domingo,24 novembro, 2024

Um CEO perto do Sol: o que aconteceu com Sam Altman

Desentendimento com Ilya Sutskever, cofundador da OpenAI, e ambições empreendedoras de Altman podem ter causado sua demissão

Na noite de quinta-feira, 16, em Oakland, na Califórnia, um grupo seleto de artistas se reuniu com o proeminente Sam Altman, CEO da OpenAI, com a proposta de discutir a inteligência artificial generativa no campo artístico e da criatividade. Esse compromisso ocorreu apenas algumas horas após sua participação na Cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico em São Francisco, demonstrando a agenda cheia de atividades do CEO.

Durante o evento em Oakland, Altman reforçou alguns motes da OpenAI sobre a construção de uma ferramenta benéfica e, segundo relatos, parecia tranquilo. No entanto, ele teve que partir cedo devido a outro compromisso.

Essa interação com o público marcaria a última aparição de Altman como CEO da OpenAI. Na sexta-feira, 17, em um movimento inesperado, ele foi demitido pelo conselho da empresa. A alegação era de que ele não havia sido “consistentemente sincero em suas comunicações”. Tanto os funcionários da OpenAI quanto a Microsoft, um dos principais investidores da empresa, foram pegos de surpresa com a notícia.

Até o momento desta reportagem, as razões exatas da demissão de Altman ainda não foram esclarecidas, deixando muitos questionamentos no ar. A situação é particularmente impactante, considerando que muitos dos funcionários que dão corpo ao time de desenvolvimento do ChatGPT foram recrutados por Altman.

Poderia um dos mais poderosos líderes da tecnologia ter extrapolado os limites da companhia? Rumores levantados pela Bloomberg indicam que Ilya Sutskever, cofundador da OpenAI e cientista-chefe da empresa, teve um papel crucial na decisão de demitir Altman.

O atrito principal seria em relação à rapidez com qual a empresa estaria entoando seus avanços, como comercializar produtos sem as etapas de segurança necessárias para diminuir seus potenciais danos ao público.

Um indicador que corrobora com a tese é a mudança na liderança ocorrer no contexto no qual Altman propôs a criação de uma loja de bots de IA personalizados, algo que poderia alterar o modelo de negócios da empresa.

Alguns analistas também apontam que a empresa possa ter alcançado algum marco tecnológico e que os conflitos na liderança se iniciaram por decisões comerciais que seriam nescesárias a partir desse ponto.

E faz sentido a preocupação sobre a responsabilidade da empresa, afinal, a estrutura da OpenAI é bastante singular. Inicialmente uma organização sem fins lucrativos, ela evoluiu para abrigar uma subsidiária lucrativa, tornando-se uma das startups de tecnologia de crescimento mais rápido na história ao chegar em uma valuation aproximada de US$ 70 bilhões.

O conselho da OpenAI, que não tem como foco o lucro acionário, visa assegurar o desenvolvimento de uma inteligência artificial geral que seja benéfica.

Juntamente com as divergências sobre estratégia, os membros do conselho também contestaram as ambições empreendedoras de Altman. O ex-CEO tem procurado levantar dezenas de bilhões de dólares de fundos soberanos do Oriente Médio para criar uma startup de chips de IA para competir com processadores fabricados pela Nvidia.

Também cortejou o presidente do SoftBank, Masayoshi Son, para um investimento multibilionário em uma nova empresa para fabricar hardware orientado para IA em parceria com o ex-designer da Apple Jony Ive.

A saída de Altman da OpenAI sugere um novo capítulo na empresa, possivelmente focado mais no alinhamento de IA com objetivos humanos, conforme enfatizado por Sutskever em suas recentes declarações.

Fonte: Exame.

Redação
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