A cerveja foi inventada cerca de 6 mil anos a.C., por um feliz acaso, já que hoje a refrescante bebida arrasta multidões de apreciadores. Mais que um refresco, o consumo de cerveja virou cultura e não poderia ser diferente na capital que é do agro, mas que também é do calor; Cuiabá. A cerveja, acredita-se, foi uma das primeiras bebidas alcoólicas a serem criadas. Atualmente é a terceira bebida mais consumida no mundo, ficando atrás apenas da água e do café.
No Brasil a cerveja só chegou em 1.808, junto com a família real portuguesa. Até então os portugueses comercializavam vinho e temiam perder mercado, mas o rei, apreciador da bebida, possibilitou a abertura dos portos às cervejarias de nações amigas. No mesmo período, em Cuiabá, havia uma cervejaria na região que hoje conhecemos como circuito de bares da avenida Beira Rio. Era a Cervejaria Cuiabana.
Quem poderia imaginar que, 200 anos depois, três amigos resgatariam o nome que nunca foi registrado para fundar a cervejaria mais cuiabana que há. “Como não havia registro da marca, os fundadores resolveram resgatar esse nome com o princípio de criar uma cerveja artesanal. O Y é uma forma de resgatar a parte primitiva do nome, que é de origem indígena dos ribeirinhos da nossa região”, explica Leandro Freitag, Gestor Comercial da Cuyabana Cervejaria Artesanal.
Leandro comenta que a cerveja vem sendo muito aceita no mercado. “O nosso grupo adquiriu os direitos da marca e a estrutura fabril no início do ano de 2021, mas já é possível notar que a nossa cerveja vem sendo muito bem aceita no mercado. À medida em que o cliente prova o nosso produto, ele sempre retorna. Isso nos dá uma satisfação muito grande porque temos certeza da assertiva quanto ao direcionamento da marca e ao direcionamento dos nossos produtos”.
A Cuyabana Cervejaria Artesanal promove ainda um despertar cultural não só para os sabores e aromas locais, mas também para as cores e elementos. O objetivo é proporcionar alegria à marca, aos produtos, já que a cultura cuiabana, de forma prática, seja no siriri, cururu, na música, envolve acolhimento.
O Gestor cita a cerveja hop lager, que, ao ser consumida é possível desfrutar de um aroma de manga, como se houvesse a fruta no preparo, mas na verdade a receita produzida pelos engenheiros de alimentos e mestres cervejeiros incluem uma manipulação de ingredientes para entregar essa experiência. O consumo da hop lager proporciona a aromatização do hálito do consumidor.
“A cerveja pilsen lager, que é a mais tradicional e a mais consumida na América Latina, nós procuramos trazer uma receita mais encorpada com os tons de panificação, de torrada. Então, quando você consome, consegue apreciar esses aromas e sabores”, conta.
A cerveja queridinha do público feminino, segundo ele, é a gose, feita de mandioca. “Ela recebe uma infusão do cajuzinho do cerrado e tem uma pegada salinizada no final, então é uma cerveja para quem gosta, por exemplo, do cozumel, pois ela deixa esse sabor no paladar ao final do consumo, além do aroma delicioso de caju”. Dentro da gama de produtos, a Cuyabana tem 7 estilos à disposição, buscando agradar todos os gostos e sabores.
O processo de produção consiste basicamente em cozinhar os ingredientes. A base da cerveja é o malte, que é a cevada, um cereal. A partir daí se inicia o processo de malteação, ou seja, a cevada é torrada e pode obter vários tons, desde mais clara ou até mais escura, de acordo com o processo de malteação.
O mosto passa por um processo de troca de calor, ele sai de uma alta temperatura e vai para o tanque com a temperatura ideal para cada estilo da bebida. É aí que começa de fato produção da cerveja. No tanque será acrescentado a levedura, uma espécie de fermento, portanto um organismo vivo que começa a consumir os carboidratos do mosto, que ainda é um chá que pode ser consumido por qualquer pessoa, pois não possui teor alcoólico.
Só então se inicia o processo de fermentação. Nessa etapa um especialista sommelier de cerveja faz a degustação para identificar se a bebida se enquadra nos índices para cada receita. Na sequência a levedura é retirada do tanque através de um funil e inicia-se o processo de maturação, que dura cerca de 15 dias, totalizando até 23 dias de produção. Após chegar ao ponto ideal para consumo, a cerveja, agora sim, recebe carbonatação de CO2, que ajuda na conservação e é responsável pelo gás da cerveja.
A Cuybana está pronta! Agora é só fazer o envase de acordo com o modelo de comercialização. “Temos barris que podem ser desde 5 litros até 50 litros, de acordo com o estilo. Temos ainda o vasilhame de vidro e o vasilhame pet, que a gente chama de growler”.
A Cervejaria iniciou as atividades com capacidade para armazenar cerca de 28 mil litros. Hoje tem condição de armazenar até de 72000 litros de cerveja. A marca está presente em Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Campo Verde, Lucas do Rio Verde, Tangará da Serra e Diamantino, com projetos de expansão para o interior de Mato Grosso.
A Cervejaria Cuyabana participou, como patrocinador master, do Arraiá do Shopping Estação. O Gerente cita que isso foi resultado da grande aceitação do público em ocasião do Festival da Cerveja Artesanal, onde participou com outras 13 cervejarias. “Entendemos que, em um evento como esse, nós podemos levar a nossa cerveja para um público extremamente eclético, porque nós queremos que todas as pessoas consumam a Cuyabana, queremos que nossos produtos sejam acessíveis a diversos públicos”.
Em junho a fábrica, localizada em Várzea Grande, realizou o primeiro Happy Hour. Cerca de 600 pessoas participaram do evento que contou com 4 bandas, com foco no rock in roll, praça de alimentação, flash tatoo, apresentação de pirofagia, espaço kids. “Trouxemos costela, hambúrguer, caldo, peixe frito, enfim, toda uma comida que é relacionada ao cuiabano, além de outras atrações como beer pong, sorteio de brindes e muito rock in roll”. Leandro finaliza contando sobre um projeto futuro, montar um bar exclusivo para consumir a melhor pedida em uma cidade fervilhante, a cerveja artesanal Cuyabana.
Texto: Milena Vilar