Falar em investimentos em energia limpa não é mais uma promessa para o futuro, mas uma realidade que já acontece em grande escala. Ao menos a julgar pela nova pesquisa divulgada pela BloombergNEF (braço de pesquisa da Bloomberg voltado para estudos envolvendo transição energética), que estimou que os investimentos em transição energética chegaram a US$ 1,1 trilhão no ano passado.
A empresa destaca que, com uma série de instalações eólicas e solares em construção e os custos de equipamentos estáveis ano a ano, o cenário de energia verde já vive “uma nova era em que um trilhões de dólares de investimento é o piso, não o teto.”
O investimento de US$ 1,1 trilhão do ano passado financiou a construção de parques eólicos e solares, redes de carregamento de veículos elétricos e baterias em larga escala, além de milhões de bombas de calor e de veículos elétricos. “É importante ressaltar que esses ativos têm vida útil longa – uma década para um carro, e o dobro disso para geração de energia renovável”, lembram os autores.
Mas a própria Bloomberg avalia que, na verdade, o valor envolvido nas transações com energia limpa é na verdade bem maior que US$ 1 trilhão. Considerando a receita de 8 mil empresas que a Bloomberg identificou como “com exposição de receita explícita à energia limpa”, o valor chegaria a US$ 2,56 trilhões, ou 2,6% do PIB global.
Energias eólica e solar estão entre os setores que levam investimentos em energia limpa à casa dos trilhões — Foto: GettyImagem
“Mais de 60% dessa contribuição veio de empresas que obtêm a maior parte de sua receita de energia limpa, e 35% dela veio de empresas eólicas e solares e vendas da indústria de veículos elétricos”, diz a BloombergNEF.
Os setores que mais arrecadam com transações ligadas à transição limpa são, na ordem: veículos elétricos, energia nuclear, energia solar, energia eólica, energia elétrica e armazenamento de energia.
As vendas de eletricidade com carbono zero, aliás, estão criando algumas das maiores empresas avaliadas pela BloombergNEF. A companhia rastreou pouco menos de 800 concessionárias com exposição a transações de energia limpa, das quais 45% obtiveram mais da metade de sua receita com vendas de energia com emissão zero de carbono.
As empresas de petróleo e gás também estão investindo na transição energética (mais de US$ 30 bilhões no ano passado), mas isso representa menos de 10% de seu gasto total de capital, e “uma pequena porcentagem do investimento total em energia limpa” . Ou seja, não é tanto “capital sujo” financiando a energia limpa globalmente.
E, para além das grandes companhias, a empresa destaca uma “cauda longa” de outras empresas que vendem bens e serviços de transição energética: fabricantes de semicondutores, firmas de engenharia, fabricantes industriais diversificados e similares. Essas empresas não fazem tanto dinheiro individualmente, mas juntas representam uma boa porcentagem dos investimentos, que estão pulverizados e espalhados pelo mundo. “As empresas renováveis e as concessionárias de energia elétrica respondem pela maior parcela da receita de energia limpa das empresas analisadas pela BloombergNEF, mas ainda existem milhares de outras empresas com vendas menos concentradas, mas ainda importantes, da transição energética”, destaca.
A BloombergNEF diz esperar que no futuro próximo haja “contribuições de receita de energia limpa ainda maiores das maiores empresas de energia, industriais e de tecnologia”. “Pelo bem do clima, precisamos que a contribuição da energia limpa para o PIB global aumente nas próximas décadas. E, ao mesmo tempo, devemos observar atentamente para ver como sua composição muda”, observa a empresa.
Fonte: Redação, Um Só Planeta