terça-feira,26 novembro, 2024

Terapia genética restaura visão perdida por doenças degenerativas

Em um estudo publicado no início deste mês na revista Proceedings of The Nationcal Academy os Sciences, cientistas da Universidade de Montreal, no Canadá, relatam uma nova técnica que se mostrou promissora para reverter a perda de visão em pacientes com deficiência visual hereditária.

A terapia se baseia na expressão de genes que convertem células inativas em novas unidades fotossensíveis na retina. A degradação dessas células sensíveis à luz, que ocorre em algumas doenças genéticas, como a retinite pigmentosa, tem como causa algumas mutações genéticas que afetam diretamente a produção de certas proteínas chave para o funcionamento da retina.

O resultado é uma perda visual do paciente ao longo tempo, desde a perda da capacidade de perceber cores (discromatopsia) e redução da visão periférica (efeito túnel) até a cegueira total, em casos mais graves.

Como funciona a terapia genética que restaura a visão?

Para testar suas teorias, os pesquisadores centraram suas investigações nas chamadas células de Müller, uma forma de glia (unidades do sistema nervoso) que fornece suporte estrutural para os neurônios na retina. Embora essas neuróglias possam ser regeneradas naturalmente em peixes, o mesmo não ocorre com os mamíferos.

Conforme a primeira autora do estudo, Camille Boudreau-Pinsonneault, ao examinar uma série de sequências de DNA capazes de desbloquear essa regeneração em humanos, “identificamos dois genes que, quando expressos nessas células inativas chamadas células de Müller, podem convertê-las em neurônios da retina”: o Ikzf1 e o Ikzf4.

O ensaio de triagem para fatores de reprogramação de glias de Müller mostrou que a expressão combinada de genes Ikzf1 e Ikzf4 pode “reprogramar fibroblastos embrionários de camundongos para neurônios induzidos em cultura, remodelando rapidamente a cromatina e ativando um programa de expressão gênica neuronal”, diz o estudo.

Quais as implicações da nova terapia genética?

Apesar de várias abordagens atuais, como a terapia gênica, oferecerem alguma esperança para retardar ou bloquear a perda de células fotorreceptoras na retina, o tratamento proposto inova ao propor a restauração das células já perdidas, o que pode ser particularmente útil para pacientes em estágios avançados da doença degenerativa.

Animados com o sucesso da pesquisa, os cientistas planejam agora aperfeiçoar a técnica e desenvolver uma forma de obter a maturação completa das células nos fotorreceptores de cone (células da retina), com o objetivo de restaurar a visão com as “células que normalmente estão presentes na retina”, diz Ajay David, coautor do estudo.

Fonte: Tec Mundo

Redação
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