sábado,23 novembro, 2024

Tecnologia desenvolvida na USP é capaz de examinar olhos com celular e tornar procedimento mais acessível

A USP de Ribeirão Preto (SP) desenvolveu uma tecnologia capaz de fazer exames nos olhos com celular e tornar o procedimento mais acessível.

Os pesquisadores criaram um dispositivo capaz de unir o aparelho de celular e as lentes usadas pelos oftalmologistas para analisar a saúde dos olhos dos pacientes, segundo o médico Rodrigo Jorge, um dos idealizadores do projeto.

“Com a luz do próprio celular ou com a luz auxiliar do dispositivo nós conseguimos fotografar tanto as estruturas da frente do olho, córnea, conjuntiva, cristalina, que é a lente, como estrutura no fundo do olho, nervo ótico, retina, vasos da retina”, explica.

Dispositivo criado pela USP Ribeirão Preto para fazer exames nos olhos de forma mais acessível — Foto: Divulgação/USP
Dispositivo criado pela USP Ribeirão Preto para fazer exames nos olhos de forma mais acessível — Foto: Divulgação/USP

A ideia foi patenteada e o estudo que comprova a eficácia do método já está publicado em uma revista científica internacional.

Uma empresa parceira dos pesquisadores aprimorou a ideia e vai comercializar o dispositivo em breve, de acordo com o médico Carlos Borges, que participou do desenvolvimento da tecnologia.

“A patente já foi depositada, já foram feitas as pesquisas que comprovam a eficácia do dispositivo. Ele funciona e é bom o suficiente para detectar algumas doenças nesse exame. Agora está na fase de colocar no mercado mesmo. Aí a empresa parceira que vai começar a comercializar em breve”.

Dispositivo criado pela USP Ribeirão Preto para examinar olhos de pacientes com celular — Foto: Reprodução/EPTV
Dispositivo criado pela USP Ribeirão Preto para examinar olhos de pacientes com celular — Foto: Reprodução/EPTV

A ideia

A ideia do novo produto surgiu quando Carlos e o médico Igor Teodoro eram alunos da USP em Ribeirão Preto. Durante uma aula, enquanto os universitários debatiam um projeto de pesquisa, o dispositivo foi pensado.

Em dois meses o protótipo estava pronto e em um ano a estrutura foi feita após parceria da USP com o setor privado.

“Durante o processo, eu o Carlos e o professor, tivemos a ideia de criar um dispositivo para unir essas duas partes: o celular e a lente. De modo a facilitar que o operador treinado pudesse fazer esse exame, que é de alto custo, restrito a alguns hospitais, centros médicos com mais tecnologia, de modo a levar isso com regiões de menor infraestrutura”.

Tecnologia da USP Ribeirão Preto permite captar imagens dos olhos e realizar exames pelo celular — Foto: Reprodução/EPTV

O dispositivo

Para funcionar, não é necessário que o médico instale um aplicativo no celular, nem que o aparelho esteja ligado na energia. Apenas com a câmera e a lanterna é possível fazer o exame. As imagens posteriormente, são enviadas pela internet para emissão dos laudos.

No dispositivo há um espaço para prender o celular e apontar a lente da câmera para a lente usada nos exames, que é a mesma utilizada no retinógrafo, equipamento presente em hospitais de ponta e em clínicas oftalmológicas.

“A gente tem a parte que fixa o celular, outra que fixa a lente e outra que conecta essas duas estruturas. Com isso, a gente consegue permitir que um operador com um pouco de treinamento consiga fazer o exame, principalmente a retinografia, exame do fundo de olho para detectar uma série de doenças, em qualquer local, sem a necessidade de energia elétrica, de infraestrutura maior”, explica Igor.

Para o médico Carlos Borges, o benefício do novo aparelho é a praticidade em dar os diagnósticos ao paciente de forma precoce, facilitando o tratamento da doença.

“Quando você tem um diabético em uma unidade básica de saúde que queixa que a visão está piorando, o tempo até ele passar por uma avaliação oftalmológica e ter um diagnóstico de algum problema relacionado à retinopatia diabética é muito prolongado. Como eles não conseguem fazer um exame, dá um diagnóstico, uma suspeita para encaminhar com direcionamento feito, esse tempo é prolongado e atrasa o tratamento. Não só é sentido no ponto de vista econômico, mas da saúde mesmo, com relação ao tratamento mais precoce e à tentativa de redução de prejuízo ao paciente”.

Os médicos Igor Teodoro e Carlos Borges, da USP Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV
Os médicos Igor Teodoro e Carlos Borges, da USP Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV

Por: Susana Berbert, EPTV 1

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