A TeoriaVerde é a startup de educação ambiental e comunicação que nasceu em Cuiabá no ano de 2015. O projeto realiza ações de limpeza, consultoria Lixo Zero, capacitações, palestras e campanhas com o objetivo de mobilizar e educar a população sobre as causas ambientais. Além de tudo, também é ela que coordena a Rede de Reciclagem e Inovação de Mato Grosso.
O diretor, Jean Peliciari, conta que a Teoria Verde nasceu como um projeto de comunicação para desenvolver conteúdos de educação ambiental. Atualmente já foram realizadas 137 ações de limpeza com 32 municípios conectados à causa. “As ações de limpeza são de diferentes formatos, desde praças, Morro da Luz, avenidas, margens do rio Cuiabá, cachoeira em Chapada dos Guimarães, e até mesmo ações de limpeza no Pantanal, tanto pela Transpantaneira quanto nas baías descendo Barão de Melgaço”, conta Jean, que começou o projeto tendo como motor propulsor sua formação em publicidade e o desejo de promover educação ambiental de base.
De início eram feitas campanhas para mobilizar voluntários a participar das ações de e com o passar do tempo surgiu a necessidade de levar a educação ambiental para dentro das escolas, instituições públicas e empresas privadas. Assim iniciaram as palestras educativas e logo depois se conectaram ao Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB).
O ILZB é uma organização sem fins lucrativos pioneira na disseminação do conceito Lixo Zero no Brasil. Cita-se que Lixo Zero é: “uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudar seus modos de vidas e práticas de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis, onde todos os materiais são projetados para permitir sua recuperação e uso pós-consumo.”
Associar-se à organização mudou a forma de ver o meio ambiente, transformando a percepção da importância da coleta seletiva e reciclagem. “O lixo no chão é um problema final e a gente precisa trabalhar a educação de base e motivar a separação e encaminhamento do lixo e fazer o mercado evoluir nesse sentido”, explica o diretor.
No Brasil existem cerca de 1.700 aterros sanitários e inúmeros lixões. Ainda é comum termos a ideia de que o problema do lixo acaba quando ele sai de nossas casas, mas é nesse momento que, sem a coleta seletiva e posterior reciclagem, que o problema impacta o meio ambiente. “O lixo enterrado ou despejado nos lixões gera um chorume que infiltra no solo e contamina os lençóis freáticos, além de gerar gás metano, que influencia no efeito estufa e no aquecimento global”.
Jean reforça a importância de mudar esse hábito imediatamente. Para ele, não podemos esperar a coleta seletiva chegar às nossas casas, é preciso agir, por isso, em parceria com o Supermercado Comper, Instituto Lixo Zero Brasil, Tudo Se Transforma, e Água Mineral Lebrinha, a Teoria Verde implantou o sistema de ecopontos para aqueles que almejam fazer a coleta seletiva, mas têm dificuldade de encaminhar o lixo para a reciclagem.
Os ecopontos Lixo Zero ficam localizados no Comper do bairro Jardim Itália e na Federação da Indústria Fiemt, na Avenida do CPA. Também será inaugurado um na empresa Tecnovida do Jardim Cuiabá. “O objetivo é chegarmos a no mínimo 10 ecopontos em Cuiabá e de 5 a 10 em Várzea Grande. Cada ecoponto tem potencial de gerar até dois empregos para agentes de reciclagem”, lembra o diretor da startup.
A primeira campanha organizada pela Teoria Verde foi a Leve, focado em comunicação e mobilização. O objetivo é fornecer local de entrega voluntária de eletrônicos que são reciclados e todo o lucro é doado para o Hospital de Câncer de Mato Grosso. A campanha está na quinta edição. Já foram destinados 180 mil para a causa.
Uma lei vigente nos municípios de Cuiabá e Várzea Grande regulamenta a coleta de óleo vegetal usado. Daí surgiu a campanha Levo, que além ajudar na preservação do meio ambiente, reverte o dinheiro para as escolas que participam. Funciona da seguinte forma: a escola que possuem ponto de coleta de óleo e recebem dinheiro por arrecadação, e esse dinheiro é usado para excussões escolares, reforma de pintura, passeios, eventos, etc.
O óleo vegetal é enviado para a Biomavi Recicláveis, que transforma óleos e gorduras residuais em biocombustível. Em Várzea Grande 13 escolas participam da campanha e em Cuiabá 19 participam com o apoio da Águas Cuiabá. “Em Sorriso 100% das escolas participam, esse também é o caso de Marcelândia. Em Sinop 5 escolas já aderiram”, conta o publicitário.
A Teoria Verde também é o elo que une a Rede de Reciclagem e Inovação de Mato Grosso, composta por 15 empresas. A rede está ajudando o estado a se desenvolver no segmento da reciclagem e tratamento de resíduos. Cada empresa é especialista em um segmento. A Canaã Recicláveis e Tudo se Transforma recicla plásticos, papelão e papel e também faz a logística reversa dos reciclados. A ecoDescarte é especialista em eletrônicos, eletrodomésticos, equipamentos de informática, fios e cabos, e por aí vai. O Pantanal Shopping possui coleta de bitucas de cigarro, que são enviadas para a Poiato Recicla, no interior de São Paulo. A Usina é primeira especialista em reciclagem de bitucas de cigarros do Brasil e também faz parte da Rede.
Jean Peliciari relata ainda sobre um serviço novo ofertado pelo Teoria Verde; a consultoria Lixo Zero, feita com o objetivo de receber a certificação Lixo Zero. “Quando uma empresa consegue reduzir a sua geração de lixo, olha para os resíduos como recicláveis, consegue encaminhá-los ou fazer um tratamento correto com 90% ou mais do que gera, ela recebe a certificação Lixo Zero, que está sendo bem vista no país”, conta.
Ele conta ainda que o certificado Lixo Zero é visto com bons olhos pelas empresas, ainda que timidamente, devido à tendência recente de aderir ao conceito ESG, que nada mais é do que sustentabilidade empresarial, práticas ambientais, sociais e de governança de um negócio que acompanham a mudança de consciência humana de cuidar do meio ambiente.
Texto: Milena Vilar