A energia escura, força responsável pela expansão acelerada do universo, pode ser maior do que se pensava. Até então, calcula-se que a energia escura compõe cerca de 68% do universo, mas um novo estudo usou aglomerados de galáxias para estudar melhor o fenômeno e concluiu que ela representa 76% do cosmos.
O universo está em expansão desde o Big Bang, mas pouco se sabe sobre a causa disso, embora os físicos “culpem” algo que resolveram chamar de energia escura. Alguns a consideram uma espécie de força antigravitacional, outros sugerem que se trata de uma espécie de fluido de energia desconhecido.
Para encontrar pistas sobre a natureza da energia escura, é preciso saber mais sobre suas propriedades, inclusive sua densidade energética no universo — ou seja, quanta energia escura existe em comparação com o restante de tudo o que há “lá fora”, no universo observável.
Na tentativa de descobrir um pouco mais dessas propriedades, um grupo de pesquisadores usou o instrumento de raios-X eROSITA, a bordo do telescópio espacial Spektr-Roentgen-Gamma. Ele é responsável por realizar um levantamento completo de todo o céu na faixa de raios X de média energia.
Astrônomos da National Cheng Kung University, Taiwan, e da Ludwig Maximilians-Universitat, em Munique, usaram dados de um dos levantamentos do eROSITA chamado Final Equatorial Depth Survey (eFEDS) para estudar cerca de 500 aglomerados de galáxias de baixa massa. Os objetos estão tão distantes que a luz observada hoje foi emitida há cerca de dez bilhões de anos.
Esses dados foram então combinados com imagens ópticas obtidas pelo instrumento Hyper Suprime-Cam, do Telescópio Subaru no Havaí. Isso permitiu determinar melhor as características dos aglomerados, como suas massas, usando lentes gravitacionais fracas — que é quando um objeto massivo está posicionado entre a Terra e uma fonte de luz distante; por sua vez, a luz da fonte é ampliada e, assim, pode ser melhor observada.
Como resultado, a equipe calcula que a energia escura representa cerca de 76% da densidade total de energia no universo. Além disso, a energia escura estaria distribuída uniformemente no espaço e é constante no tempo. Isso contrasta com as hipóteses que sugerem uma energia escura com variação na distribuição ao longo do tempo.
Por outro lado, os autores admitem que o estudo é apenas um pequeno passo, já que a amostra de aglomerados de galáxias usada ocupa uma área inferior a 1% do céu. No entanto, eles esperam que o trabalho sirva como “pontapé inicial” para futuras pesquisas usarem a mesma abordagem com amostras maiores.
O artigo da pesquisa foi publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society (MNRAS).
Fonte: MNRAS, LMU