Levantamento do Ipam e do ((o))eco mostra que parques e outras reservas ecológicas federais, estaduais e municipais, em terras públicas e privadas, estocam quase 3 décadas de emissões nacionais de CO2
As unidades de conservação brasileiras guardam ao menos 19 gigatoneladas (Gt) de carbono, análogas a 28 anos de emissões nacionais de CO2, gás que amplia o efeito estufa e eleva a temperatura global. A estimativa é do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e do ((o))eco, veículo de jornalismo que se dedica a documentar os desafios, retrocessos e avanços dos temas relacionados à conservação da natureza, biodiversidade e política ambiental no Brasil.
O levantamento mostra que parques e outras reservas ecológicas federais, estaduais e municipais, em terras públicas e privadas, cobrem por volta de 18% do território continental ou quase 1,6 milhão de km² na Amazônia, na Caatinga, no Cerrado, no Pantanal, na Mata Atlântica e no Pampa.
Segundo a Ipam e o ((o))eco, os cálculos usaram as médias de carbono estocadas nos diferentes tipos de flora de cada bioma, variando de 593,8 toneladas de CO2 por hectare (ha) na Amazônia a 83,6 tCO2 por ha na Caatinga.
Os estoques médios nos demais locais foram: 413,5 tCO2 por ha na Mata Atlântica, 178,8 tCO2 por ha no Cerrado, 153,9 tCO2 por há no Pantanal e 128,2 tCO2 por há no Pampa.
Esses números revelam que as 10 áreas com mais carbono estão na Amazônia. A lista é composta pelos parques nacionais Montanhas do Tumucumaque, Pico da Neblina e Jaú, as estações ecológicas do Grão Pará e da Terra do Meio, as florestas estaduais do Paru, do Trombetas e do Amapá, a Área de Proteção Ambiental Tapuruquara e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Cujubim.
Outro dado importante é que as reservas amazônicas concentram 92% do carbono do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Os responsáveis pelo trabalho explicam que isso se deve não apenas porque a flora nativa da floresta equatorial acumula naturalmente bem mais desse elemento que a de outras regiões, mas também pela gritante diferença de área protegida entre os biomas.
De acordo com o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), unidades de conservação abrigam 28,41% da Amazônia. No Pampa, a taxa é de 2,95%. Já no Pantanal a área de conservação é de 4,68%; no Cerrado, de 8,62%. na Caatinga, de 9,16%, e na Mata Atlântica de 10,38%.
Quanto às esferas administrativas, os estoques de carbono estão concentrados nas unidades de conservação federais (54,01%). As estaduais compreendem 42,53% e, as municipais, 3,46%.
A análise inédita aponta ainda que as 10 unidades de conservação que mais perderam carbono entre a sua criação e o ano de 2022 foram nove Áreas de Proteção Ambiental e uma Floresta Nacional, todas reservas de uso sustentável distribuídas na Amazônia, na Mata Atlântica e no Cerrado, e que há uma diferença de apenas 6,5% entre os estoques de carbono verificados no estabelecimento das reservas e no ano passado.
Texto: Um só Planeta