quarta-feira,25 setembro, 2024

Uso de carro elétrico vira problema com poucos locais de ‘abastecimento’ pelo Brasil

Há cerca de duas semanas, o motorista de aplicativo Vinicius Coroa Charng decidiu devolver à locadora o carro 100% elétrico que usava para trabalhar em São Paulo, retornando a um modelo tradicional. O motivo foi a dificuldade para ‘abastecer’ nos poucos pontos de recarga de São Paulo.

“Fiz as contas e vi que estava perdendo tempo e dinheiro nas filas para carregar o carro. Já fiquei até quatro horas esperando”, afirma Charng. “Se existisse mais estrutura para atender os carros elétricos, com certeza voltaria, mas por enquanto é impossível.”

Carregadores quebrados ou em manutenção, postos de recarga inativos e longas filas são apenas algumas das dificuldades encontradas pelos condutores. A situação fica mais grave no caso dos motoristas de aplicativos, que utilizam os modelos elétricos a trabalho. Para eles, rodar a cidade à procura de um eletroponto ou gastar tempo na fila para carregar pode significar prejuízo.

Recentemente, Uber e 99 anunciaram iniciativas para eletrificar suas frotas no Brasil. Até o fim do ano, as empresas devem ter cerca de 500 carros rodando no País – o modelo é incentivado, pois é uma ferramenta de marketing em termos de impacto ambiental.

Para convencer os motoristas a aderir à ideia, as plataformas ofereceram desconto no valor da locação. Além disso, em comparação com o gasto com gasolina e álcool para quem roda o dia inteiro, o carregamento fica bem mais em conta. Em algumas parcerias, pode sair de graça.

Mas a infraestrutura ainda é deficiente. A Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) informa que o Brasil passou da marca de 100 mil modelos elétricos – a conta também inclui os híbridos.

Segundo a entidade, a rede pública de recarga passou de 1 mil para 2,8 mil unidades no País entre 2021 e 2022 – um endereço para cada 14 veículos. Nos EUA, porém, a rede é de um posto para cada 8 carros. De acordo com a entidade, a meta é chegar a 3 mil endereços de recarga nas próximas semanas, o que a ABVE classifica como “um avanço”.

Dormindo no banco de trás

Diante da falta de pontos de carregamento, os motoristas que trabalham com veículos elétricos precisam se organizar de diferentes formas – muitas vezes, é impossível fugir de filas que podem durar horas. Isso porque o tempo para completar a recarga muda a cada tipo de veículo ou carregador, podendo variar de 40 minutos a 1 hora nos ultrarrápidos e de 5 a 10 horas nos modelos tradicionais.

Todos os dias, a motorista de aplicativo Cleunice Lori enfrenta o périplo de carregar seu veículo. O carro faz parte de uma parceria com a 99, que tenta eletrificar sua frota e vai ofertar 300 unidades do tipo aos motoristas parceiros. “A falta de estrutura é nosso maior problema. As empresas disponibilizam o ponto, mas não fazem a manutenção necessária. Nós não temos como saber se aquele endereço está funcionando ou não”, afirma Cleunice.

Conforme relatos de motoristas ao Estadão/Broadcast, a situação fica mais complicada no horário de pico, quando muitos condutores buscam os poucos pontos de recarga rápida de São Paulo. “Às vezes, a fila está tão grande que eu acabo dormindo no banco de trás do carro enquanto espero a minha vez de abastecer”, diz a motorista da 99.

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