Em colaboração com a empresa francesa de fermentação microbiológica Lallemand SAS, por meio de Acordo de Cooperação Técnica, a nova tecnologia desenvolvida tem o diferencial de utilizar bactérias de ácido láctico que melhoram a estabilidade aeróbia da forragem ensilada, o que impacta na conservação e durabilidade desse material.
As bactérias Lactobacillus hilgardii cepas Sil 51 (CCMA 0170, agora chamada CNCM I-4784) e SIL 52 (agora chamada CNCM 1-4785) foram isoladas e purificadas da silagem de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) e demonstraram, entre outras características, essa capacidade de aumentar a estabilidade aeróbia da silagem. Essa estabilidade leva à redução do crescimento de microrganismos indesejáveis como mofos e leveduras, reduzindo as perdas de matéria seca.
Os responsáveis pelo estudo são as professoras da UFLA Rosane Freitas Schwan, do Departamento de Biologia (DBI/ICN), Carla Luiza da Silva Ávila, do Departamento de Zootecnia (DZO/FZMV), e o professor aposentado José Cardoso Pinto. A tecnologia desenvolvida (as cepas identificadas como inoculantes para silagem e o método de uso destes inoculantes) está apta para ser transferida para o ambiente comercial e tem potencial para o mercado de inoculantes. “A tecnologia trata de uma forma de utilização de uma espécie ainda não utilizada comercialmente, sendo uma cepa selecionada especificamente para a silagem e que mostrou maior eficiência. Para o mercado, representa uma nova geração de um produto que foi extensivamente estudado e comprovado antes de ser utilizado. Existem poucos grupos de pesquisa no mundo que atuam na seleção criteriosa de inoculantes para silagem”, esclarece a professora Carla.
A nutrição adequada do gado, seja na pecuária leiteira ou de corte, é um dos pontos que mais preocupam o pecuarista. A ensilagem, prática de conservação de forragens mais utilizada mundialmente, importante para a pecuária brasileira e mundial, surge como solução para adequar o alimento às exigências dos animais e garantir disponibilidade de alimento o ano todo.
No processo, a forragem verde é cortada, compactada e protegida com a vedação do silo. A criação de um ambiente ausente de gás oxigênio, favorável para fermentação e produção de ácido lático, resulta na queda do pH e, assim, é inibido o crescimento de microrganismos deterioradores indesejáveis, bactérias ou fungos. Graças ao controle da fermentação, a perda nutricional é pequena e o material produzido é conservado por maior período de tempo.
O projeto se iniciou em 2005, como projeto de doutorado da professora Carla Ávila. O tempo médio para confirmação do resultado obtido na primeira forrageira estudada, de cana-de-açúcar, foi de cinco anos, a partir da qual o efeito foi estudado em outras plantas forrageiras. Porém, o tempo para gerar a tecnologia como está no mercado foi de aproximadamente dez anos.
Conforme informam as pesquisadoras, para os produtores, a silagem mais estável é aquela que permanece mais tempo sem sofrer deterioração após abertura do silo ou em qualquer momento em contato com o oxigênio. Significa uma silagem com menores perdas; essas perdas são perdas do material ensilado (perda de matéria seca), ou perdas na qualidade por crescimento de microrganismos indesejáveis (que causam algum problema) ou produção de compostos indesejáveis, como microtoxinas. Essa atuação propicia também, maior flexibilidade de abertura do silo.
Fonte: Comunicação UFLA