Segundo executivos de companhias premiadas no anuário Época NEGÓCIOS 360º, formato remoto permite incluir profissionais fora dos grandes centrosO modelo de trabalho híbrido é o preferido pelas empresas que foram destaque no anuário Época NEGÓCIOS 360°, segundo CEOs ouvidos pela reportagem durante o evento de premiação, que aconteceu na noite de segunda-feira (04/11) em São Paulo. O modelo é adotado especialmente na área administrativa de companhias como Aegea, Vibra, Alelo, Electrolux, Natura, Bradesco Seguros, BrasilPrev, Rhodia e ArcelorMittal.
“Acreditamos muito nessa conexão entre as pessoas, na importância do escritório, mas também em dar um pouco de flexibilidade. Entendemos que isso traz maior produtividade”, afirma Ernesto Pousada, CEO da Vibra Energia.
“Penso que o melhor é o híbrido, porque a pessoa tem a liberdade de às vezes de trabalhar de casa, mas mantém o contato no dia a dia [presencialmente com a equipe], o que também é importante”, diz Jefferson de Paula, CEO da ArcelorMittal.
“Os resultados que a empresa tem entregado demonstram claramente que [o modelo híbrido] tem sido um sucesso”, afirma Ivan Gontijo, CEO da Bradesco Seguros.
Remoto atrai gente diferente
Empresas como AeC, Alelo e Stefanini apontam como vantagem do trabalho totalmente remoto a possibilidade de atrair talentos de fora dos grandes centros, como São Paulo.
“Estar em home office atrai um público diferente, que consegue conciliar o trabalho com outras atividades, seja cuidar dos filhos ou fazer uma faculdade”, afirma Raphael Duailibi, CEO da AeC.
“O trabalho remoto viabilizou a contratação de gente no Norte, no Nordeste, no Sul, no Centro-Oeste, o que é um diferencial para nós na construção de time”, diz Márcio Alencar, CEO da Alelo.
“A pandemia acabou possibilitando a contratação de profissionais em vários lugares onde a gente não contratava”, conta Marcelo Ciasca, CEO da Stefanini Brasil. Segundo ele, hoje a empresa tem 40 mil funcionários em 41 países. “Atualmente, no Brasil, existem mais de mil cidades onde temos pessoal contratado, mas não temos escritórios.”
Desafio é manter a cultura
Alguns executivos ouvidos pela reportagem apontaram como principal desvantagem do trabalho remoto ou híbrido a perda de cultura da empresa. Um exemplo é a CPFL, explica o CEO, Gustavo Estrella. “Após a pandemia, a gente teve uma perda de cultura grande com o trabalho híbrido. Por isso, a gente achou melhor todo mundo voltar ao presencial”, diz ele.
“Nós estamos sentindo que há uma perda de cultura quando você fica muito no formato híbrido ou no online”, afirma Daniela Manique, CEO da Rhodia. “Portanto, aos poucos, estamos tentando trazer as equipes [ao presencial] para que a cultura volte a ficar mais forte dentro da empresa.”
A perda de cultura durante o trabalho 100% remoto também foi sentida por João Paulo Ferreira, CEO da Natura. “Muito das nossas crenças, da forma de tomar decisão, da forma de trabalhar, é aprendido por meio de observação. Não há manual que possa transmitir exatamente como as nossas visões são aplicadas na prática”, diz Ferreira.
Combinação de modelos
Especialmente quando há operação industrial ou atuação presencial junto a clientes, as empresas mesclam diferentes modelos de trabalho, de acordo com a área de atuação de cada profissional.
É o caso da Natura. Os funcionários do escritório vão pelo menos três dias por semana à empresa e ficam dois dias remotos. Nas fábricas e na distribuição, por outro lado, o trabalho precisa ser presencial. Já as 4 milhões de consultoras autônomas são, por natureza, remotas, destaca o CEO, João Paulo Ferreira. “Uma coisa bacana é que a gente tem ao mesmo tempo presencial total, remoto total e híbrido, desde sempre”, diz ele. “Eu acho pouco provável estar 100% do tempo no escritório, embora eu pessoalmente adore. Os nossos funcionários aprenderam a fazer o balanço adequado, e sabem em que momento eles devem estar presentes ou não.”
Outro exemplo é a Tivit, segundo o CEO, Paulo Freitas. “Nós estamos com um terço dos colaboradores trabalhando dentro do escritório full time, outro terço que trabalha dois ou três dias por semana e uma turma que trabalha mais sozinha – advogados que escrevem contratos, programadores que escrevem códigos”, afirma o executivo.
Outra empresa que trabalha com todos os modelos é o Itaú Unibanco. “Tentamos entender muito o perfil da área, as necessidades do cliente e se aquela atividade pode ser desempenhada presencialmente ou de forma híbrida. Todos os negócios comerciais que se relacionam com o cliente já voltaram para o presencial há muito tempo. As agências nunca saíram do presencial, nem na época mais dura da pandemia. As outras áreas – tecnologia, produtos, operações, áreas de finanças – dependem muito da atividade desempenhada”, diz Milton Maluhy Filho, CEO do banco. “A gente acredita, sim, no modelo flexível e tem trabalhado com o modelo em que as pessoas têm liberdade.”