Segundo os desenvolvedores, 42% do edifício de 50 andares será construído em madeira; torre terá mais de 200 apartamentos e promete ser carbono negativo
A Austrália Ocidental poderá em breve abrigar o edifício de madeira mais alto do mundo, depois que as autoridades de Perth deram luz verde aos planos para uma torre “híbrida” de 191,2 metros de altura construída com madeira maciça.
Na quinta-feira (5), o Painel de Avaliação de Desenvolvimento Conjunto do Metrô Interior-Sul (JDAP) de Perth aprovou a proposta da Grange Development para o arranha-céu, atualmente apelidado de edifício C6, que teria quase o dobro da altura do atual detentor do recorde.
Os desenvolvedores afirmam que 42% da torre proposta será construída em madeira, com colunas e núcleo em concreto armado.
Se concluído, o arranha-céu ultrapassará o edifício híbrido de madeira e concreto mais alto do mundo, a torre Ascent, em Milwaukee, no Wisconsin, EUA, que tem 25 andares ou 86 metros, de acordo com o Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano.
A estrutura proposta, localizada na Charles Street, em South Perth, também será mais alta do que a futura sede da Atlassian híbrida em madeira em Sydney, que está prestes a reivindicar o recorde da Ascent, mas ainda não foi concluída.
Assim como a Atlassian, a proposta torre C6 combinará vigas de madeira laminada com um exoesqueleto de aço para suportar a estrutura.
De acordo com a Grange Development, a torre de 50 andares conterá mais de 200 apartamentos e será o primeiro edifício residencial carbono negativo da Austrália Ocidental.
“A intenção do C6 sempre foi, em sua essência, uma proposta direta”, disse o diretor da Grange Development, James Dibble, em nota à imprensa. “Nossa aspiração com o C6 é mudar o foco para uma abordagem mais consciente do clima”.
A torre utilizará 7.400 metros cúbicos de madeira colhida de 600 árvores, segundo Grange.
“Não podemos cultivar concreto”, disse Dibble em uma proposta apresentada às autoridades de Perth, chamando o plano de “um novo projeto de código aberto que utiliza metodologia de construção híbrida para compensar o carbono em nosso ambiente construído, que é o maior contribuinte para as mudanças climáticas”.
“Esta é a nossa oportunidade de afirmar que nos preocupamos genuinamente tanto com a crise imobiliária que enfrentamos como com a crise climática pela qual estamos fazendo muito pouco como indústria”, acrescentou.
Além de usar madeira, o plano de Grange também inclui recursos verdes, como um jardim na cobertura, uma fazenda urbana e acesso dos residentes a 80 novos Tesla Model 3 totalmente elétricos.
Philip Oldfield, professor associado de arquitetura e chefe da Escola de Ambiente Construído da Universidade de Nova Gales do Sul, disse à CNN que acha que, do ponto de vista ambiental, o projeto tem “fortes credenciais”.
“Normalmente construímos edifícios altos de aço e concreto. O cimento é responsável por 8% de todas as emissões de CO2. Portanto, ao substituir o concreto e o aço por um biomaterial como a madeira, o impacto ambiental do edifício será bastante reduzido”, disse Oldfield.
No entanto, ele expressou ceticismo sobre algumas das outras afirmações do desenvolvedor.
“Sou um pouco mais cínico quanto à ideia de que é carbono negativo”, disse Oldfield. “A única maneira de ser carbono negativo seria se o edifício armazenasse mais carbono na madeira do que foi liberado (pelos) outros materiais. Isso pode ser possível, mas sempre será temporário”.
Mesmo assim, Oldfield está otimista quanto ao uso crescente de madeira na construção.
“No geral, acho que é um grande avanço”, disse ele. “Precisamos construir muito mais edifícios com madeira”.
Texto: CNN Style