Dados da consultoria, divulgados antes da COP28, apontam que a tecnologia existe e as soluções são conhecidas, mas o financiamento climático não está fluindo no ritmo necessário

“É como se estivéssemos afundando e precisássemos nos locomover muito mais rápido.” A analogia com o Titanic é usada por Ricardo Pierozzi, diretor-executivo e sócio do Boston Consulting Group (BCG), para ilustrar a situação da humanidade na luta contra a crise climática. Segundo ele, “a tecnologia existe e as soluções são conhecidas, mas o financiamento não está fluindo no ritmo necessário.”

Um estudo inédito da consultoria, divulgado nesta semana, aponta que é necessário investir US$ 37 trilhões até 2030 em fontes renováveis, como a eólica e solar. Até o momento, os setores público e privado anunciaram US$ 19 trilhões. Faltam, então, US$ 18 trilhões, considerados cruciais para as empresas atingirem suas metas net-zero e o mundo não ultrapassar o 1,5°C de aquecimento global, definido no Acordo de Paris.

Os dados foram divulgados a poucos dias da Conferência do Clima da ONU (COP28), que começa em 30 de novembro em Dubai. Segundo o BCG, as negociações do evento deveriam focar em como aumentar os investimentos para financiar a transição energética no mundo e expandir o uso de tecnologias limpas.

Da lacuna de US$ 18 trilhões, 90% vêm de gastos industriais e de consumo para reduzir a demanda por energia e emissões (US$ 9,3 trilhões) e de investimentos em energia renovável (US$ 7,8 trilhões). Quando se olha para os investimentos, as empresas de petróleo e gás são as que têm maior capacidade de financiar iniciativas e, do outro lado, as de eletricidade são as que mais precisam de investimentos.

Transição energética mais rápida da história

Atualmente, as emissões do setor de energia somam 34 gigatoneladas e se estipula que podem chegar a até 53 GT até 2050. Cerca de 12% das fontes de energia do mundo são renováveis e há uma necessidade que se atinja de 50% a 70% nos próximos 27 anos.

Se isso realmente acontecer, como é necessário, significaria a transição energética mais rápida da história da humanidade, destacaram os diretores do BCG Arthur Ramos e Ricardo Pierozzi. Enquanto a transição do carvão levou 50 anos e a do petróleo, 35 anos, a terceira transição precisaria de uma velocidade 3 vezes maior do que as anteriores.

Texto: Epoca Negocios