da sua vida útil não seja descartado, mas sim doado. Não é para as pessoas se sentirem mal, mas quando a gente doa um aparelho velho, a gente está doando um produto que não refrigera mais e ele também gasta mais energia”, diz ao Um Só Planeta, Douglas Reis, Diretor de Assuntos Regulatórios e ESG da Whirlpool, “confessando” que também já fez isso no passado.

Ele conta que esse é um fenômeno comum em países latino-americanos como o Brasil, México, Argentina e Colômbia, diferentemente do que ocorre na Europa, que tem um sistema de logística reversa mais avançado, onde a população encaminha o produto no final de sua vida útil para um ponto de coleta. Claro que essa lógica não se aplica a geladeiras em bom estado de funcionamento que foi trocada por um modelo novo por questões estéticas e gosto pessoal, o que tornaria a doação do aparelho antigo em bom estado de funcionamento bem-vinda.

Um longo caminho

Em 2010, após mais de duas décadas de tramitação no Congresso, foi instituída no Brasil a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, que trouxe ao país uma série de inovações para a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo aí o conceito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, demandando dos produtores e revendedores soluções. Dez anos após a criação da PNRS, em 2020 foi assinado o decreto que regulamenta a logística reversa de eletroeletrônicos domésticos em todo o território brasileiro, seguindo um acordo setorial assinado entre a pasta ambiental e empresas do setor.

“A Whirlpool, como fabricante e também importadora de produtos no Brasil, é obrigada a atender o que define o decreto, que traz metas. Para 2021, as empresas deveriam recolher e tratar 1% de tudo que é colocado no mercado. Para 2022, subiu para 3% e para 2023 a meta é de 6%, até chegar em 2025 com 17%”, pontua. O setor não atingiu as metas estipuladas nos dois primeiros anos, mas o executivo espera que com o amadurecimento desse processo e maior conhecimento sobre o assunto por parte dos consumidores, os números tendem a melhorar.

Douglas destaca que muitos eletroeletrônicos, como geladeiras e celulares, possuem em sua composição elementos nocivos ao meio ambiente e que precisam de uma gestão adequada. Um estudo da Universidade de Brasília estima que os produtos da linha branca são responsáveis por mais que o dobro da geração de resíduos eletroeletrônicos que as outras linhas combinadas e que, apesar dos consumidores terem interesse em fazer o descarte correto, eles não sabem como faze-lo e não buscam informações para mudar isso — apenas 30,5% dos respondentes da pesquisa, publicada em 2020, disseram ter conhecimento sobre a Politica Nacional de Resíduos sólidos.

“O consumidor tem um papel fundamental. A gente entende que simplesmente implementar programas sem o intuito de resolver o problema não faz sentido para nós. Por isso, implementamos um sistema individual. Dessa forma, temos um melhor controle das nossas atividades, das metas, dos custos e, além disso, conseguimos conversar melhor com o consumidor, entender as necessidades dele e oferecer soluções. “Se for necessário, vamos buscar o aparelho até na margem de rio na Amazônia”, garante.

Texto: Vanessa Oliveira, do Um Só Planeta

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