quinta-feira,19 setembro, 2024

Usando máquina de café, pesquisadores brasileiros desenvolvem método para identificar contaminação de pescados por petróleo

Usar uma máquina de café espresso para detectar a presença de contaminação por petróleo em pescados. Essa ideia inovadora, criada em caráter emergencial, foi aplicada por cientistas brasileiros, ganhou reconhecimento internacional e já causou impacto na saúde pública.

O estudo é uma colaboração entre Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária no Rio Grande do Sul (LFDA/RS), por meio do Setor Laboratorial Avançado em Santa Catarina (SLAV/SC), e resultou em metodologia inédita para analisar a contaminação de pescado com petróleo. Houve ainda participação de auditores fiscais federais agropecuários. A necessidade veio após o derramamento de grande quantidade de petróleo nas águas costeiras brasileiras em 2019, que gerou a preocupação com a contaminação de peixes consumidos pela população.

Pesquisadores então se uniram para criar a metodologia para identificar a contaminação dos peixes. Ela usa máquinas de cápsula de café espresso adaptadas para extrair os contaminantes do pescado para uma análise rápida, e teve atestado um alto índice de precisão e confiabilidade. Acabou virando método oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) para determinar a presença de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) em pescado.

“A máquina de café espresso, que simula a extração por líquido pressurizado (PLE), foi utilizada em um momento de emergência sanitária. Naquela ocasião, era essencial dispor de um método rápido, de baixo custo e que fornecesse resultados metrológicos confiáveis”, explica Ana Paula Zapelini de Melo, pesquisadora responsável pelo desenvolvimento do método.

Hidrocarbonetos policíclicos têm propriedades carcinogênicas para humanos e são marcadores de contaminação petrogênica em alimentos. O método criado usa técnicas avançadas para quantificar a presença desses compostos nos pescados, impedindo que ele chegue à mesa dos brasileiros.

Segundo os autores do estudo, a metodologia já foi reconhecida por órgãos internacionais de controle sanitário, como o Departamento de Agricultura dos EUA e a International Spill Control Organization (ISCO). A criação do método ainda teve acompanhamento da União Europeia. Com nível de confiança em 95%, ela já pode ser reproduzida por outras universidades e laboratórios.

Segundo Ana Paula, o reconhecimento da metodologia criada significa um avanço concreto do país para garantir a segurança dos alimentos e lidar efetivamente com desastres ambientais.” Essa abordagem fortalece a capacidade do país de enfrentar situações críticas de maneira eficaz e pode influenciar de forma positiva a resolução de desafios de alcance global”, aponta.

Texto: Redação, do Um Só Planeta

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