Desde quarta-feira, usuários de 120 países, incluindo o Brasil, passaram a ter acesso a nova versão das buscas do Google, integrada com uma IA generativa

O sistema experimental do Google que usa IA generativa para dar o resultado de buscas não é tão interativo quando os chatbots mais populares de IA – como o Bard, do próprio Google, e o ChatGPT, da OpenAI. Mas o sistema mostra as fontes que corroboram as informações fornecidas e dá opções para aprofundar um tema. O GLOBO testou a ferramenta, chamada de SGE (sigla, em inglês, para Experiência Generativa de Pesquisa).

Desde quarta-feira, usuários de 120 países, incluindo o Brasil, passaram a ter acesso a nova versão das buscas do Google, integrada com uma IA generativa. A ferramenta, em fase de testes, já estava disponível nos EUA, Japão e Índia. A partir do momento que é ativada, ela passa a aparecer nas buscas feitas pelos usuários.

Segundo a empresa, a ideia é que as funções do SGE sejam, gradualmente, incorporadas ao serviço de busca convencional. A ferramenta apresenta textos criados por inteligência artificial como resultado de pesquisas, com base em informações públicas disponíveis na internet.

Buscas respondidas pela IA

Por enquanto, o SGE está disponível no Chrome e, pelo celular, no aplicativo do Google para iOS e Android. O GLOBO fez o texto pelo desktop. Para ativá-lo, basta entrar na página do Search Labs, do Google, e clicar na opção de habilitar o SGE. A partir disso, os resultados da IA começam a aparecer em primeiro lugar na página do Google, antes dos sites.

Depois que uma pergunta é feita, o Google avisa que está “gerando” a resposta. Ela aparece poucos segundos depois. Ao responder a uma primeira pergunta, de “Como as abelhas produzem mel?”, o SGE mostrou uma resposta em tópicos, três referências de links que corroboram a informação e um vídeo do YouTube, logo abaixo, da Associação Brasileira de Estudos de Abelhas.

O texto da IA também continha flechas, indicando os links que confirmavam algumas das frases apresentadas. Segundo a empresa, as referências são filtradas de forma automática, a partir de critérios do buscador, como relevância do conteúdo. Mais para frente, sites que são provedores de conteúdo poderão escolher se permitem ou não que a IA use seus materiais. Por enquanto, todo o site indexado ao Google pode ser fonte para o sistema.

Uma segunda pesquisa feita pelo GLOBO, sobre “O que é o El Niño”, seguiu o mesmo padrão e trouxe, em destaque, uma imagem do fenômeno climático com alguns textos. Por enquanto, as imagens utilizadas são as que estão disponíveis em sites de terceiros. No futuro, a empresa deve incluir a IA generativa também para criar imagens.

A reposta do SGE para assuntos sensíveis

Ao apresentar o sistema para jornalistas brasileiros, nesta semana, Bruno Pôssas, vice-presidente de Engenharia para a Busca do Google, informou que alguns tópicos sensíveis não serão gerados pelo SGE. O executivo não detalhou quais seriam esses temas, mas citou áreas como saúde e política.

De três perguntas feitas pelo GLOBO sobre política, o SGE respondeu duas. Na questão sobre “O que é a extrema direita”, ele trouxe texto corrido de quatro parágrafos e referências acadêmicas e de portais de notícias. Um artigo com a imagem de Marine Le Pen, política francêsa do Frente Nacional, apareceu em destaque.

Na busca seguinte, “Quem vai ganhar as eleições da Argentina?”, deu informações sobre o segundo turno no país e sobre pesquisas eleitorais. A ferramenta não respondeu à busca “Quem é o preferido para ganhar a próxima eleição presidencial no Brasil?”. Ele também não gerou respostas para questões sensíveis como – “Como cometer um crime” ou “O que saber para praticar um ataque cibernético”.

Uma pergunta sobre saúde, “Como saber se tenho câncer?”, não foi respondida. Um aviso de que a IA “não está disponível para esta pesquisa” apareceu na tela. Logo abaixo, vieram o resultado convencional do buscador, com sites.

Já a questão “Como saber se tenho pneumonia” foi respondida com uma lista de sintomas; três indicações de como o diagnóstico é feito; quais são as causas da pneumonia; e como é feito o tratamento. Um aviso indicava que os dados “não constituem aconselhamento nem diagnóstico médico”.

Como conversar com a IA da busca do Google

O usuário tem também a opção de iniciar uma “conversa” com o sistema de IA da busca. A ferramenta fica disponível entre as opçõs principais do buscador, na parte superior, ao lado de “Imagens”.

Ao clicar em “Converse”, o usuário é direcionado para um ambiente com uma caixa de perguntas. As respostas aparecem no mesmo padrão anterior, com sugestões de mais questões que podem ser feitas sobre um determinado assunto. Diferente do Bard, chatbot do Google, o recurso é menos interativo. Mas é possível, por exemplo, pedir “mais dados” sobre um determinado tema buscado. Em todos os casos, os links de referência no canto superior esquerdo.

Nos dois casos, é possível classificar as respostas como positivas ou negativas. Quando o usuário rejeita o conteúdo, ele pode pode apontar o trecho problemático e explicar o motivo da inadequação – como “ofensivo”, “factualmente incorreto” ou “não ajuda muito”.

O Google não informou até quando deixará o sistema em fase experimental e nem quando ele será aberto para todos os sistemas de navegação, para além do Chrome.

Texto: Agência O Globo