sábado,23 novembro, 2024

Unicórnios brasileiros: com investimento inicial de US$ 100, Wildlife virou estúdio de games mais valioso da América Latina

Programadores desde a adolescência, os irmãos Victor e Arthur Lazarte se formaram em engenharia na Universidade de São Paulo. O primeiro ingressou no banco de investimentos JP Morgan. O segundo, na consultoria de estratégia BCG. Mas o mercado tradicional não brilhou os olhos da dupla, e eles decidiram criar um negócio próprio: uma startup desenvolvedora de games para dispositivos móveis. Assim nascia, em 2011 e com um investimento inicial de US$ 100, a TFG (Top Free Games), startup que posteriormente mudaria o nome para Wildlife Studios.

O amigo chileno Michael Mac-Vicar se juntou à empreitada em 2013, também se tornando cofundador da companhia.

Um grande sucesso em 2011 veio com o Racing Penguin, que atingiu um pico com mais de 100 mil downloads por dia, sendo o segundo jogo mais baixado do mundo na época. “Ainda fico impressionado quando lembro do sucesso que o Racing Penguin fez”, comenta Victor, ex-CEO da Wildlife e atualmente general partner (associado) na gestora americana Benchmark.

Expansão do catálogo e monetização

Nos anos seguintes, outros jogos foram entrando para o catálogo da empresa – todos com números expressivos de usuários e reconhecimento do mercado. O Bike Race, lançado em 2012, foi eleito como o jogo do ano pela Apple. O Colorfy, lançado em 2015, foi o primeiro aplicativo de colorir criado para smartphones, atingindo mais de 90 milhões de usuários no mundo todo. Com os games Castle Crush e War Machine, ambos de 2016, a startup adentrou novos gêneros de jogos e o mercado de equipe multiplayers.

Com o tempo, a Wildlife também passou a expandir a sua forma de monetização. Embora boa parte dos jogos continuasse com acesso gratuito, a empresa criou o modelo de assinatura. Para os games gratuitos, a venda de itens dentro do jogo, como skins e passes de temporada, passou a ser cobrada. Por fim, os anúncios dentro dos jogos ganharam mais espaço.

“Quando decidimos abrir o próprio negócio, estimamos a chance de dar errado em 75%. Colocamos um ano como prazo para fazer funcionar e seguimos em frente”, conta Victor, em entrevista a ÉPOCA NEGÓCIOS. “No começo, decidimos fazer jogos grátis, quando a grande maioria dos jogos era paga. Fizemos isso porque queríamos aprender mais depressa. Acabou dando certo.” Em seis anos, a Wildlife cresceu em média 80%.

‘Unicórnio gamer’

Em 2019, um ano após a startup chegar ao seu primeiro 1 bilhão de downloads, a Wildlife recebeu um aporte de valor não revelado e que a avaliou em US$ 1,3 bilhão. A startup tornava-se, então, o primeiro – e até agora único – ‘unicórnio gamer’ do Brasil. O investimento foi liderado pelo fundo norte-americano Benchmark Capital, que já investiu em negócios como Instagram, Riot Games e Snapchat.

Outros investidores da rodada foram Javier Olivan, executivo da rede social Facebook; Ric Elias, cofundador e CEO da Red Ventures; Micky Malka, sócio do fundo Ribbit Capital; Divesh Makan, sócio do ICONIQ Capital; e o empreendedor brasileiro Hugo Barra, mentor de longa data da companhia.

Antes de 2019, a startup contava com apenas um investidor externo: a Bessemer Venture Partners, que já realizou aportes em gigantes como LinkedIn, Skype, Twitch e Pinterest.

US$ 3 bilhões e movimentações

Em 2020, nove meses depois de se tornar unicórnio, a Wildlife atraiu um novo investimento, dessa vez com o valor revelado: US$ 120 milhões. O aporte fez o negócio ser avaliado em US$ 3 bilhões.

Com o dinheiro em conta, a startup investiu em contratações de peso para fortalecer a plataforma, incluindo Sean Boyle, ex-vice-presidente responsável pela divisão de negócios na nuvem da Amazon, que entrou como vice-presidente de operações e finanças da Wildlife.

No mesmo ano, a empresa também anunciou a sua primeira afiliada, a Never Forget Games, na Califórnia (EUA). Em 2021, a startup anunciou mais dois afiliados: a SuperWow!, do Texas (EUA), e a FoxBear Games, da Califórnia. Também abriu um escritório em Israel.

Em 2022, mais três estúdios foram adquiridos: Playabit (Turquia), 8 Bit Bandits (EUA) e Stellar Core (Finlândia).

No ano passado, a Wildlife anunciou quem mantém o mesmo valuation de US$ 3 bilhões – sendo o estúdio de games mais valioso da América Latina.

Por Soraia Alves

Redação
Redaçãohttp://www.360news.com.br
1º Hub de notícias sobre inovação e tendências da região Centro-Oeste e Norte do Brasil.

LEIA MAIS

Recomendados